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O Projeto

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Que comunicação é essa? Que sistema de informações se usa, na entrada desse espaço, com um (in)usado descuido de terminar a preposição EM com um "N" teatral, em destaque, entre parênteses? Eis que, de início, nessa apresentação, torna-se problemática a questão comunicacional, exata função a que se destina esse portal. Tratar a questão como descuido é, além de retórico, pois inicial, ingênuo. Desde esse início, como do fechar da claquete esperam-se e decorrem-se as cenas, uma intencionalidade se afigura nesse ato de comunicação. Desfeita essa hipótese, pode-se perguntar: o que se pretende comunicar com tão encenática abertura, com tão disfarçado título?

À comunicação, costuma-se associar, num primeiro momento, um veículo de informações, decorrendo, quase que como sinônimo, a função de informar. Para tanto, o jogo entre letras que forma, numa mesma expressão, palavras diferentes, torna-se desnecessário e, até, contraproducente. Pois, afinal, a Saúde está em cena, está encenando? Suas relações são teatrais ou o teatro, e a expressão artística, produz saúde? Mantido e lançado o trocadilho, coloca-se, portanto, em cena, outra(s) intencionalidade(s) que não apenas essa informacional. No paginar destas folhas magnéticas, ficam claras intenções criativas, que convida o leitor a completar, com sua pincelada, com seu tom (harmônico e dissonante), com suas fotos, com seus escritos, este quadro, esta toada, estas impressões, estes relatos-histórias. Numa tentativa de reunir estas ações numa só, para se fazer a demanda desta apresentação, que é uma síntese do que aqui se intenciona, que lancemos mão da idéia de composição.

A composição transcende a harmonia e a dissonância da seqüência de notas musicais para o posicionamento artesanalmente encaixado da foto, para a mistura fluida e ácida das cores, para parênteses e vírgulas certeiramente deixados na comunicação e para palavras politicamente escolhidas no contar de experiências, de histórias, de vidas. A composição é o que se apresenta, nenhum sentido a transcende, mas quaisquer sentidos lhe podem modificar, criando, assim, composições diferentes, num constante movimento. Que ao leitor, esse título e a proposta deste projeto (des)orientem suas expressões e, por conseqüência, criem diversos outros sentidos que vão além do sintético desta apresentação.

Como uma das instituições pioneiras no ensino superior do Tocantins, o CEULP/ULBRA busca desenvolver a relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão implicada na construção de uma sociedade democrática e que cria discussões que abarquem o respeito à diferença. É com esse objetivo que os cursos de Psicologia, Comunicação Social e Sistemas de Informação propõem a criação do (En)Cena: a saúde mental em movimento, um espaço virtual com a temática da Saúde Mental.

As funções deste espaço englobam o estímulo à produção acadêmica, o fomento às discussões de relevância social ao território em que circula, estimulando, portanto, a pesquisa e o ensino direcionados à Saúde Mental. Outra função da proposta é a de valorizar e incentivar a produção escrita do conhecimento, alicerçada pelas práticas e experiências dos serviços de Saúde Mental, enfatizando a importância desse campo como produtor de práxis.

Apesar de o (En)Cena voltar-se para um tema específico, o da Saúde Mental, ele também permite refletir sobre uma ampla gama de assuntos e experiências uma vez que dessa temática subentende-se um conhecimento transdisciplinar que extrapola as disciplinas mais comumente a ela ligadas, abrindo espaço para além do campo da saúde, para além das disciplinas da saúde.

Redação de Victor Melo - idealizador do projeto e professor de Psicologia CEULP?ULBRA