Em Manaus
Ulbra sedia Seminário de Integração Ensino-Serviço-Comunidade da Semsa
Diálogos essenciais fortaleceram a saúde e a educação em sociedade
Durante os dias 5, 6 e 7 de junho, o Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM/ULBRA) recebeu o "I Seminário de Integração Ensino-Serviço-Comunidade", coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio da Escola de Saúde Pública (Esap). As atividades oferecidas promoveram um espaço dedicado à discussão e troca de conhecimentos sobre a interação entre a formação acadêmica, os serviços de saúde e a colaboração com a comunidade.
Com o tema "Diálogos que fortalecem a formação e a produção de cuidado na saúde", a iniciativa busca responder às crescentes demandas na área da saúde, especialmente na atenção básica, assegurar atividades contínuas de educação para profissionais, gerenciar cenários de prática para estudantes e desenvolver projetos de extensão e pesquisa na saúde. Com a participação de estudantes, professores, gestores, usuários e pesquisadores, o seminário pretende conciliar diferentes interesses e promover uma articulação interinstitucional para integrar ensino, serviço e comunidade no SUS. A proposta é ressignificar papéis e responsabilidades no processo de aprender, ensinar e cuidar em saúde.
A abertura aconteceu às 14h no Auditório Martinho Lutero, com a presença da secretária municipal de saúde, Shádia Fraxe, diretora da Esap, Karina Cerquinho, presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Elson Moreira de Melo, professora do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), professora da Escola Superior de Ciências da Saúde/UEA, Lihsieh Marrero, professor Associado da Escola de Enfermagem na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e colaborador do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPG Vida, ILMD/Fiocruz Amazônia), Alcindo Antônio Ferla, e o reitor da Ulbra Manaus, Dr. Evandro Brandão.
Ao declarar o início do seminário, a secretária municipal, Shádia Fraxe, destacou a importância da inter-relação entre os órgãos de assistência básica, as instituições formativas dos profissionais de saúde e a comunidade para garantir a prestação de serviços focados nas necessidades da população; "É essencial a integração entre a comunidade, os órgãos e as instituições de ensino para que a população conheça e tenha acesso efetivo aos serviços de saúde oferecidos na rede pública. O seminário promove essas parcerias e essa conexão entre pessoas que tudo acontecer", afirmou.
Para o reitor, Dr. Evandro Brandão, o evento representa a oportunidade de estimular a interação entre a o centro universitário e o público externo; "Quero cumprimentar a secretária, Shádia e todos os componentes da mesa, além de agradecer a equipe da Semsa e da Esap, pela confiança em trazer um evento dessa magnitude para o CEULM. Ter todos vcs hoje aqui reunidos é o maior símbolo de acolhimento que poderíamos demonstrar pois a Ulbra é uma Instituição de porte de universidade pela qualificação dos seus docentes e pelas metodologias que trabalhamos com nossos discentes. Falar em ensino e serviço e comunidade é, antes de tudo, demonstrar respeito e zelo pela vida humana", destacou.
Também participaram representantes de organizações indígenas, entre eles a cacica Kokama, Maria de Jesus Corrêa, também presidente da Associação Beneficente e Cultural da Amazônia (Abcam). "A saúde é muito importante para o meu povo, precisamos de uma saúde diferenciada para os povos indígenas. Hoje buscamos como exercer o direito do acesso à saúde", afirmou.
A atividade seguiu com a conferência "Desafios para a educação e o trabalho em saúde: como 'amazonizar' pensamentos e práticas?", tendo à frente o médico sanitarista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Emerson Elias Merhy, via teleconferência. De destacada atuação na saúde coletiva, ele foi um dos fundadores da Reforma Sanitária, essencial para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), nos anos 1980. A mediação foi do pesquisador da Fiocruz Amazônia, Júlio Cesar Schweickardt.
Um dos destaques do evento foi o Espaço Ermínia Silva, instalado na Área de Convivência do Campus, montado em homenagem à pesquisadora e historiadora do circo brasileiro, que faleceu no dia 13 de março. Integrante da quarta geração de uma família circense, Ermínia nasceu no circo e levou para o mundo acadêmico seu amor por essa arte. O lugar contou com uma exposição de artes intitulada "Faces da Rua", e foi realizada através do projeto "Ciência na Rua", organizado pela Semsa em parceria com a Faculdade de Artes da Ufam e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Com o intuito de promover a visibilidade e o respeito às pessoas em situação de rua como cidadãos, as obras proporcionaram um espaço para a expressão da cultura e das subjetividades dessa população. Além disso, permitiram a reflexão, o acolhimento e a livre expressão durante o período agudo da pandemia da Covid-19, para que essa população saísse da invisibilidade e fosse melhor compreendida e respeitada pela sociedade.
Foram 13 telas criadas pelos participantes, que compreendem diversas formas de expressão do Eu, dos significados da rua sob a ótica das pessoas que vivem nela e dos sentimentos envolvidos durante todo o processo. A exibição também apresentava fotografias produzidas pelos profissionais do Consultório na Rua (EcnAR), que buscam atender para além dos sintomas e dar voz a essas pessoas. Nessa construção, a escuta, o acolhimento e o vínculo são protagonistas do cuidado.
A programação dos dias 6 e 7 incluía mesas-redondas, oficinas, minicursos, seminários, mostra científica, apresentações culturais e espaços de divulgação de instituições de ensino que abrangem a importância da integração entre os espaços acadêmico, institucional e comunitário no cuidado em saúde.
O seminário foi um exemplo bem sucedido de integração ensino-serviço-comunidade e evidencia que a saúde não está restrita às consultas e exames, mas é atravessada por expressões da realidade social e subjetiva. Essa integração evidenciou que o cuidado em saúde deve ser amplo, envolvendo aspectos clínicos, contexto social, cultural e emocional dos indivíduos. A iniciativa contribuiu para o fortalecimento de uma rede de apoio, onde todos os envolvidos -- estudantes, profissionais de saúde, gestores e a comunidade -- possam trabalhar juntos para melhorar a qualidade de vida e promover a saúde de maneira integral e humanizada.
Maria Fernanda Santana - Estagiária de Jornalismo - AM/2024
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