Toribio Malagodi
Estudante defenceu Brasil em competição para surdos
Aluno é vice de vôlei nos Jogos Panamericanos de Surdos 2012
O Brasil está em um período que antecede aos Jogos Olímpicos, a maior competição esportiva do mundo. Nesta época, diversas modalidades ganham destaque na mídia nacional, diferente do futebol que sempre é a pauta do dia.
Existem, contudo, outras disputas menos divulgadas, mas bastante significativas, como os Jogos Pan-Americanos de Surdos. Em sua quinta edição, o evento foi realizado pela primeira vez no Brasil, mais precisamente em Praia Grande, São Paulo, de 12 a 24 de junho. A ULBRA Canoas teve um representante no evento, que se destacou e subiu ao pódio. Toribio Malagodi, aluno do curso de Engenharia Mecânica Automotiva da Universidade, ganhou a medalha de prata no vôlei pela seleção brasileira de surdos.
Para Toribio, o envolvimento com o esporte vai muito além da competição, pois ele é diretor administrativo da Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos (CBDS), além de integrar o Conselho de Desporto do Estado do Rio Grande do Sul.
Segue abaixo a entrevista:
ACS - Como foi participar dos Jogos Pan-Americanos de Surdos? Foi tua primeira experiência esportiva numa competição?
Toríbio - Foi uma grata e maravilhosa experiência, pois sempre fico honrado em representar o nosso país. Não foi a minha primeira experiência, já possuo um vasto currículo. Sou heptacampeão brasileiro de vôlei de praia de surdos, inclusive já representei o Brasil no Mundial de Vôlei de Surdos, em Buenos Aires, no ano 2008. Na ocasião, fui eleito o melhor jogador brasileiro da competição e o quinto melhor do campeonato.
ACS - Praticas a modalidade há muito tempo? Como foi tua preparação?
Toríbio - Pratico vôlei desde a adolescência, mas foi em 2008, com a minha entrada na seleção brasileira de vôlei dos surdos, que comecei a treinar e me dedicar, sendo que em 2009 comecei os treinos da modalidade, só que troquei as quadras pelas praias. Para estes Jogos fiz semanas de preparação intensa com o meu treinador e mais um jogador da seleção. Nesse período, a ULBRA me forneceu a estrutura para os treinamentos.
ACS – O que representa para ti e para os outros atletas surdos esse tipo de competição? Que significados têm esses eventos além do aspecto competitivo?
Toríbio - O nome correto é atleta surdolimpico, pois não somos considerados para-atletas de acordo com o Comitê Paraolímpico Brasileiro, no qual não somos incluídos devido ao existência do Comitê Internacional de Esportes para Surdos que ainda não é reconhecido no Brasil. Para mim esse evento prova a capacidade dos surdo-atletas de competir no alto nível. Tem grande apelo social. Também melhora a autoestima dos participantes.
ACS - Qual foi tua interação com atletas de outras modalidades? E de outros países?
Toríbio - A interação dos surdo-atletas é a melhor possível, pois a forma de comunicação entre os estrangeiros é de Língua de Sinais Internacional que é mais gestual. Entre os integrantes do Brasil, nos comunicamos através da língua brasileira de sinais (LIBRAS).
ACS - Para participar do evento é preciso estar vinculado a alguma instituição acadêmica/Universidade?
Toríbio - Para participar desses eventos para surdos, é necessário estar vinculado a instituições que sejam filiadas à Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos, órgão máximo em esporte dos surdos no Brasil, sendo reconhecido pelo ICSD (International Committe of Sports for the Deaf), que é o similar mundial na igualdade do COI e CPI.
ACS - Pensas em continuar praticando vôlei para participar dos Jogos Paralímpicos Rio-2016?
Toríbio - Os surdos não estão incluídos nos Jogos Paralimpicos. Porém temos as nossas próprias olimpiadas - DEAFLYMPICS, que chegarão a sua edição 24ºªem Bulgaria, no ano 2012. E continuarei treinando visando representar o Brasil no Deaflympics, com o máximo de orgulho em ser brasileiro.
A Assessoria de Comunicação Social (ACS) - Imprensa da ULBRA Canoas contatou o aluno Toribio Malagodi por e-mail e também pessoalmente, quando as respostas obtidas tiveram o auxilio do tradutor intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), do Programa Permanente de Acessibilidade da Universidade, William dos Reis.
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