2 de abril
Ulbra celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo
Universidade conta com apoio aos alunos com Transtorno do Espectro Autista
Nesta sexta-feira, 2 de abril, celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi estabelecida pela ONU, em 2017, e tem o objetivo de chamar atenção da população sobre esse transtorno que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. A Ulbra conta com um Núcleo de Acessibilidade e um espaço de atendimento para professores e estudantes através do Núcleo de Apoio Docente (NAD) e do Núcleo de Apoio Discente (NADi) em todos os campi, inclusive na modalidade EAD, que visa aprimorar os processos de ensino e de aprendizagem deste e de outros públicos.
A professora do curso de Pedagogia e coordenadora do NAD-NADi, Mara Lúcia Salazar Machado, comenta sobre a importância do trabalho junto aos alunos autistas. "O NADi atende estudantes que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA) desde 2014, tanto no acompanhamento psicológico quanto no acompanhamento psicopedagógico. Desde o processo do vestibular no momento da prova de seleção, oportunizando sala com número reduzido de alunos, procurando criar um ambiente de tranquilidade", explica.
Núcleo possui diversas ferramentas de auxílio
As demandas apresentadas por estes alunos são as mais variadas, pois além de diferentes características que são típicas do transtorno, eles apresentam a sua singularidade, e o papel da Universidade é garantir que sejam tratados como pessoas antes de ter o espectro.
"Na psicopedagogia, trabalhamos com diferentes propostas: organização de estudos, como podem participar de trabalhos em grupos, como estudar, mediando situações entre o aluno e seus professores, entre outras situações. Também, quando estão em Trabalho de Conclusão de Curso -- TCC, auxiliando-os neste processo e na apresentação para a banca", relata a docente. Vale ressaltar ainda que, na Psicologia, o trabalho envolve questões de relações intra e interpessoais. "Trabalhamos juntos, psicologia e psicopedagogia no apoio ao aluno com TEA", destacou.
Conforme Mara, a Ulbra sempre buscou ofertar projetos integradores na comunidade acadêmica. "Mesmo antes de termos legislação e princípios que garantem a inclusão de Pessoas com Deficiência, a Ulbra é inovadora quanto a garantia de matrícula e permanência dos alunos com TEA. Desde 2006 que se observa uma crescente inclusão de alunos com TEA nas escolas regulares, sendo que eles terminaram o primeiro e o segundo grau e chegaram ao Ensino Superior".
Para a professora, os alunos entram nesse projeto com sonhos, mas também temores. "São pessoas que chegam à Ulbra com muitas expectativas, anseios, angústias e vontade de aprender, ter uma profissão. Aprendem de várias maneiras, precisando que tanto a Psicopedagogia quanto a Psicologia estabeleçam parcerias com a família, professores e coordenadores de curso, para que o processo aconteça da melhor maneira possível", relata.
Em sua dissertação de mestrado Transtorno do Espectro Autista, a docente explica o que a motivou a seguir essa área de especialização. "Trabalho com crianças, adolescentes e adultos com TEA desde a década de 1990. Em 1998 iniciei o mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul trabalhando com o mesmo grupo de crianças com TEA por um período, que ajudou a caracterizar a pesquisa como longitudinal. Pude acompanhar seu desenvolvimento, habilidades específicas que apresentavam, tanto na área cognitiva quanto psicomotora. Também acompanhei suas famílias e outros atendimentos que possuíam", conta.
Projeto ajuda a realizar novos sonhos
A aluna Victória Assis Elsner, de 22 anos, acadêmica do segundo semestre do curso de Direito da Ulbra, participa das atividades do NADi e conta a importância desse projeto para sua formação profissional. "Gostei muito, fui muito bem recebida pela professora Mara, pelo pastor, psicólogo Vilson e pela coordenadora do curso. Todos me acolheram e foram muito solícitos. Tenho conversas semanais tanto com o psicólogo quanto com a psicopedagoga, onde desenvolvemos formas de lidar com os percalços da vida acadêmica", conta.
Sonhando em ser juíza, a acadêmica, que escolheu o Direito por gostar de argumentar e do conhecimento que a carreira pode lhe proporcionar, conta sobre o papel do Núcleo na sua vida acadêmica. "Acho muito importante, sem esse apoio eu provavelmente não teria resultados muito satisfatórios. Acho essencial que a universidade tenha esse olhar voltado para as necessidades dos alunos, levando em conta a condição de cada um". A rotina na Ulbra, Victória define como tranquila, mesmo na pandemia. "Eu gosto das aulas remotas. Sendo sincera, acho que elas facilitam vários processos de adaptação ao ambiente, no sentido de que eu passo por menos situações cansativas no que tange a socialização", explica.
Sobre a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, Victória revela que a data tem um significado muito forte para ela enquanto autista, pois dá mais visibilidade à condição. "O dia a dia nem sempre é fácil, o mundo dos neurotípicos é complexo e, em muitos momentos, me sinto desorganizada no mundo social. Saber que o autismo é reconhecido como uma pauta relevante para o mundo é uma grande fonte de esperança no amanhã. No fim das contas, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo é uma mensagem direta no sentido de estarmos em busca de um convívio cada vez mais inclusivo, onde todos possamos compartilhar, cada qual à sua maneira, dos processos de aprimoramento ético, social e moral humanos", completou.
João Pedro Borques
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas
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