A fisioterapia é um dos caminhos fundamentais para a recuperação de pacientes da COVID-19 após a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A sedação e intubação, necessárias para os casos mais graves que necessitam de ventilação mecânica, inibem a movimentação natural do paciente, causando uma perda progressiva das forças motoras ao final do processo.
Segundo o docente do curso de Fisioterapia da Ulbra, Luciano Donde, todo o indivíduo que passa por uma internação na UTI, seja por um período curto ou prolongado, sofre um declínio funcional. "É uma queda da qualidade de vida e de seu desempenho nas atividades básicas. Nisso a gente engloba, por exemplo, tomar banho, que pode acabar sendo extremamente cansativo para este paciente."
Conforme o docente, mesmo com a fisioterapia desde o início da internação, incentivando e estimulando os músculos do paciente, é natural que ocorra uma perda muscular. Luciano aponta que, segundo estudos, o músculo interno da coxa, por exemplo, que é um dos principais para nos colocar em pé, perde cerca de 3% de sua força por dia, quando há inatividade. "Então, o paciente que fica mais tempo acamado, tem um declínio considerável dessa funcionalidade." Além disso, pacientes contaminados pelo novo Coronavírus apresentam, ainda, uma série de problemas respiratórios em decorrência de sequenciais inflamações pulmonares.
Internação por COVID-19 é mais deteriorante?
Segundo Donde, se já encontra-se dificuldades na recuperação de pacientes pós-UTI não reagentes para COVID-19, os reagentes podem apresentar dificuldades ainda maiores. Isso seria explicado por conta da dispnéia, ou seja, alterações que comprometem o funcionamento dos pulmões. "Se a gente pensa em um paciente que entrou na Unidade já apresentando esse cansaço, provocado pela falta de oxigenação correta, temos que imaginar ele depois de dias internado, onde esse processo de cansaço vai gerar uma maior perda de forças."
Fisioterapia respiratória durante a recuperação
A necessidade de se realizar constantes fisioterapias respiratórias após a alta, para o profissional, é em decorrência das inflamações pulmonares que o novo Coronavírus provoca. "Os pulmões, que têm vários alvéolos, precisam receber o oxigênio do ambiente e liberar o gás carbônico, o que chamamos de troca gasosa. O pulmão afetado pela COVID-19 apresenta uma grande dificuldade de realizar este processo."
Uma das funções desta fisioterapia em específico é manter aberto ou reabrir aqueles alvéolos mais afetados, e que consequentemente não conseguem mais se expandir. "Só o fato de treinarmos o paciente para respirar mais fundo, é justamente para isso, fazer entrar uma maior quantidade de oxigênio e forçar a abertura destas cavidades que estão fechadas ou fechando."
O fisioterapeuta destaca que os exercícios para pacientes em processo de recuperação devem começar de forma progressiva, buscando evitar a fadiga do indivíduo. "Fazemos assim para que, com o tempo, ele consiga realizar as suas atividades básicas com mais qualidade e sem cansaço exacerbado."
Exercícios caseiros para aumentar a capacidade pulmonar
Conforme o docente, a prevenção pode diminuir a necessidade de internação e, consequentemente, de precisar realizar fisioterapia. Isto serviria tanto para os não infectados quanto para aqueles que apresentam o vírus mas ainda não necessitam de ajuda médica. Confira algumas dicas:
Em uma garrafa de água com aproximadamente 500ml de capacidade, insira um canudo de diâmetro médio e encha com água até a altura do rótulo. Puxe o ar pelo nariz, e a expiração deve ser soprada no canudo. A vibração que as bolhas farão na água é transmitida para os pulmões, e, se ali houver alguma secreção, ela irá vibrar e sairá com mais facilidade através da tosse.
Puxar o ar o mais fundo possível, forçando a entrada de uma maior quantidade nos pulmões. Quando soltar o ar, a chance de ele carregar um maior número de secreções, aumenta.
Soprar também é uma atividade que pode auxiliar neste momento. Como: Soprar balões, língua de sogra, etc.
Emily Ebert
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas