Setembro Amarelo 13/09/2019 19:30
3º Ciclo de Palestras aborda depressão e prevenção ao suicídio
Psicólogo treinou professores e pais a lidarem com a situação
O Setembro Amarelo pautou a 3ª edição do Ciclo de Palestras para pais e professores da Rede de Escolas da Ulbra. Em evento realizado na noite desta quinta-feira, 12, profissionais das unidades educacionais e os familiares dos estudantes puderam tirar dúvidas e aprender a abordar adequadamente crianças e jovens que tenham algum problema emocional que possa vir a desencadear depressão ou intenção de atentar contra a própria vida.
O convidado da noite foi o capelão da Aelbra, André Cardoso, que possui formação em Psicologia e Teologia. Entre conversas e músicas, o público presente pôde perder o receio de lidar com a temática em casa ou na escola. "Há esse medo de falar sobre a morte, principalmente com as crianças. Muitos pensam que é uma faixa etária que não sofre com a depressão, mas os dados da OMS estão aí para provar o contrário", lamentou o palestrante.
"Os casos têm aumentado entre crianças e jovens. Conheço duas colegas que tiveram problemas com os filhos, então isso nos assusta, principalmente porque ela está entrando em uma idade que a crise de identidade e os conflitos começam a aparecer", contaram Leandro Pereira e Roberta Rocho, pais de Mariana, de 11 anos, aluna do colégio Ulbra Cristo Redentor. Segundo eles, o evento deve permitir que eles consigam conversar de forma mais sutil com a filha, principalmente por se tratar de um assunto delicado.
"É meio que um tabu e também é algo difícil de identificar nas séries iniciais, pois eles ainda não sabem se expressar em relação a isso. Talvez esse treinamento possa nos auxiliar nesse trabalho de diagnosticar os problemas", observou o professor Maikel Nascimento, do colégio Ulbra São João. Sua colega Cândida Marconatto elogiou o evento. "É uma oportunidade de adquirirmos uma maior compreensão sobre o assunto e facilita na hora de trabalharmos isso com eles", disse a professora.
A importância da prevenção nas escolas
A diretora da Rede de Escolas, Nurfis Vargas, ressaltou que o assunto é uma das preocupações diárias das equipes de supervisores e professores das unidades. "Temos um trabalho que é realizado em várias frentes: acompanhamento escolar, suporte da pastoral e materiais da Escola da Inteligência, que visam trabalhar a questão socioemocional", disse. Para ela, "é fundamental que seja desenvolvida a maturidade emocional dos alunos, pois é um dos principais fatores que levam à depressão e, consequentemente, ao suicídio".
O psicólogo André Cardoso foi ao encontro dessas afirmações e deu ênfase que a atuação de profissionais capacitados ajuda muito no dia a dia da escola. "É importante que as pessoas tenham a noção de que o psicólogo não está ali para fazer atendimento clínico, o papel dele é facilitar os processos, ajudar a pensar, identificar onde é preciso agir e encaminhar para os especialistas. Identificar, prevenir, promover saúde e manejar, acho que esse é o principal papel do psicólogo na escola", explicou. Ele também apontou as melhores formas de iniciar uma abordagem com a temática.
"O primeiro passo é não ter medo de abordar o assunto, perguntar de forma direta e franca se a pessoa já pensou ou pensa em morrer. Outro fator importante é não julgar, que é algo errado ou que aquela pessoa não tem motivo algum para aquilo. Geralmente, a pessoa não quer morrer, ela quer se livrar de uma dor, de uma pressão muito grande. Então, antes de qualquer coisa, é necessário identificar de onde vem o problema e buscar soluções", finalizou Cardoso.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS