Nos últimos dias, profissionais da saúde, cientistas políticos e economistas têm quebrado a cabeça para entender quais serão os impactos da chegada do novo coronavírus (COVID-19) ao país. Com o dólar passando dos R$ 5, a Bovespa já teve que interromper suas operações cinco vezes em apenas oito dias.
Para entender um pouco sobre o funcionamento do mercado financeiro e como ele reage às pandemias, o professor da Ulbra Canoas, o economista Sandro Wollenhaupt, destacou que é difícil mensurar o impacto causado pela doença, tendo em vista que não chegou ao pico de infecções em território nacional. "Nesse momento, não é possível determinar, pois tudo vai depender da duração dessa pandemia. O que sabemos é que nenhum país passará ileso por essa crise, ainda mais o Brasil, que possui muitos negócios com o epicentro da doença", observou.
Segundo o docente, alguns setores devem sofrer mais do que outros. "O setor aéreo, de turismo e as empresas que importam componentes para a fabricação de bens de consumo devem sofrer com essa pandemia. Os setores ligados à mineração e ao petróleo também devem ter problemas com a retração da demanda no mercado internacional", afirmou Wollenhaupt, que considera natural que o mercado acionário tente se proteger dessa possível redução na atividade econômica mundial, vendendo muitas ações e fazendo com que os preços delas caiam, desvalorizando as empresas.
Medidas que devem ser adotadas para atenuar danos
Nesta segunda-feira, 16, o ministro da economia Paulo Guedes anunciou medidas emergenciais que prometem injetar até R$ 147 bilhões no mercado brasileiro e conter os impactos do novo coronavírus. O professor Sandro Wollenhaupt considera que, além disso, a pasta deve fazer um novo corte nos juros básico para estimular a econômica e também flexibilizar regras de depósitos compulsórios para beneficiar financiamentos no país. "O tipo de medida escolhida depende de cada momento, mas a tendência é que as ações sejam voltadas nesse sentido, pelo menos por agora", avaliou.
Em relação à revisão da PEC do Teto de Gastos, que volta a ser discutida nos bastidores, e é um entrave para aportes maiores do governo federal, ele preferiu descartar a possibilidade. "É necessária a manutenção, diante do forte problema fiscal do país. Com essa dificuldade nas contas públicas, o governo não tem como abrir mão de receitas com corte de tributos", finalizou.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS