Em Manaus
Ulbra realiza desfile de moda em alusão ao Dia dos Povos Indígenas
O evento aconteceu na quarta-feira em parceria com o Parque das Tribos
O Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM/ULBRA) destacou-se na celebração do Dia dos Povos Indígenas em colaboração com o Parque das Tribos, a maior comunidade indígena do Brasil em variação de línguas e etnias. O evento, realizado no dia 17 de abril, na Área de Convivência (Hall) da instituição, proporcionou uma rica experiência de valorização e reconhecimento das culturas indígenas.
Em um momento de união e representatividade, a programação incluiu diversas atividades significativas. Um desfile de moda, a fim de apresentar uma coleção assinada pela estilista e acadêmica de Enfermagem da Ulbra Manaus, Eliza Sateré, foi uma das principais atrações; "Esta oportunidade representa não apenas uma das mais belas manifestações de nossa cultura, mas também um marco significativo na celebração da moda e da beleza indígena. Estamos imensamente felizes por conquistar este espaço, permitindo-nos alcançar uma visibilidade sem precedentes. Este momento é de grande importância e orgulho não apenas para nós, mas para toda a nossa comunidade, pois demonstra a riqueza e a diversidade de nossa herança cultural", pontuou.
Uma das modelos do desfile foi Sabrina Vilhena, estudante de Enfermagem da Ulbra Manaus. Ela compartilhou sua experiência como acadêmica indígena em uma grande universidade; "Na Ulbra, me sinto profundamente acolhida. Como membro da etnia Mura, oriunda da comunidade Murutinga, este campus se tornou minha segunda casa. Sou a primeira mulher de minha comunidade a adentrar uma universidade, e para mim, o ato de estudar representa um privilégio que muitas outras não puderam desfrutar. Aqui, encontro um ambiente propício para preservar minha cultura e manter minha identidade, ao passo que também me dedico a lutar pelas demais garotas indígenas, buscando abrir-lhes as portas dessa mesma oportunidade. Participar dos eventos promovidos pela Ulbra é uma forma de reafirmar minha identidade e compartilhar minha cultura e minhas raízes com a sociedade. Este é um diferencial do qual me orgulho imensamente", afirmou.
O evento contou com uma vasta programação com exposição e venda de artesanatos, danças indígenas, número musical e um dos destaques da celebração, um workshop com o tema "Entre Dois Mundos: Indígenas na Selva Urbana de Manaus", ministrado pelo Cacique do Parque das Tribos, Ismael Munduruku; "Esta é a segunda vez que marcamos presença na Ulbra em prol de algo tão importante para nós do Parque das Tribos. É nesta universidade que a maioria de nosso povo está presente. Agradecemos por essa parceria especial que tem gerado ótimos resultados em questão de representatividade e visibilidade de nossa cultura. Esperamos que essa colaboração continue a fortalecer nossos laços e a promover a inclusão e oportunidades", destacou o Cacique.
A Ulbra Manaus, reconhecida por sua dedicação à diversidade cultural e étnica, evidencia-se como uma instituição que valoriza e promove ativamente a participação indígena. O Reitor da universidade, Dr. Evandro Brandão, enfatizou o compromisso da instituição em fortalecer os laços com as comunidades indígenas, promovendo a compreensão mútua e a preservação das culturas. "Nossa comunidade se agrega aos povos originários para manter a cultura da nossa região. Logo, ressaltamos nosso compromisso contínuo da instituição com a valorização, o respeito e a preservação das culturas indígenas. A Ulbra tem a responsabilidade de realizar projetos de extensão e eventos como esse para estabelecer uma comunicação mais eficaz com essas comunidades. A partir dessa interação, buscamos proporcionar uma melhor qualidade de vida em um trabalho conjunto, comunitário e cooperativo com as comunidades indígenas do Amazonas, especialmente da cidade de Manaus, como é o caso do Parque das Tribos", ressaltou.
O dia 19 de abril marca o Dia dos Povos Indígenas, uma ocasião destinada a honrar a riqueza cultural das comunidades indígenas do Brasil. Além disso, é um momento para refletir sobre os desafios enfrentados por esses povos e promover a defesa de seus direitos. O último Censo realizado no Brasil, em 2010, apontou que havia quase 900 mil indígenas no Brasil, sendo que, desse total, quase 600 mil viviam na zona rural. A diversidade cultural entre essas populações é vasta, e é crucial preservar suas tradições e modos de vida. Embora o 19 de abril seja tradicionalmente considerado uma data comemorativa, muitos grupos que lutam pelos direitos indígenas veem-na como um momento de reflexão sobre as condições enfrentadas pelos indígenas no Brasil. É uma oportunidade para aprender sobre a cultura indígena, desafiar estereótipos, apoiar a demarcação de terras e reconhecer as diversas formas de violência enfrentadas por essas comunidades em todo o país.
Segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000 existiam 4.397 indígenas matriculados nas universidades; nas últimas duas décadas, um crescimento expressivo foi observado, chegando a 72 mil indígenas matriculados em 2019, de acordo com o Censo da Educação Superior (CenSup). A antropóloga Antonella Tassinari ressaltou que 72% dos indígenas estudam em universidades privadas, por diversos fatores, entre eles a burocracia dos funis de ingresso. Entretanto, de acordo com pesquisas realizadas pelo Centro de Inteligência Analítica, estabelecido pela entidade que representa as instituições de ensino superior no Brasil (Semesp), durante o ano de coleta de dados de 2021, aproximadamente 8,7 mil estudantes indígenas alcançaram a conclusão do ensino superior, o que equivale a apenas 0,7% do total. No mesmo período, o número de calouros indígenas era um pouco superior a 14 mil. Após analisar o período de 2011 a 2021, entre os universitários que finalizaram seus cursos e obtiveram o diploma, prevalece a presença das instituições privadas, responsáveis por 84,4% dos casos, em comparação com as instituições públicas, que representam apenas 15,6%.
Hoje (19), está programado mais um desfile de moda indígena na comunidade Parque das Tribos. O evento contará com a participação de representantes da Ulbra, que estarão presentes para prestigiar e apoiar essa manifestação cultural tão importante. Será uma oportunidade única para celebrar a riqueza da tradição indígena, destacando suas técnicas de tecelagem, padrões ornamentais e o significado por trás de cada peça de roupa. A festividade promete ser não apenas uma passarela de moda, mas também um espaço de encontro, aprendizado e celebração da rica herança cultural dos povos indígenas.
Confira a programação:
16h: Exposição de Artesanato no CAMPUS- HALL
19h30: Abertura; 19h35: Devocional;
19h45: Hino Nacional na língua indígena;
19h50: Fala Reitor;
20h10: Dança indígena;
20h20: Desfile de moda indígena;
20h50: Workshop: "Entre Dois Mundos: Indígenas na Selva Urbana de Manaus", com o Cacique Ismael Munduruku;
21h10: Número Musical;
21h20: Encerramento.
Maria Fernanda Santana - Estagiária de Jornalismo - AM/2024
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