Arquitetura e Urbanismo - 1ª Viagem à Europa
O curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres realizou sua primeira Viagem de Estudos à Europa, percorrendo três importantes cidades - Londres, Barcelona e Paris, que, além de reunirem significativo patrimônio histórico edificado e ícones da arquitetura contemporânea, são modelo de planejamento e desenho urbano bem-sucedidos. Os acadêmicos permaneceram no velho continente entre os dias 15 e 27 de outubro.
Tendo como objetivo principal o desenvolvimento do olhar arquitetônico e urbanístico e a ampliação do repertório formal, o caráter didático desta Viagem de Estudos é inestimável. Especialmente para o curso de Arquitetura e Urbanismo, que possui como foco a organização do espaço físico nas diferentes escalas e cuja prática precisa depende da compreensão das obras referenciais, abundantes em solo europeu. Em paralelo, a Viagem de Estudos propiciou o contato com sistemas exemplares de infraestrutura urbana e transportes, até mesmo pela passagem por aeroportos modelares.
A viagem proporcionou, também, a vivência do cotidiano das cidades, e a imersão nas peculiaridades das culturas inglesa, espanhola e francesa, desafiando os participantes, inclusive, a se comunicarem em diferentes idiomas. Por fim, a empreitada internacional permitiu analisar o papel do Arquiteto e Urbanista na qualificação do ambiente construído e as variações na formação profissional, especialmente pelo contato com profissionais e instituições de ensino locais.
O grupo, composto por doze pessoas, foi conduzido pela coordenadora do curso, Thaís Menna Barreto, responsável pela elaboração do roteiro e respectivas explanações teóricas. A equipe de professores responsáveis pela missão internacional foi composta também pela coordenadora adjunta, Bianca Breyer Cardoso; e pelos professores e engenheiros Breno Clezar Junior e Moisés Vitoreti. Além dos professores, o grupo foi composto por cinco alunos de diferentes etapas do curso, um estudante de Sistemas de Informação e duas arquitetas egressas do curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA Torres. Antes da viagem, foram realizadas sessões preparatórias, com aula ministrada pelo professor Guilherme de Almeida, oferecendo uma compreensão prévia das cidades visitadas e do panorama histórico pontuado pelos ícones arquitetônicos.
Confira o roteiro e os ricos detalhes apresentados pela professora Bianca Breyer Cardoso:
O roteiro de estudos teve início em Londres, metrópole cosmopolita que abriga um dos principais centros financeiros mundiais e alia exemplares do patrimônio da humanidade a edifícios referenciais em alta tecnologia e sustentabilidade. Após desembarcar no Heathrow - aeroporto mais movimentado do mundo, o grupo rumou para a London Eye, roda-gigante situada às margens do rio Tâmisa, que possibilita uma vista aérea de toda a cidade, visitando, logo em seguida, o conjunto composto pelo Palácio de Westmister, que abriga a sede do parlamento britânico e o famoso relógio do Big Ben em uma de suas torres, e pela Abadia de Westminster, igreja gótica sede das coroações reais. Já no segundo dia na capital britânica, o trajeto começou com uma visita ao The Mall, a partir do Admiralty Arch, passando por dois importantes parques urbanos, o St. James e o Green Park, que culminou no Palácio de Buckingham, residência oficial da rainha. No retorno, parada na Trafalgar Square e visita à National Gallery, pinacoteca que inclui obras de Da Vinci, Boticelli, Rembrandt, entre outros, cujo projeto de ampliação é de autoria do arquiteto pós-modernista Robert Venturi. Logo após, visita ao British Museum, museu de história mundial alvo de intervenção do arquiteto Norman Foster que reúne importantes peças da arquitetura antiga, com destaque para fragmentos do Partenon de Atenas. Para encerrar o dia, o grupo foi ao espetáculo musical Let It Be, show cover dos Beatles encenado no Savoy Theatre, casa de espetáculos do século XIX. O último dia em Londres foi marcado pela visita à Tower of London, importante guardiã de parte da história londrina, pelo passeio pela London Bridge, ponte pioneira na utilização de estrutura metálica, e o percurso por importantes edifícios contemporâneos, com destaque para o Lloyd´s Building, do arquiteto Richard Rogers, a torre Swiss Re Headquarters e o London Authority Headquarters, que inclui a prefeitura municipal, ambos de autoria de Norman Foster. A estadia na capital londrina se encerrou justamente com a visita ao escritório Foster+Partners, onde o grupo foi recebido pela arquiteta gaúcha Miriam Dall´Igna e pode compreender o funcionamento de uma das principais empresas de arquitetura do mundo, que conta com sede em diferentes países e, apenas em Londres, possui mais de mil funcionários. Os créditos desta visita são das irmãs Carnevalli, a arquiteta Karina e a estudante Kamila, que acionaram contatos familiares para realizar o agendamento. Finalizando a noite, um rápida passagem pela Sant Paul´s Cathedral, a Millenium Bridge, de autoria de Foster+Partners, a Tate Modern, projetada pelos arquitetos Herzog e De Meuron, e o Shakespeare Global Theatre.
