SEGURANÇA ANIMAL
Caramelo ganha microchip que permite a identificação
Dispositivo foi inserido no cavalo no Hospital Veterinário da Ulbra
O cavalo Caramelo, que virou símbolo da resiliência dos gaúchos no enfrentamento às enchentes de maio, agora possui um microchip. A tecnologia permite a identificação do animal, fornecendo um número que ele levará consigo para sempre, com os seus dados de cadastro, além de outras informações que vão facilitar o reconhecimento. O procedimento, realizado no Hospital Veterinário da Ulbra, vai se repetir com os outros equinos do campus Canoas, assim como com cães e gatos, durante as castrações que estão sendo realizadas pela Universidade com animais de abrigos.
De acordo com Thiago Müller, médico veterinário da PetLink, empresa parceira da Universidade nas aulas práticas, o microchip é uma maneira de individualizar o animal. "Assim como nós temos o RG, um animal pode ter um microchip. A gente insere, por meio de uma seringa, e, a partir disso, ele vai ter esse pequeno dispositivo dentro dele. Vamos garantir segurança e responsabilidade tutorial. O microchip permite dar uma 'voz' ao animal, com isso ele consegue 'explicar' quem ele é", detalha.
"O Caramelo tem uma pelagem muito comum, que é essa pelagem tostada. Mas agora ele tem um número que é só dele e fica mais fácil diferenciá-lo dos demais. A identificação vai para uma plataforma, para um banco de dados, e assim a gente consegue identificá-lo ao longo da vida", ressalta o coordenador do curso de Medicina Veterinária da Ulbra Canoas, Jean Soares.
O microchip
O microchip é implantado por meio de uma injeção subcutânea ou intramuscular e contém um número único para identificar o animal, que pode ser lido por um scanner. Com essa numeração, é possível acessar, em uma plataforma de dados, as informações do tutor (nome, endereço, contato) e do animal (nome, chip, espécie, raça, sexo, cor, medicações diárias, condições de saúde, vacinas e características especiais). Os três primeiros dígitos indicam o fabricante do material, detalhe que auxilia na busca. Conforme Müller, o método evita modificações no corpo, como se faria com brinco, tinta, tatuagem ou outro método de marcação. "É uma forma de identificação muito rápida de se fazer, muito simples e pouco invasiva", explica.
Os estudantes do curso de Medicina Veterinária da Ulbra já estão acostumados com o procedimento. Conforme Soares, a PetLink participa regularmente das aulas para falar sobre o método e seus benefícios. "A microchipagem ainda é um processo pouco conhecido, que gera dúvidas nas pessoas. Mas é um método de grande importância, com uma série de benefícios. Por isso, incentivamos esses procedimentos em nossas aulas práticas. Essa é uma tecnologia amplamente utilizada em países desenvolvidos e é fundamental para o controle e a gestão da saúde pública como um todo", ressalta.
As consequências da enchente
A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio deixou mais de 500 mil pessoas desabrigadas. Em consequência, o número de animais perdidos de seus tutores, somados aos que já viviam na rua, chegou a quase 20 mil, metade disso em Canoas. A tragédia colocou em evidência a importância da posse responsável. "Essa crise climática acabou trazendo esse tema para a discussão. Quando um animal possui tutor, mas escapa e nunca mais aparece, nós temos um problema sério de animais errantes, que acabam se multiplicando facilmente, causando descontrole populacional, transmissão de doenças e possíveis acidentes", destaca Soares.
Quem faz a microchipagem do seu pet está tendo um cuidado maior com o seu animal. No entanto, é importante ressaltar que a identificação não é um GPS, e sim uma forma de consultar os dados do pet. Para o coordenador, é fundamental termos uma gestão da população dos animais de uma forma geral. "A enchente trouxe à tona um problema sério, e temos a oportunidade de tentar reverter isso nos próximos anos. Esse é um trabalho de longo prazo", afirma Soares.
Os microchips também são comercializados no Hospital Veterinário da Ulbra.
Para saber mais sobre os pets que estão nos abrigos, clique aqui.
Thamiriz Amado
Jornalista - MTb 18.872
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