O surgimento de um vírus completamente desconhecido da maioria da população global fez com que muitas perguntas surgissem em torno do comportamento dele e até mesmo de outros tipos de vírus já conhecidos, como o HIV ou a catapora, por exemplo. Por se tratarem de inimigos microscópicos, que não conseguem ser vistos a olho nu, a preocupação é ainda maior em torno deles.
Para explicar como um vírus se mantém vivo e se reproduz rapidamente, a professora dos cursos de Licenciatura da Ulbra e bióloga Letícia Azambuja contou o passo a passo da vida desses microorganismos nos seus hospedeiros. E essa é uma das peculiaridades desses parasitas, que necessitam de um outro organismo vivo para sobreviverem e se reproduzirem. "Diferentemente das bactérias, os vírus não têm células, eles são compostos por DNA ou RNA e cobertos por uma camada de proteína, então só conseguem se manter vivos dentro de um hospedeiro", destaca a docente do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Ulbra.
Dentro desse hospedeiro, o vírus invade as células e encontra condições de se reproduzir. "Isso acontece porque os vírus, nesse momento, conseguem controlar a reprodução das células, injetando o material genético viral (DNA ou RNA), fazendo com que essas células reproduzam esse mesmo material em outras células". Essa expansão rápida, segundo a professora, deu origem ao termo "vírus de computador", pois é bem semelhante ao que acontece nos sistemas computacionais.
O tempo de vida de um vírus e como combatê-lo
Os exemplos de vírus são diversos, vão desde doenças antigas bem conhecidas como catapora, caxumba e sarampo, até mais novas como zika, chikungunya e a COVID-19. O tempo de vida desses microorganismos pode variar bastante de acordo com o tipo de vírus e o que já se conhece sobre eles por meio de pesquisas e estudos. "O HIV, causador da Aids, por exemplo, é um vírus bem conhecido e tem um tempo de vida curto fora do hospedeiro, em média ele consegue sobreviver até uma hora em ambiente externo", explica.
Essa certeza já não pode ser aplicada ao novo coronavírus, que causa a doença chamada COVID-19, ressalta a bióloga. "É um vírus que ainda está sendo pesquisado, pois ele é novo enquanto parasita humano. Mas, de acordo com o que já foi descoberto em pesquisas recentes informadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), não se sabe ao certo quanto tempo o vírus que causa a COVID-19 sobrevive em superfícies. Ele parece se comportar como outros coronavírus que podem persistir nas superfícies por algumas horas ou até vários dias", observa.
"Isso pode variar conforme diferentes condições, como o tipo de superfície, a temperatura ou a umidade do ambiente", explica. "Se você acha que uma superfície pode estar infectada, limpe-a com um desinfetante simples (água sanitária) para matar o vírus e proteger a si e aos outros. Também lave bem as mãos com água e sabão, use um higienizador à base de álcool, evite tocar nos olhos, boca ou nariz", recomenda a professora.
Nesse caso, sabão e desinfetante são indicados porque os vírus têm uma camada de proteína e lipídios (gordura) que protege o material genético viral. "Essa camada sendo de gordura é desfeita pela ação do sabão e desinfetante", completa a docente.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS