CEULP/ULBRA inaugura exposição histórica da imprensa tocantinense
Apresentar a trajetória da imprensa no antigo norte goiano, por meio de um dos principais veículos de comunicação da região ? o jornal Norte de Goyaz, de Porto Nacional. Esta é a proposta da exposição Norte de Goyaz: cem anos de história, que mostra a história do jornal criado pelos irmãos Francisco e João Ayres, em 1905. A exposição será inaugurada nesta quinta-feira, 22 de setembro, às 19h30, no hall do Centro Universitário Luterano de Palmas, CEULP/ULBRA. Até o dia 5 de outubro, o público poderá conhecer alguns dos principais exemplares do periódico, fotografias, fotolitos, documentos e duas máquinas de escrever ? uma Underwood, da década de 30, e a edição de luxo número cinco da famosa Remington Rand.
O jornal começou a circular no início do século passado, impresso por equipamento tipográfico (um a um), com apenas 350 exemplares, que eram distribuídos em toda região do atual Tocantins e para vários estados do país. Em 1925, a publicação do jornal é interrompida, retornando na época do Estado Novo, 1936, com autorização da Divisão de Imprensa e Propaganda (DIP). Joca falecera em 1931 e o filho de Francisco, Milton, inicia sua carreira como jornalista com a retomada do Norte de Goyaz. Na década de 40, o jornal sofre censura do prefeito de Porto Nacional. Acompanhado as tendências, na década de 80 o Norte de Goyaz passou a usar a fotocomposição, o processo mais moderno da época. Cerca de 3 mil exemplares eram impressos até o seu encerramento, em 1985. O editor Milton Ayres acreditava que o Estado do Tocantins seria criado já em 1986 e a continuidade do jornal com o nome Norte de Goyaz não se justificaria mais. Surgiu então O Libertador, que teve poucas edições.
O curador da mostra, professor e jornalista Lailton Costa, observa que no início do século passado, em uma sociedade de costumes orais, o jornal teve uma participação importante na propagação das idéias dos seus editores e o desenrolar histórico dos fatos. A navegação no rio Tocantins, denúncias de abandono da região e a luta pela autonomia do antigo norte goiano são assuntos abordados pelo veículo. Durante a passagem da Coluna Prestes, há troca de correspondência entre os líderes do movimento e os editores do jornal. A pedido dos comandantes da Coluna, o Norte de Goyaz lança um boletim, em 1925, tranqüilizando os moradores. Na tipografia do jornal, é impressa a edição número 7 de O Libertador, veículo da Coluna Prestes.
O Norte de Goyaz estimulou a criação de outros jornais. O tipógrafo Benedito Guedes, por meio do Clube Tocantins Portuense, lança o jornal literário O Lyrio, com crônicas e contos. Apesar de ser tipógrafo, Guedes faz seu jornal manuscrito, que circula nos anos de 1909 e 1910. O Lyrio também estará em exposição.
Fotografia
A introdução da fotografia em Porto Nacional também se deu pela família Ayres. Em 1908, João Ayres Joca adquiriu um laboratório fotográfico completo na Casa Bastos e Dias, uma das dez maiores importadoras dos equipamentos Agfa. Na Photographia Tocantina eram produzidos os álbuns (fotografias coladas sobre um suporte de papel resistente). A partir de 1912, o Norte de Goyaz passou a utilizar fotografias em suas edições.
Editores
* Francisco Ayres da Silva era médico e jornalista. Também exerceu o cargo de deputado federal por cinco mandatos, de 1914 até 1934. No seu legado deixou seu diário de viagens, que deu origem à edição póstuma ?Caminhos de Outrora?, que também estará em exposição. O livro narra duas viagens, uma de barco a Belém do Pará e outra ao Rio de Janeiro, onde Francisco Ayres foi buscar dois automóveis. Como não havia estrada até Porto Nacional, o médico teve que abrir picadas em muitos trechos. Em Natividade, os veículos quebram e têm que ser puxados por juntas de boi até Porto. Francisco Ayres dirigiu o jornal até a década de 50, falecendo em 24 de maio de 1957.
* João Ayres Joca estudou no Rio Grande do Sul, em um colégio militar antes de iniciar sua carreira jornalística. Dirigiu o jornal até a passagem da coluna prestes em Porto Nacional, quando o jornal sofre a primeira interrupção de sua trajetória. Joca faleceu em 23 de dezembro de 1931, em decorrência de infecção.
* Milton Ayres, filho de Francisco, foi advogado, professor e jornalista. Era correspondente da Western News Service (agência noticiosa norte-americana) e membro da Associação Goiana de Imprensa. Faleceu em 25 de dezembro de 2001.
Preservação
Para o professor Lailton, o material da exposição tem um valor histórico incalculável. ?As novas gerações não conhecem a história de imprensa no Tocantins. Ela teve um papel muito importante na formação da cultura e da identidade regional?, destaca. O material da exposição pertence ao patrimônio particular da família Ayres. Especialista Organização de Arquivos, Lailton defende a democratização do acesso ao material. Lailton sugere que seja criado um memorial para o acervo, aberto à visitação pública. ?A parceria entre a família, poder público e iniciativa privada possibilitariam a preservação adequada dos documentos?, observa. Um exemplo é a microfilmagem do acervo. Os exemplares de 1908 a 1912 do Norte de Goyaz já foram microfilmados pela Biblioteca Nacional.
Texto - 135/05 ? 21 de setembro de 2005
Andréa Luiza Collet
Jornalista MTb 083/TO
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