Com uma câmera na mão e várias ideias na cabeça, 44 alunos com idade entre 12 e 16 anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, do bairro Guajuviras, em Canoas, estão produzindo documentários sobre o meio ambiente na cidade. A iniciativa integra a ação de educação socioambiental Tribos em Cena, da ONG Parceiros Voluntários do município, em parceria com o projeto Cine Diversidade, da Ulbra, que, durante todo o semestre, ofereceu oficinas de audiovisual para o grupo. Nas aulas, eles aprenderam sobre linguagem audiovisual, utilização dos equipamentos, produção, edição, até saírem às ruas para a gravação dos vídeos.
O tema das produções deste ano, escolhido pelos próprios alunos, aborda a questão ambiental na Aldeia Kaingang, em São Leopoldo, educação ambiental na escola, a Fonte Dona Josefina, de Canoas, descarte irregular de lixo na rua e a água. De acordo com a professora Gabriela Almeida, que coordena o Cine Diversidade ao lado da docente Ana Acker, o projeto, que tem como foco Direitos Humanos e Diversidade, já gerou em outras edições a gravação de vídeos sobre bullying, homofobia, violência doméstica, preconceito, entre outras abordagens. "Pela primeira vez, em conjunto com a Parceiros Voluntários, trabalhamos com a questão do meio ambiente. Estamos na fase de finalização dos vídeos e, no próximo semestre, iniciamos uma nova turma", contou, indicando que as oficinas conduzidas por ela e pela professora Ana ocorrem sempre nas terças e quintas-feiras.
Estímulo às ações de mobilização
De acordo com a coordenadora executiva da Parceiros Voluntários Canoas, Jeane Kich, o projeto de educação socioambiental Tribos em Cena envolve 15 escolas de Canoas e Esteio. Na iniciativa, primeiro os alunos são estimulados a conhecer as belezas e os problemas das suas cidades. "Eles visitam nascentes, arroios, rios e vêem a situação ambiental desses locais, para depois criarem ações de mobilização", explica.
Entre as atividades, está a produção de vídeos sobre a temática através do projeto Cine Diversidade, que oferece oficinas de produção de vídeos para os grupos. São 60 horas de aulas teóricas e práticas, que finalizam com a produção de um documentário. "Os vídeos, ao mesmo tempo em que mostram a realidade de uma forma diferente da que estão acostumados, criam uma curiosidade nos adolescentes sobre como funciona o universo do audiovisual", explicou.
Mutirão de limpeza envolveu a escola
Na tarde desta terça-feira, 2, alunos da Paulo Freire envolvidos com o projeto de educação ambiental promoveram um mutirão de limpeza no entorno do colégio e nas dependências da escola. Aproveitaram a ação para fazer mais gravações para o Cine Diversidade. Entre os que participaram, estava Guilherme Silva, de 14 anos, aluno do 7º ano, que, quando soube que teria a oportunidade de aprender a fazer cinema, logo se inscreveu no projeto.
Lá, conta que descobriu que o que mais gostava era de ir para a rua fazer as entrevistas e ouvir o que as pessoas têm para contar. O vídeo que o grupo do adolescente está produzindo trata sobre o descarte inadequado de lixo nas ruas. "Aprendi produzindo esse material que as pessoas não valorizam o que têm. Um dia podemos ter filhos, e como eles vão conseguir viver no meio do lixo? Tem que pensar no futuro", refletiu.
Produção dos vídeos empolgou alunos
O momento das gravações também foi o mais aguardado pela colega de projeto, Nicole da Silva Oliveira, 12 anos, do 7º ano. Nesta terça-feira, enquanto realizava entrevistas para o vídeo que produz, ela falou sobre a importância da escolha do tema meio ambiente. "Estamos quase sendo expulsos do nosso planeta porque não estamos cuidando. O projeto é legal porque ajuda a conscientizar. Se, de 10 pessoas, duas assistirem os vídeos que estamos produzindo, já está muito bom", garante.
Para a participante do Cine Diversidade, Vitória da Silva, de 13 anos, a produção dos vídeos é uma forma de colaborar com o meio ambiente. "Fazendo as entrevistas, aprendi sobre o lixo, sempre joguei no chão, agora faço diferente e ensino o meu irmão sobre isso", contou. Para a vice-diretora da escola, Aline Rambow, a participação no projeto permite um posicionamento diferenciado para os alunos. "Mexe com a autoestima deles. Hoje eles sabem que têm representatividade dentro da escola e que são multiplicadores desses conhecimentos que estão aprendendo", completou.
Marla Cardoso
Jornalista Mtb 13.219