Na busca por um tratamento eficaz contra a COVID-19, diversos brasileiros têm se automedicado com coquetéis de remédios indicados em correntes pela internet. A falta de comprovação científica é um problema que pode colocar em risco a saúde dessas pessoas e tem movimentado pesquisadores em estudos que buscam verificar se esses medicamentos podem ajudar no combate à doença. É o caso da ivermectina, uma droga antiparasitária que passará por testes nos próximos três meses.
O estudo clínico foi proposto pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e contará com especialistas de outros quatro estados: Ceará, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Entre os profissionais, está o professor da Ulbra, Claudio Stadnik, que atua como médico infectologista da Santa Casa de Porto Alegre, um dos locais que fará a análise dos testes. O pesquisador considera que a ideia de verificação da eficácia do medicamento é mais razoável do que a proposta da cloroquina e da hidroxocloroquina. "Os efeitos colaterais são bem menores, além de ser tão barato quanto. Mas só o ensaio poderá nos dizer se tem efeito prático", explicou.
Os rumores sobre a ivermectina começaram a surgir em abril, quando um estudo realizado na Austrália apontou que a droga reduziu a replicação do vírus nas células, em testagem in vitro. No entanto, ainda não há estudos robustos em humanos, tornando difícil a afirmação de que o remédio realmente pode ser a solução para o tratamento dos pacientes da COVID-19. Isso deve ser esclarecido no estudo proposto pela equipe, que será divido em três fases: duas para analisar a transmissibilidade, com 700 participantes, e outra para estudar o tratamento com 200 pessoas infectadas pelo vírus.
Para que serve a ivermectina?
Antes de ser cogitada para o tratamento de pacientes da COVID-19, a ivermectina já era utilizada no tratamento de infestações por piolhos, sarna, oncocercose, estrongiloidíase, tricuríase, entre outras condições causadas por vermes ou parasitas. O fármaco pode ser aplicado na pele ou ser ingerido via oral.
Quem é o professor da Ulbra que fará parte da equipe de pesquisa?
O professor Claudio Stadnik é médico desde 1993. Possui especialização com residência médica em Clínica Médica. Desde 2011, é mestre em Epidemiologia. Atualmente, é doutorando em Patologia. Tem atuação na área de infectologia, principalmente epidemiologia e controle de infecção e Aids.
Stadnik foi presidente da Associação Gaúcha dos Profissionais em Controle de Infecção Hospitalar (AGIH), entre 2003 e 2005. Atualmente, o docente é médico do Serviço de Controle de Infecção do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, atuando na área de infecções em transplantes e imunossuprimidos. Também é coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do mesmo hospital.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS