A informação tem sido uma imprescindível aliada da população em tempos de coronavírus. E é justamente por estar engajada em somar esforços para a contenção da epidemia que a Ulbra promoveu nesta terça-feira, 17, uma live em sua página do Facebook com o médico infectologista, mestre em Epidemiologia e professor do curso de Medicina, Claudio Stadnik.
Em 30 minutos de transmissão, o especialista respondeu dúvidas dos seguidores da página da Universidade na rede social. Em apenas seis horas de publicação, o vídeo teve o alcance de mais de 6 mil pessoas e mais de 2,1 mil visualizações. A produção foi da Assessoria de Comunicação Social do campus Canoas e da Gerência de Comunicação e Marketing.
Confira algumas dúvidas respondidas pelo médico:
Por que os idosos estão no grupo de risco do coronavírus?
Para cada vírus que surge, ou para cada doença, a gente encontra fatores de risco relacionados a má evolução ou a mortalidade. No caso deste coronavírus, especificamente, a idade está muito bem relacionada à mortalidade, ou seja, nitidamente enquanto vai aumentando a idade, vai aumentando a mortalidade. Então, quem tem acima de 80 anos, a mortalidade é em torno de 15 a 20%. Ou seja, embora as pessoas não percebam a gravidade do percentual, é um número bastante elevado para uma doença.
Tem algum fator específico que coloque esse público de idosos ou doentes crônicos no grupo de risco?
Quanto à idade, a gente ainda não tem certeza, pois é algo muito novo. A gente não tem certeza quais são os mecanismos, o porquê disso estar acontecendo. Agora, quanto às outras novidades, como para diabéticos, hipertensos, doenças cardíacas e imunossuprimidos, a gente sabe que por, obviamente diminuírem as defesas, e pelo coronavírus causar uma síndrome respiratória, diminuindo a oxigenação do sangue, pessoas que têm essas doenças acabam tendo um desfecho pior.
Quanto tempo deve durar esta pandemia?
A gente tem uma previsão que com os outros vírus da influenza as epidemias duram de 6 a 8 semanas. A nossa experiência com a influenza é em torno de dois meses. Eventualmente, para esta epidemia pode ser um pouco mais ou até um pouco menos.
Somente álcool em gel 70% funciona, ou o 46% também serve para a higienização?
O álcool 70% é provado que funciona bem para a higienização, a 46% ou qualquer álcool menos de 70% não vai ter a mesma eficácia. É melhor do que nada, mas não vai ter a mesma eficácia.
Em que ocasião se deve utilizar a máscara?
O uso da máscara é muito indicado para os profissionais de saúde quando vão atender as pessoas que estão doentes, e para os doentes quando forem sair e se expor em contato com outras pessoas, pois evita que eles espalhem muito vírus ao seu redor. Os profissionais de saúde porque vão ter que atender aquela pessoa, vão tocar naquela pessoa. O uso da máscara fora dessas situações não está comprovado de que funcione realmente e se, por acaso, fosse usá-la, seria em momentos de alto risco, por exemplo, em um aeroporto, pegando malas, em contato com centenas de pessoas. Além disso, alguns dizem que até é prejudicial, pois levamos a mão ao rosto todo momento para consertar ou arrumar a máscara, e o que mais transmite não é a parte respiratória, e sim as mãos. Outro problema nessa utilização é a quantidade limitada da mesma.
Existe alguma medicação indicada em casos de contaminação? Explique um pouco mais sobre a questão do Ibuprofeno.
Na verdade, alguns estudos mostram que o Ibuprofeno pode até piorar a situação do coronavírus porque, como ele é um anti-inflamatório, ele diminui a reação inflamatória e ele diminuiria nossa resposta imune ao vírus. No entanto, isto ainda não foi comprovado em estudos com seres humanos.
Os fumantes também estão enquadrados nos grupos de risco?
Sim, são considerados em fator de risco porque o fumante funciona como tendo uma doença crônica também.
Paola Altneter
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas