Ulbratech Conecta
Empreendedorismo feminino é pauta do 14º Sarau das Nações
Painelistas abordaram suas experiências e desafios
O empreendedorismo feminino começa antes da ideia ou do início do negócio. Nasce na casa de diversas mulheres que buscam complementar sua renda ou crescer na carreira, se desvencilhando da desigualdade salarial. O empoderamento por meio do trabalho esbarra em diversos desafios, como a busca por espaço de fala e a flexibilidade para encarar a rotina que as mulheres assumem, conciliando casa, família, estudos, sonhos a realizar e filhos para criar, aos quais querem deixar um legado de orgulho e força.
Conciliar um número considerável de responsabilidades, dentro e fora de casa, é uma realidade para mais de 10 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae, com base em dados do IBGE, o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios chegou a 34% no Brasil no ano de 2022.
O painel de Mulheres Empreendedoras da Ulbratech Conecta, que ocorreu no 14º Sarau das Nações, no campus da Ulbra Canoas no dia 27/9, reuniu as empreendedoras Gisele Vidal, Deise Tomazel, Lizandra Barcelos e Iaraci Barbosa para falar sobre suas histórias e desafios. Com o objetivo de trocar experiências e conectar mercado de trabalho e universidade, o evento buscou trazer um espaço de fala e inspiração para mulheres que já possuem ou querem abrir um negócio.
Empoderamento e espaço de luta
A Pró-reitora Acadêmica da Ulbra, Adriana Ziemer Gallert, destaca que o evento está diretamente relacionado com a proposta pedagógica da Universidade. "Nós abrimos um espaço para discussão de gênero quando falamos em mulheres empreendedoras, e temos esse espaço na nossa sociedade como espaço de luta, que precisa ser aberto, evidenciado e discutido. Precisamos compartilhar e discutir histórias de batalha por esse lugar. Isso tudo é a Ulbra, uma Universidade que proporciona discutirmos e pensarmos sobre todas essas questões", ressalta.
Gisele Vidal sempre trabalhou com projetos sociais, é mãe, professora de séries iniciais, funcionária pública de Alvorada, militante há 18 anos do movimento negro, vereadora suplente de Canoas, sendo a primeira negra a assumir na Câmara, idealizadora do Coletivo Empodera On, e atualmente está terminando três faculdades.
"É fundamental estarmos em locais que nos respeitem e se importem com nossas causas. O Empodera On, para mim, é uma forma de compor a renda. Eu amo empreender, penso que isso é acreditar na vida e buscar um objetivo em tudo que a gente faz", destaca.
Deise Tomazel é responsável pela Confraria das Tops, que começou em um grupo de WhatsApp com mulheres que vendiam produtos em geral. Com o tempo, o negócio cresceu e se tornou a maior rede empreendedora feminina de Canoas e a única rede empreendedora feminina segmentada do Brasil.
Lizandra Barcelos é dona do Projeto Hora da Virada Feminina, impulsionando mulheres que querem empreender na internet. E Iaraci Barbosa tem empresa de consultoria em RH e faz parte da diretoria de Identidade da Odabá, organização que fomenta e desenvolve o afroempreendedorismo.
"Antes de empreender eu tinha um bom cargo, com um bom salário, mas havia colegas homens que ganhavam mais. A decisão de estar ali era minha. Eu via colegas meus com menos formação sendo mais valorizados. Então pensei que, se não me deixavam ocupar meu espaço, eu criaria o meu, e foi o que fiz", afirma Iaraci.
O empreender na maternidade
A maternidade se encaixou de diferentes formas no mundo empresarial dessas mulheres. Em comum, todas elas destacam o fato de que os filhos as tornaram mais fortes. A vontade de criá-los com dignidade as fez buscar renda extra, mas, junto a isso, o desejo de deixar um legado de orgulho as incentivou a continuar.
Gisele empreendeu dentro de uma lógica que faz parte da realidade de muitas mulheres. "Precisei complementar renda. Eu tenho um filho de 7 anos, descobrimos cedo que ele era alérgico a leite, ovo e soja. Com essa alimentação restrita, muitas escolas não o aceitavam. Meu empreendedorismo veio quando me tornei mãe. A maternidade e o empreender foram fundamentais para transformar a minha vida. Hoje eu luto por ferramentas de transformação social, quero mostrar para cada uma destas mulheres que elas não são só feirantes, só expositoras, são empresárias que podem viver disso e não só sobreviver disso."
A força que veio com a maternidade também é uma realidade para Lizandra. "Ser mãe nos dá uma força diferente, a maternidade faz isso com a gente, nos dá garra. Meu desejo é que minha filha se orgulhe de mim. Somos uma família de mulheres negras. Quero que ela se inspire, queira trabalhar, estudar e não pare nunca", diz.
Assista ao painel completo aqui.
Thamiriz Amado
Jornalista - MTB 18.872
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