Dia de Tiradentes - "LIBERDENTES-TIRADADE"
LIBERDENTES-TIRADADE
Ambrósio Dolny é professor do Curso de História do CEULP/ULBRA
TIRADENTES se converte em algo dinâmico a ser re-construído com três fatores de construção da compreensão ou de revolução da consciência. TIRADENTES se constrói na relação com o mundo, com o Brasil, com a cidade, com o próximo e consigo mesmo.
TIRADENTES é autonomia para agir com sabedoria a serviço do bem, da paz. Eu, TIRADENTES caminho lado a lado com a liberdade do outro. Nossa liberdade não termina quando a do outro começa e nem começa quando a do outro termina, a minha liberdade, a sua liberdade e a liberdade dos demais coexistem interdependentemente. Se qualquer uma delas for ameaçada, as demais também serão.
Ao tratarmos a liberdade há pessoas inescrupulosas que vivem segundo os ditames antropocêntricos, tentando tirar vantagens de tudo, dentro do principio de que a sua liberdade termina quando a do outro começa, esperando de fato que esta nunca termine e que a do outro nunca comece.
Não podemos merecer TIRADENTES enquanto estivermos na ignorância do ego, enquanto escravizamos os nossos semelhantes, tirarmos liberdades dos seres vivos, aprisionarmos os sagrados passarinhos e os peixes em gaiolas, aquários e outros cativeiros.
Para compreendermos profundamente o sentido TIRADENTES , para construí-lo dentro de cada um de nós, vamos refletir, reverenciar, aprender e praticar o conceito de liberdade:
?Liberdade é algo que ainda não foi entendido pela humanidade. Sobre o conceito Liberdade, apresentado sempre de forma mais ou menos equivocado, cometeram-se gravíssimos erros. Certamente se luta por uma palavra; tiram-se deduções absurdas; cometem-se atropelos de toda espécie e se derrama sangue nos campos de batalha. A palavra Liberdade fascina a todo mundo, mas ninguém a compreende de verdade. Existe muita confusão com relação a esta palavra. Não é possível encontrar uma dezena de pessoas que defina a palavra Liberdade da mesma forma e do mesmo modo. É que o termo Liberdade não poderia, de nenhuma maneira, ser compreensível para o racionalismo subjetivo. Cada pessoa tem idéias diferentes sobre esta palavra; opiniões subjetivas, desprovidas de toda realidade objetiva.
Nem sequer Emmanuel Kant, o autor da "Crítica da Razão Pura" e da "Crítica da Razão Prática", jamais analisou esta palavra para dar-lhe o sentido exato.
Liberdade, linda palavra, belo termo! Quantos crimes se cometeram em seu nome! Indiscutivelmente, o termo Liberdade hipnotizou as multidões.
Quantas bandeiras, quanto sangue e quantos heróis sucederam-se no curso da história, cada vez que se colocou a questão da Liberdade sobre o tapete da vida. Infelizmente, depois de toda independência a tão alto preço alcançada, a escravidão continua dentro de cada pessoa.
Quem é livre? Quem conseguiu famosa Liberdade? Quantos se emanciparam? Certamente, cada vez que se luta pela Liberdade, encontramo-nos defraudados apesar das vitórias.
Tanto sangue derramado inutilmente em nome da Liberdade e, no entanto, continuamos sendo escravos de nós mesmos e dos demais.
Nós lutamos por palavras que nunca entendemos, ainda que os dicionários as expliquem gramaticalmente. A Liberdade é algo para se conseguir dentro de si mesmo. Ninguém pode alcançá-la fora de si mesmo.. Compreender esse eu mesmo, minha pessoa, o que eu sou, é urgente, quando se quer muito sinceramente conseguir a Liberdade. De modo algum poderíamos destruir os grilhões da escravidão sem antes haver compreendido toda esta questão minha, tudo isto que corresponde ao eu, ao mim mesmo.
Em que consiste a escravidão? O que é isto que nos mantém escravos? Quais são estas travas? Tudo isso é o que necessitamos descobrir. Ricos e pobres, crentes e descrentes, estão todos formalmente presos, ainda que se considerem livres. Enquanto a Consciência, a Essência, o mais digno e decente que temos em nosso interior, continue engarrafada no mim mesmo, no eu mesmo, em minhas apetências e temores, em meus desejos e paixões, em minhas preocupações e violências, em meus defeitos psicológicos, estaremos em formal prisão.
A Liberdade só pode ser compreendida integralmente, quando forem aniquilados os grilhões de nosso próprio cárcere psicológico. Enquanto o eu mesmo exista, a Consciência estará em prisão. Evadir-se do cárcere só é possível mediante a aniquilação budista, dissolvendo o eu, reduzindo-o a cinzas, a poeira cósmica. A Consciência livre, desprovida do eu, em ausência absoluta do mim mesmo sem desejos, sem paixões, sem apetências ou temores, experimenta de forma direta a verdadeira Liberdade.
Devemos construir em nossos corações os valores, virtudes e princípios da liberdade e lutar para construção da liberdade dos nossos semelhantes e dos animais em geral.
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