A dramática falta de sedativos para a intubação de pacientes graves da Covid-19, em Canoas, fez com que o Hospital Veterinário da Ulbra se adiantasse na liberação do seu estoque para o uso nos hospitais do município. Desde os primeiros dias do mês, a prefeitura já vem enfrentando problemas para arranjar os anestésicos, devido à explosão do número de internações. Atualmente, o sistema de saúde da cidade já está com ocupação próxima ao seu limite máximo.
Num primeiro momento, a Secretaria Municipal de Saúde estava recolhendo os medicamentos em clínicas particulares e pet shops, mas, ciente da necessidade e da urgência, a direção do Hospital Veterinário procurou o órgão e se prontificou a fornecer 95% do seu estoque. Ao todo, 75 frascos de fentanil e 310 de propofol foram cedidos ao município. "Quando soubemos que pessoas não estavam sendo intubadas por falta de sedativos, nós imediatamente procuramos a direção do campus, que fez a interlocução com a reitoria e a prefeitura".
O diretor do HV salienta que a agilidade é crucial para salvar vidas. "Entre o primeiro contato e a liberação do nosso estoque, tivemos um intervalo de menos de 12 horas. Nós, que trabalhamos diariamente com a medicina, sabemos que o tempo é fundamental para as equipes que estão tratando essas pessoas. E também há a angústia de médicos e enfermeiros, que não estavam conseguindo fazer o seu trabalho, então evitar burocracias foi a nossa prioridade", ressaltou.
Aguiar esclarece também que, apesar de ser utilizado nos procedimentos realizados em animais do HV, os sedativos entregues à prefeitura podem ser administrados em humanos, sem oferecer qualquer tipo de risco. "Os medicamentos que nós utilizamos são os mesmos, eles são comprados em laboratórios de linha humana. É o mesmo produto".
Baixa no estoque não afeta os trabalhos do Hospital Veterinário
Questionado sobre o impacto da operação realizada junto à Secretaria Municipal de Saúde, o diretor do HV enfatizou que, neste momento, não há qualquer alteração significativa para o hospital, pois o mesmo se encontra fechado desde o início da pandemia. "Como somos um hospital-escola e as aulas práticas estão temporariamente suspensas, nós optamos por fechar ele neste momento", explicou.
De acordo com o dirigente, a urgência para salvar vidas é o mais importante, tendo em vista o possível colapso do sistema de saúde do município. "Pela função social que a Ulbra e o HV têm, é evidente que temos que ser solidários neste momento. Então, agora, vamos pensar primeiro na parte humana, onde há pessoas sofrendo e com necessidades emergenciais".
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS