No meio de uma pandemia, tratando de um vírus desconhecido, ainda temos mais dúvidas do que respostas conclusivas, e a efervescência das redes sociais dissemina este sentimento com eficácia e rapidez. Somos bombardeados diariamente por notícias acerca deste novo vírus e dos impactos que o mundo vem enfrentando. Para contextualizar a respeito da relação entre o enfrentamento dos países contra a COVID-19 e o meio ambiente, o docente do curso de Biologia da Ulbra, Rivaldo Raimundo da Silva, explicou alguns conceitos.
Inicialmente, é preciso destacar que, segundo o biólogo, na gestão ambiental o termo impacto se refere a qualquer alteração nas condições naturais de um determinado local. Esta pode ser negativa ou positiva, tendo efeito momentâneo ou permanente, duração de curto, médio ou longo prazo e possibilidade, ou não, de reversão.
"Ainda é muito cedo para qualquer tipo de conclusão afirmativa sobre as consequências ambientais dessa pandemia." Entretanto, Rivaldo destaca, ainda, que se pode inferir que a redução do fluxo de pessoas, por exemplo, em ambientes turísticos de atrativos naturais vem tendo reflexo atualmente. Segundo ele, temos uma redução da pressão antrópica sobre a biota (fauna e flora) e sobre o ambiente como um todo. "Isso é considerável especialmente quanto a problemas como o descarte de lixo e a interação de pessoas e/ou pets com a fauna nativa."
Outros pontos salientados são a questão do barulho e a disputa por espaço físico. Em alguns locais, portanto, o silêncio e a calmaria estão deixando os animais à vontade para se alimentar e ocupar o território. "Neste sentido e ponto de vista estritamente ambiental, o isolamento humano tem sido bom para estes ambientes, que, de certa forma, estão respirando um pouco mais."
Produção e consumo de energia no isolamento
Enquanto vários estão em casa e as indústrias com atividades paradas, a utilização de recursos naturais muda de foco. A presença das pessoas em suas residëncias representa uma maior produção de lixo doméstico, porém, o fechamento dos ambientes de trabalho diminui a quantidade de resíduos industriais, segundo o mestre. Apontou, ainda, que é necessário um estudo apurado para entender o balanço na produção de lixo, da mesma forma como no gasto de energia elétrica e água, levando em consideração a redução da atividade industrial.
Para ele, a produção de alguns resíduos de fato teve um aumento, a exemplo dos produtos relacionados à higienização. Todavia, outros reduziram, como o consumo de artigos de vestuário. "Neste momento é mais importante ter álcool em gel e sabão do que um sapato novo."
O que acontece com o lixo hospitalar neste período?
Por questões de necessidade, o lixo hospitalar teve um incremento na sua produção, mas ainda não existem dados que permitem concluir sobre a capacidade de coleta e destinação desse material neste momento. Entretanto, conforme o biólogo, a regra geral baseia-se na lei de recolhimento e destinação ambientalmente adequados, que, em situações de emergência, pode suceder em falhas. "Devemos levar em consideração que quem atua nos ambientes hospitalares está sobrecarregado. Além disso, temos a geração doméstica de alguns destes itens e que, como regra, são descartados no lixo comum."
Considerações e dicas de utilização ambientalmente correta dos recursos
"Não podemos sair desta pandemia pior do que entramos." A partir da afirmação, destacou que, em partes, a pandemia é fruto do nosso modelo de vida e da forma negativa com que lidamos com o planeta. "O número de pessoas que ainda não se deram conta de que o nosso modelo de vida é insustentável ainda é muito grande."
Por fim, Rivaldo explica que, para se realizar um consumo consciente, servem as mesmas regras de antes da pandemia, ou seja: aproveitar água da chuva para lavar veículos, calçadas, etc.; usar energia solar sempre que possível; e fazer-se valer do mantra reduzir, reciclar, reutilizar e repensar.
Emily Ebert
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas