Acadêmicos de diversos cursos de graduação da Ulbra prestigiaram nesta quarta-feira, dia 13 de setembro, a aula magna do campus Canoas. A atividade, realizada em dois momentos, o primeiro pela manhã e o segundo à noite, reuniu alunos, docentes e gestores da unidade presencial e do polo EAD no auditório principal do prédio 14, para uma sessão comentada do documentário A Reforma Luterana Através das Artes. A película, dirigida pelo estudante de Jornalismo Éverton Ferreira Barbosa, com o apoio de sua professora, a coordenadora adjunta deste bacharelado, Gabriela de Almeida, levou três meses para ser produzida e contou com a colaboração de alunos e técnicos do Núcleo de Produção Audiovisual (NPA) da Instituição.
"Cranach retratou em seus quadros mais do que um testemunho de fé, mas a realidade do tempo em que viveu. A função que ele e outros artistas de sua época exerciam pode ser comparada ao papel que hoje têm os meios de comunicação, como a televisão e o rádio e até mesmo o Facebook", relativizou o diretor da Ulbra TV, Valter Kuchenbecker, logo no começo do debate que sucedeu a exibição do documentário.
O curta metragem, de aproximadamente 22 minutos, retrata a maneira como a revolução social e religiosa, liderada pelo teólogo e reformador Martinho Lutero, em 1517, foi abordada na pintura, música e literatura através dos séculos seguintes à insurgência protestante que, há 500 anos, questionou os dogmas da Igreja Católica. Por meio da análise de quadros, xilogravuras, vitrais e composições musicais de nomes como Lucas Cranach, Albrecht Dürer, Rembrandt, Johann Sebastian Bach e Aton Werner, o filme demonstra como os valores confessionais e mensagens de liberdade, fé e espiritualidade do luteranismo se fazem presentes ainda hoje nas belas artes, e, mais recentemente, nos meios de comunicação.
Fato recente foi gancho para debate
Durante o bate-papo, que contou com a participação do vice-reitor, Ricardo Willy Rieth, do capelão do Colégio Liceo San Pablo, de Montevideo, Christian Hoffmann e do professor do curso de Teologia da Ulbra, Clóvis Gedrat, todos entrevistados para a produção do filme, um fato recente não escapou ao olhar atento dos especialistas: a polêmica envolvendo o cancelamento da exposição Queer Museu. A mostra, realizada até pouco tempo no Espaço Santander Cultural, em Porto Alegre, foi retirada de cena devido às manifestações de grupos que consideravam seu conteúdo provocador e ofensivo, principalmente no que diz respeito ao uso de símbolos sacros.
Em uma comparação direta com o incidente, Rieth, profundo conhecedor da Reforma Luterana, salientou o caráter da dicotomia existente entre a arte e a religião. "Nunca foi uma relação muito fácil, os cristãos têm na bíblia o seu texto sagrado e boa parte do livro condena o uso de imagens como representação do divino. Inclusive, muitos contemporâneos de Lutero acreditavam que sua reforma também deveria adentrar nos templos por meio da eliminação de ídolos dos espaços litúrgicos. Na época, muitos mosteiros foram invadidos e destituídos de imagens religiosas, uma atitude iconoclasta", refletiu o educador fazendo um paralelo com as peças da mostra artística.
Produção que dá orgulho
No turno da noite, a Aula Magna também começou com a exibição do documentário. Após a apresentação do filme, o estudante que dirigiu o filme relatou que precisou fazer uma pesquisa intensa sobre a temática abordada no vídeo. "Com esse trabalho pude aprender que a pesquisa constitui-se em um instrumento vital para a apuração do conhecimento, pois sem conhecimento não é possível produzir um conteúdo de qualidade", argumentou.
Já a professora de Jornalismo, Gabriela Almeida, que orientou e auxiliou o estudante na realização do filme, explicou que, para o documentário chegar ao resultado final, foram necessárias várias e complexas etapas que evolveram pesquisa, elaboração de uma pauta de entrevistas, gravação, edição e finalização. "Fico muito feliz em ver um estudante do Jornalismo produzir um trabalho com tamanha qualidade", ressaltou Gabriela.
Marcus Perez
Jornalista - MTb 17.602
* Colaborou: André Bresolin
Jornalista - MTb -18.183