A chegada em Barcelona foi marcada pela passagem pelo novo terminal aeroportuário, projetado pelo arquiteto Ricardo Bofill, e pelo passeio noturno pela Rambla, espécie de calçadão que concentra a movimentação do centro da cidade. No segundo dia, o itinerário começou pelo Passeig de Grácia, via característica da intervenção urbanística de Ildelfons Cerdá no chamado Eixample. Logo após, o grupo visitou as mais significativas obras de Gaudí - a Casa Milá, que abriga museu sobre o arquiteto, o Park Guell, que oferece vista de toda cidade, e o Templo da Sagrada Família, obra-prima inconclusa. O roteiro incluiu ainda o Pavilhão Barcelona, ícone da arquitetura modernista projetado por Mies Van Der Rohe por ocasião da exposição de 1929, exemplar pela precisão e o detalhamento. Encerrando o dia, o grupo percorreu as instalações do Museu de História de Barcelona, que revelam aspectos significativos da evolução urbana da cidade. O último dia em Barcelona começou com uma importante visita ao Institute for Advanced Architecture of Catalonia, o IAAC, centro de pesquisa referência na atuação multiescalar e no desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, que oferece cursos de mestrado e programas de aperfeiçoamento educacional, onde o grupo foi recebido pela coordenadora acadêmica Silvia Brandi e pela coordenadora de relações comunitárias Luciana Asinari, responsável por firmar convênio de cooperação com a ULBRA. Após almoço na Plaça Reial, no coração do Bairro Gótico, o grupo visitou a Catedral de Barcelona, construída do século XIII ao XV sobre a antiga catedral românica, e o Colégio de Arquitectos da Catalunya - o COAC, principal órgão de representação profissional. O roteiro se encerrou com passeio pela orla do Mediterrâneo, em percurso realizado de bicicleta do Port Vell à Barceloneta.
Em sua última escala, na capital francesa, o grupo percorreu já na chegada o Parc de La Vilette, exemplar parque urbano projetado na década de 80 por Bernard Tschumi que abriga, entre outros edifícios, a Cité de La Musique, projeto de Christian de Portzamparc. A primeira noite em Paris foi marcada pela visita à basílica da Sacre Coueur, localizada no ponto mais alto da cidade, e jantar no charmoso bairro do Montmartre. O segundo dia na França foi dedicado à cidade de Versailles, onde o grupo foi recebido pelo arquiteto brasileiro Kleber Pinto da Silva, professor há mais de 15 anos na Université de Versailles, que possui convênio de cooperação internacional com a ULBRA. A recepção do Professor Kleber foi fantástica, não apenas por sua hospitalidade, mas sobretudo pela disponibilidade em explanar acerca da evolução urbana da planejada Versailles, criada para abrigar a sede do poder político de Luís XIV, revelando ao grupo as nuances de um conjunto urbano muito rico, preservado pelo patrimônio da humanidade, que acaba em segundo plano diante da grandiosidade do Palácio de Versailles, destino quase exclusivo da maioria dos turistas. Após o trajeto pelas ruas do centro histórico, o grupo finalmente ingressou nas instalações do palácio e pode percorrer os jardins assinados por André Le Nôtre, maior paisagista do barroco francês, desfrutando de um café às margens do Grand Canal. No retorno à Paris, uma breve visita ao Centre de la Mode et du Design, intervenção contemporânea assinada por Jakob + Mac Farlane nas antigas docas às margens do Sena. O terceiro dia se iniciou com outra significativa visita, a um dos ícones do modernismo, a Ville Savoye, residência projetada por Le Corbusier na cidade de Poissy, em 1931, que funda as bases do movimento ao ostentar os cinco pontos da arquitetura moderna em sua composição. No retorno à Paris, uma passagem à Fundação Cartier, projeto de Jean Nouvel celébre pela integração com a natureza propiciado pela utilização de planos e peles de vidro, e visita ao Museu Rodin, situado no antigo Hôtel Biron e seus jardins, que abriga esculturas do próprio artista e de Camille Claudel. Logo após, o grupo percorreu os Invalides, que abriga o Museu da Armas e o túmulo de Napoleão Bonaparte. Ao entardecer, a chegada ao Champs de Mars, espaço público aos pés da Torre Eiffel antecipou a subida que, após longa fila, foi coroada pela vista panorâmica noturna, que permitiu uma aula sobre a evolução urbana e, especialmente, sobre o