Repetentes, Tamires Reis, Ludmilla Ribeiro e Arthur Arnold, todos do 5º semestre da licenciatura em Física da Ulbra, não desgrudavam os olhos do quadro, na noite da última quarta-feira, 2 de maio, durante a aula da disciplina de Física Mecânica, ministrada pelo professor Diego Sabka, na sala 108 do prédio 1 do campus Canoas. Imersos em cálculos e gráficos, os estudantes logo largam os cadernos e canetas ao receberem das mãos do educador folhas de papel com códigos de barra desenhados.
Subitamente, um problema é colocado para eles: desvendar o maior trabalho que um determinado animal exerce ao descer por três escorregadores inclinados em ângulos diferentes do solo. Em seguida, o docente liga seu tablet e com um aplicativo móvel lê em sequência os cartões levantados pelos alunos indicando as respostas para o problema. O software cruza as informações contendo as opções indicadas por cada um e revela o percentual de alunos que matou a charada: 76% da turma.
A cena inusitada ilustra o modelo de avaliação Peer Instruction (instrução entre pares), sistema interativo de ensino desenvolvido na década de 1990, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e que complementa as práticas pedagógicas tradicionais, através de um método participativo, aonde o universitário passa a ser um agente principal da transmissão do conhecimento. "Quando menos de 70% da turma acerta uma questão, eu faço eles debaterem entre si até chegarem a um consenso", explica Sabka, que utiliza a metodologia como uma ferramenta de feedback instantâneo para medir o grau de aprendizado dos conteúdos ensinados. "Muitas vezes o aluno só descobre que não entendeu a matéria na hora da prova. Com o app e os QR codes eu quero mudar isso, possibilitar que eles saiam da sala de aula sabendo com certeza se aprenderam ou não", garante o físico. "Eu vi o diferencial na minha nota, das questões que respondi no último teste, acertei todas", comemora Tamires, que espera que o sistema seja adotado em todas as outras disciplinas do curso.
Método é alinhado ao processo de reestruturação pedagógica
Conforme Diego Sabka, o processo de reestruturação pedagógica, pela qual todos os cursos da Universidade Luterana do Brasil serão submetidos, foi um dos fatores que o motivou a adotar o sistema em sala de aula. "Cada vez mais vem se falando na Ulbra do uso de metodologias ativas de ensino e eu resolvi aplicar isso de forma empírica. É um estudo que estou fazendo em caráter experimental para verificar se haverá algum tipo de queda nos índices de reprovação da disciplina", explica o físico.
A reestruturação pedagógica da Ulbra segue até 2021 em todos os campi da Instituição no Rio Grande do Sul. Em 2018, os bacharelados em Agronomia, Biomedicina, Enfermagem, Estética, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária e Odontologia, além do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do campus Canoas, começam a implantar mudanças curriculares com o intuito de tornar a dinâmica de ensino/aprendizagem mais interativa e condizente com o mundo conectado do século XXI.
Para saber mais sobre a reestruturação, o cronograma de implantação em todos os cursos e outros assuntos relacionados, acesse ulbra.br/mudacomvoce.
Marcus Perez
Jornalista Mtb 17.602