FAMÍLIA E COMUNIDADE
Alunos da Medicina fazem 1,6 mil atendimentos comunitários por mês
Estudantes da Ulbra têm inserção prática nas UBS de Canoas
Os acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) realizam cerca de 1,6 mil atendimentos por mês à comunidade, auxiliando nos serviços de saúde do município. Essas atividades são desenvolvidas pelos estudantes na Rede de Atenção à Saúde por meio do Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (Numesc). A combinação de teoria e prática no curso de Medicina da Ulbra, especialmente no estágio de Medicina de Família e Comunidade, é crucial para a formação de médicos competentes e bem preparados, garante o professor regente Maurício Pires.
Os alunos começam a atender pacientes individualmente no nono semestre, aplicando os conhecimentos adquiridos. Este processo inclui a discussão de casos e das demandas, bem como a elaboração de planos terapêuticos. Mauricio explica que "os estudantes atendem os pacientes, discutimos os casos, as demandas que essas pessoas trazem e quais serão as condutas e o melhor plano terapêutico".
Inserção prática
Desde o primeiro semestre até o 12º semestre da graduação, os estudantes realizam atividades em campo junto à comunidade nos serviços de saúde de Canoas. As visitas domiciliares são feitas ao lado das equipes municipais para ofertar os serviços disponibilizados à população. Os alunos recebem uma formação humanística com inserção prática no cenário real.
"O estudante precisa fazer, do ponto de vista pedagógico, uma associação teórico-prática", diz Mauricio. "Ele tem de pegar todo aquele embasamento, o conhecimento teórico que foi muito bem ministrado até o oitavo semestre, e aplicar isso na prática, no atendimento diretamente aos pacientes", complementa.
Estratégia de formação
Durante todo o percurso formativo na graduação, os acadêmicos de Medicina da Ulbra estão inseridos nos serviços de saúde como estratégia de fomento à formação para as práticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Agentes comunitários também acompanham o trabalho nas visitações e cadastramentos de pacientes acamados, além de participar de grupos de educação em saúde no acolhimento a gestantes e idosos. Essas atividades visam uma melhor compreensão das equipes de saúde, dos serviços disponibilizados e da população atendida.
No nono semestre de Medicina, em que Mauricio é professor regente, o estágio se torna fundamental. É aqui que os alunos, como Kaleb Morais, 23 anos, natural de Rondônia, passam a associar diretamente a teoria aprendida com a prática clínica. "Este momento é muito importante, porque estou revendo toda aquela bagagem das disciplinas que cursei nos últimos quatro anos. Então, absorver esses conteúdos que estão teoricamente arquivados na minha mente e integrar na atividade prática mostra que estou no caminho certo da minha formação", enfatiza Kaleb.
Desafio de atender sozinho
Embora essa seja a primeira disciplina prática do estágio que Kaleb faz, ele já teve experiências ambulatoriais durante o ciclo clínico nos últimos dois anos, sempre em grupos e supervisionado por professores. Agora, ele enfrenta um novo desafio: atender sozinho, embora ainda sob a supervisão de docentes. "A gente atende no consultório e retorna para a sala dos professores para passar o caso e definir a conduta juntamente com eles."
Kaleb ressalta que o trabalho no SUS oferece uma visão realista do futuro profissional dos médicos. "Aqui a gente vê a realidade que muitas vezes não percebe em outras estruturas de trabalho. No SUS temos oportunidade de atender pacientes com doenças mais prevalentes, o que nos deixa mais seguros para enfrentar os casos, depois da formação."
Caráter profissional
A jornada de Kaleb começou no hospital de campanha durante o desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul. Ele observa que o estágio em Medicina de Família e Comunidade tem sido fundamental na formação. "Este estágio tem ajudado a formar meu caráter como profissional, a exercitar a empatia. Entender o paciente não só no contexto da doença, mas também o que está subentendido. Como no caso das enchentes, em que as pessoas foram afetadas emocionalmente."
A experiência prática, segundo Kaleb, não só aprimora suas habilidades clínicas, mas também reforça a importância da humanização na medicina, ensinando-o a ver além dos sintomas e a compreender o impacto emocional e social das doenças em seus pacientes. "Esse tipo de vivência é essencial para que possamos nos tornar médicos mais completos e preparados para os desafios da profissão", conclui.
Marcelo Miranda
Assessoria de Comunicação Ulbra
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