A atividade artesanal com o capim dourado (Syngonanthus nitens) teria surgido na região do Jalapão há mais de 60 anos quando ascendentes das matriarcas do povoado Mumbuca aprenderam a costurar as hastes da planta com seda de buriti com índios que passavam pela região. A técnica, passada de mãe para filhas e sobrinhas e, posteriormente, a mulheres de outras famílias e comunidades na região, hoje ocupa homens, mulheres e crianças de toda a região do Jalapão e levou o artesanato com capim dourado a ser considerada a principal atividade econômica em alguns povoados da região.

O capim dourado tem sido alvo de estudos sobre o desenvolvimento de técnicas que indiquem a melhor forma de manejo e permitam o uso sustentável do recurso. Tais estudos podem contribuir decisivamente para modificações na forma de manejo do capim para, com isso, permitir seu uso sustentável principalmente nas formas atualmente empregadas, evitando assim danos à biodiversidade das veredas e fitofisionomias adjacentes.

O fogo é um fator determinante para a persistência de diversas espécies no Cerrado brasileiro, sendo comumente utilizado como técnica de manejo em áreas naturais e de agricultura. Além de comumente usado para o manejo da pecuária extensiva, o fogo, na região do Jalapão (Tocantins), é também um importante instrumento de manejo nos campos úmidos, onde ocorre o capim dourado. Embora o conhecimento tradicional indique que o fogo estimule a floração de S. nitens, poucas informações estão disponíveis sobre os efeitos da temperatura na sobrevivência e germinação de sementes dessa espécie. Experimentos que determinem a temperatura e seus efeitos na germinação e viabilidade de sementes podem, portanto, contribuir expressivamente para o manejo dessa espécie economicamente importante.

O objetivo do estudo está em avaliar a influência de altas temperaturas na germinação de sementes nuas e em capítulos do Syngonanthus nitens, originárias dos municípios de Mateiros, São Félix do Tocantins, Ponte Alta do Tocantins e Novo Acordo, do Estado do Tocantins, coletadas em outubro de 2012, em atendimento a legislação para coleta de material biológico do Instituto Natureza do Tocantins - NATURATINS e do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade - SISBIO/IBAMA. A avaliação da influência da temperatura na germinação das sementes pode trazer informações importantes sobre o potencial de reprodução sexuada da espécie e, conseqüentemente dar subsídios de técnicas de manejo. O projeto está sendo desenvolvido no Laboratório de Sementes do CEULP/ULBRA.

O estabelecimento de uma relação sustentável entre o capim dourado e as comunidades artesãs exige o envolvimento da comunidade local, da academia e outras organizações com trabalhos desenvolvidos na região.  Os primeiros vão garantir que o processo seja durável.  O segundo grupo pode contribuir com o entendimento do processo como um todo.

Uma vez que as comunidades locais sejam capazes de entender os desdobramentos econômicos e ambientais de sua atividade, elas mesmas reunirão os elementos e atores necessários para o estabelecimento de um processo durável de artesanato, de cultivo do capim dourado, de parcerias estratégicas, enfim, estabelecerão as bases comerciais, ambientais e sociais para dar sustentabilidade ao artesanato do capim dourado.

O projeto é coordenado pela Profa Dra Conceição Aparecida Previero e participam da execução a Eng. Agrícola Deise Laiz do Santos, a acadêmica do curso de Eng. Agrícola Luanne Pereira Gonçalves e os acadêmicos do curso de Ciências Biológicas Pedro Henrique Campelo e José Adailton Rodrigues de Souza.

http://ulbra-to.br/galeria/2013/04/18/Estudos-Avaliam-Efeitos-de-Altas-Temperaturas-na-Germinacao-de-Semesntes-de-Capim-Dourado