Testagem da população, estrutura dos hospitais e a reabertura econômica foram alguns dos temas abordados pelo professor e médico infectologista Alessandro Pasqualotto no primeiro seminário online realizado pelo Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde (PPGBioSaúde) na noite desta terça-feira, 28. O evento foi mediado pela professora Melissa Camassola e foi aberto somente aos alunos e egressos do programa de pós-graduação.
Trabalhando em uma equipe que analisa uma média de 150 amostras diariamente, Pasqualotto relatou as dificuldades no diagnóstico rápido e preciso dos casos suspeitos de COVID-19. Os testes, chamados de RT-PCR, estão sendo feitos apenas em pacientes que apresentam sintomas da doença, o que explica o baixo número de casos confirmados até o momento no país. "Eu gostaria de ver a população toda sendo testada com o PCR, mas isso seria uma operação de guerra, muito complexa e cara. Para um país como o nosso, com tanta gente, é algo muito improvável. Num contexto de escassez de insumos, nós temos que ter os exames (PCR) para quem está doente", explicou na transmissão por videoconferência.
Expectativa para os próximos meses no RS
Sobre o que espera para os próximos meses no estado, o infectologista apontou que vem acompanhando a evolução dos casos em Porto Alegre, onde a maioria dos gaúchos com a COVID-19 estão. "Vejo em tempo real o preenchimento das vagas de UTI em Porto Alegre e a situação ainda não aponta muitos casos de COVID-19. Os leitos não estão lotados. O Moinhos de Vento, por ser um hospital de elite, é quem tem um número maior de casos, mas o restante registra pouquíssimos casos na UTI. No entanto, com a reabertura da economia, vai ter mais vírus circulando. Se vai explodir, se vai faltar UTI, nós vamos ter que ir monitorando, na medida em que as coisas forem acontecendo."
Para Pasqualotto, as próximas semanas serão cruciais para traçar qualquer panorama sobre o que virá. "Acho que a segunda quinzena de maio vai ser um grande termômetro para a gente. Apesar de uma preocupação com a superfície, a maioria dos casos que eu vi foram transmitidos de pessoa para pessoa, por um contato próximo. O distanciamento social vai ter que ser mantido, com pessoas de máscara, porque as pessoas vão estar transmitindo menos, e manter também as questões de higiene. No inverno, penso que já estaremos mais preparados para isso, apesar da menor disponibilidade de leitos", completou.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS