Palestra
História EAD: Aula inaugural aborda a educação clandestina no Brasil
Formação de comunistas brasileiros foi tema de palestra no campus Canoas
O processo pedagógico utilizado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) para formar militantes durante a Guerra Fria foi o tema abordado na aula inaugural do curso de História EAD, realizada na noite da última quarta-feira, 29 de março, no prédio 14 do campus Canoas.
Convidado a palestrar para os alunos da licenciatura, Dr. Éder da Silva Silveira, professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em História da Universidade de Santa Cruz (Unisc), é prata da casa. Egresso da Ulbra, o docente dissertou por mais de uma hora sobre os bastidores da elaboração de seu mais novo livro, Por que Ele?, obra em que resgata a trajetória de Manoel Jorves Teles, dissidente do PCB e colaborador do regime militar instituído no país em 1964.
Na ocasião, Silveira, que lecionou na Unidade por sete anos, lembrou do período em que conheceu Teles, através de um trabalho acadêmico feito na época da graduação e como esse personagem tornou-se o objeto de um amplo estudo biográfico que hoje começa a dar frutos. Manolo, como era chamado Teles pelos colegas militantes, é reconhecido como o delator que entregou a localização do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no caso do massacre da Lapa, operação do exército que resultou na execução de três dos principais dirigentes da sigla, em 1976. Na época, a figura do então operário de uma região carbonífera do Rio Grande do Sul não chamou a atenção de Éder, que só descobriu quem realmente era Manolo quando este já havia falecido, no final dos anos de 1990.
Intrigado, iniciou um processo de investigação que resultou não apenas em uma tese de doutorado, agora publicada no formato de livro, como também em uma linha de pesquisa financiada pelo Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq). Ao longo da minuciosa apuração de informações para a construção do livro, uma frase de um Inquérito Policial Militar do Departamento de Ordem Política e Social do Paraná (DOPS), antigo aparato de repressão da ditadura, foi a chave para os desdobramentos que ocorreriam nos anos seguintes. Conforme o documento, a educação seria a principal atividade dos comunistas brasileiros, uma vez que, por meio dela, os grupos de resistência armada ao regime arregimentavam membros e organizavam suas ações. "Percebi que o partido utilizava os cursos de formação teórica e as viagens internacionais como importantes referenciais pedagógicos para a formação de quadros e dirigentes.", explicou Silveira que, a partir dessa conclusão, decidiu estudar a fundo essas ferramentas educacionais e seu impacto social e histórico. "Com o passar do tempo, os comunistas instituíram uma complexa rede de educação clandestina que foi se reproduzindo na ilegalidade, o seu modus operandi ainda é um campo a ser desbravado em termos de pesquisa, é isso o que eu e minha equipe queremos mudar", comentou o estudioso em dado momento da palestra.
Acompanhada por um auditório lotado, a conferência foi vista como uma conquista pelo coordenador do curso de História EAD, professor Rodrigo Lemos Simões. "O tema possui uma relação muito forte com diversas disciplinas ministradas na graduação, talvez, por isso, a palestra do Dr. Éder tenha sido tão aguardada por nossos alunos. Felizmente, conseguimos um espaço em sua agenda e hoje ele pôde estar presente nessa aula inaugural", celebrou o docente ao término do evento.
Marcus de Freitas Perez
Jornalista MTb 17.602
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