plano urbanístico de Haussmann, com direito a um brinde a 300 metros de altura. O quarto dia foi destinado ao grande eixo La Defense - Louvre, iniciando a visita pelo moderno centro financeiro de Paris, emoldurado pelo Grande Arche de La Defense, inaugurado por ocasião do bicentenário da Revolução Francesa simbolizando uma janela aberta ao mundo na região que abriga uma série de edifícios contemporâneos. Logo após, o grupo subiu ao Arco do Triunfo, de onde foi possível avistar, agora em panorâmica diurna, os grandes boulevards de Haussmann e o perfeito alinhamento entre La Defense e o Museu do Louvre. Seguindo o percurso pelo eixo da Champs Elysées, o grupo avistou o Petit e o Grand Palais, a Place de La Concorde e o Obelisco, seguidos do Jardin des Tulleries, também projeto de Andre Le Nôtre, antes de ingressar no museu. Já no interior do Louvre, o grupo teve oportunidade não apenas de contemplar o vasto acervo artístico distribuído nas galerias Denon, Sully e Richelieu, que inclui a famosa Monalisa de Da Vinci, mas também pode visualizar a intervenção do arquiteto I.M.Pei, responsável por projetar a emblemática Pirâmide que dá acesso ao museu e articula suas galerias. O último dia em Paris começou com a visita à Catedral de Notre Dame, erguida na île de la cité em estilo gótico com reminiscências do românico, cujo restauro pós revolução foi coordenado pelo arquiteto Viollet-le-duc. Em seguida, o grupo se deslocou até a Ópera de Paris, importante equipamento público do período da intervenção haussmaniana projetado por Tony Garnier, onde pode conhecer além das instalações da casa de espetáculos, a arrojada intervenção da arquiteta Odile Decq em seu restaurante. Saindo da Ópera, o grupo visitou as instalações do Musée des Égouts, situado nas galerias subterrâneas por onde passa toda infraestrutura da cidade, que revela o cuidado com a infraestrutura urbana e além de minúcias do sistema de tratamento e drenagem criado no final do século XIV. Em seguida, o grupo realizou visita ao Instituto do Mundo Árabe, centro cultural contemporâneo projetado por Jean Nouvel notável por aliar símbolos da arquitetura árabe à alta tecnologia nos painéis que lembram os tradicionais muxarábis e funcionam como diafragmas sensíveis à luz solar. No local, foi possível ainda contemplar o projeto da arquiteta Zaha Hadid para o pavilhão de exposições encomendado pela grife Channel em 2008. Voltando a île de la cité, após visitar a Conciergerie, antigo palácio e prisão situado no complexo do Palácio da Justiça, o grupo teve oportunidade de assistir a mais um espetáculo musical, desta vez a um concerto de música clássica, as Quatro Estações de Vivaldi, no interior da Saint Chapelle, capela gótica erguida pelo rei Luis IX. Encerrando o tour, o grupo visitou o Centre George Pompidou, complexo artístico projetado em 1977 por Richard Rogers e Renzo Piano, exemplar da arquitetura high-tech reconhecido pelo arrojo estrutural e pela utilização de elementos tecnológicos com fins estéticos, que incorpora o espaço público adjacente da Place Beabourg, local do jantar de despedida.
"Após 12 dias percorrendo os significativos exemplares da Arquitetura e do Urbanismo mundiais, o grupo retornou a Torres e, mais especificamente, às instalações do curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA com a sensação de vitória, por todo conhecimento adquirido, pelas relações institucionais firmadas, e, principalmente, por ter inaugurado uma importante rota, que certamente será explorada em novas oportunidades. Esta foi apenas a primeira Viagem de Estudos à Europa, muitos roteiros ainda estão por vir, pois muitos outros estudantes e professores merecem ter a chance de desbravar o Velho Mundo. Enquanto a nova viagem não chega, desejamos que o enriquecimento do olhar de cada viajante possa ser amplificado, tocando aqueles que ainda não puderam embarcar em semelhante aventura. Fica a certeza de que os frutos desta empreitada trarão retorno a todos que de alguma forma estão envolvidos com o curso, sobretudo porque a realização desta viagem nos enche de entusiasmo para seguir qualificando nosso ambiente, acadêmico e arquitetônico", destacou Thaís Menna Barreto, que agradeceu a todos que contruiram para a realização da viagem.
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