PEDAGOGIA EM DESTAQUE 09/02/2024 17:37
Desafios da educação no centro do debate da formação de professores
Evento marcou o início do ano letivo e definiu as diretrizes para 2024
O ano letivo da Rede de Escolas da Ulbra já começou. Nesta quinta-feira (8), os professores e as equipes pedagógicas se reuniram no campus Canoas para a Formação Docente e Jornada Pedagógica 2024, evento que tem como objetivo antecipar as novidades propostas para o ano e apresentar aos educadores o Eixo Norteador que servirá de base para as atividades curriculares.
Sob o tema "Criando Possibilidades para um Futuro Transformador", o documento reflete a missão coletiva pela qual o ensino luterano é reconhecido, e firma como base a busca do que vai além do conhecimento, prezando pelo cultivo de um ambiente que estimule o pensamento crítico, a criatividade, o protagonismo e a formação integral dos alunos.
Buscando explorar novas possibilidades para que os educadores criem oportunidades em um cenário desafiador, o evento tem como foco a transformação, além de evidenciar o papel fundamental dos profissionais na construção de uma sociedade mais justa.
Os desafios do educar em evidência
Para a superintendente de Ensino Básico da Rede de Escolas da Ulbra, Carin Cristina Borkert Kuchenbecker, o encontro dos professores também é um momento de ressaltar os valores e os princípios da educação luterana. "É mais do que uma formação acadêmica, é a intenção de fazer dessa formação uma união. Todo mundo junto em prol de um mesmo objetivo e um mesmo propósito", explica.
A gerente de Políticas Pedagógicas da Educação Básica e Técnica, Núrfis dos Santos Vargas, convidou os professores a lembrarem da edição do evento realizada em 2020, ainda antes de a pandemia provocar o isolamento e levar as aulas para o sistema remoto. "Nós superamos os desafios, e 2024 inicia com desafios bons para nós", projetou.
Núrfis frisou a busca pela excelência acadêmica desde o ensino básico como o principal valor da Rede de Escolas da Ulbra, mas destacou o acolhimento como um importante diferencial. "Nós temos pessoas muito engajadas e acolhedoras que, na essência, se reuniram para realmente fazer esse acolhimento para os nossos alunos. A gente entrega muito mais do que só um contrato no qual o aluno vai atingir as competências e as habilidades, nós temos o nosso engajamento", conclui Núrfis.
É o que diz também Carin. Para a superintendente, o aprendizado a partir desses valores repercute em poderosos reflexos na sociedade. "A nossa ideia é sempre tratar o indivíduo como único, acolhendo-o com todas as suas diferenças, de forma que se sinta pertencente a uma grande família."
Diferentes horizontes para os educadores
Os novos desafios da educação e os princípios da educação luterana estiveram no centro do debate nas palestras acompanhadas pelos educadores. O pastor Alan Diego Furst, do Colégio Ulbra Cristo Redentor, destacou o fato de a Ulbra ser uma instituição em uma condição de fé, o que permite "olhar todas as coisas de uma certa forma e oferecer uma visão de mundo".
A relação entre questões contemporâneas e a fé cristã marcou o tom da fala de Furst. Traçando um paralelo com a produção de um filme, de forma a se aproximar do público, o pastor explorou uma correlação entre o roteiro e os preceitos de Deus que norteiam o processo educacional da Instituição.
"Quando a gente fala sobre formação, a gente vai além do conteúdo. A escola luterana não é só transmitir conhecimento, mas também nutrir indivíduos que ficam ativamente nessa missão, ou seja, a formação que a gente oferece na escola com certeza vai priorizar todo aquele conteúdo", destacou Furst.
Em sua exposição, o pastor também destacou esse fator, para além da excelência acadêmica, como o diferencial da educação luterana diante dos desafios e problemas enfrentados no mundo inteiro. "Uma educação que se destaca, mas também é uma educação que desenvolve virtude e forma caráter. E a gente consegue formar cidadãos completos para o bem do mundo", conclui.
Um convite para a reflexão
O encontro contou também com a participação de Guto Niche, professor de pós-graduação com foco na gestão da educação. Em sua palestra, abordou os desafios da educação face às transformações sociais e tecnológicas em evidência, além de evidenciar o sentido do educar.
"A linguagem das crianças e dos adolescentes hoje é icônica e a sala de aula ainda trabalha com materiais e linguagens tradicionais, sem pensar que esta geração é muito mais rápida e acostumada com a gamificação das coisas. É preciso 'gamificar' o aprendizado para atrair o aluno para o aprendizado", explicou o palestrante.
Após ter sofrido uma paralisia facial, Niche conta que sua relação com o educar --- e a vida num todo --- se transformou. "Desde então eu sempre dou a minha última aula e, portanto, ela sempre tende a ser melhor. Toda vez que eu entro na sala de aula eu me despeço com a esperança de ser lembrado", conta.
Para Niche, o desejo do professor deve ser o de se eternizar na lembrança do aluno. Citando o epitáfio de Mário Quintana, em que o poeta se eterniza afirmando que não está ali, o palestrante provocou a plateia com uma reflexão sobre a eternidade através do legado e como a educação propicia a formação e a transmissão dessa herança intelectual. "No fim das contas, a gente quer ser lembrado. Então é muito importante que a gente tenha essa noção e queira ficar na história", conclui.
Também participaram do encontro o superintendente de Ensino Básico, André Luiz Palomino Bernardo; o coordenador pedagógico da Educação Básica e Técnica, Maikel Lucas da Silva Nascimento; a diretora do Colégio Martinho Lutero, Arlete Reinhoz Stahl; o diretor do Colégio São Lucas, Everton Vargas; a diretora do Colégio São Pedro, Fabiana Bulsing dos Santos; a diretora do Colégio São João, Luciane Golo Cauduro; e a diretora do Colégio Cristo Redentor, Rosmari Carvalho.
Marcelo Monteiro
Jornalista - MTb. 20.967