Depois de proferir magnífica palestra sobre a importância da boa comunicação a todas as pessoas, mas especialmente às formadas em Direito, o professor e advogado Ironi Andrade concedeu-nos esclarecedora entrevista. Vamos a ela:

Assessoria de Imprensa: Qual a importância da oratória na carreira jurídica?

Prof. Ironi Andrade: A habilidade da boa expressão oral, mas também escrita, por experiência própria, é tão fundamental quanto o domínio da legislação, da doutrina e da jurisprudência, na carreira jurídica. Infelizmente, as faculdades de Direito continuam formando especialistas na área jurídica, mas, ao mesmo tempo, descuram totalmente da comunicação. De que adianta, afinal, um profissional da área de Direito conhecer a lei, a jurisprudência e a doutrina se, na hora de defender um constituinte, não souber aplicá-las, quer de forma oral, quer de forma escrita? De absolutamente nada! Eu -- o último dos românticos, como meus amigos costumam chamar-me -- ainda sonho com um curso de formação jurídica que contenha no seu currículo quatro semestres de Português Jurídico-Judiciário, quatro semestres de Redação Aplicada ao Direito e, no mínimo, dois semestres de Oratória. Aí, inclusive, os egressos do curso passarão nas provas da OAB também. Hoje, penam tanto quanto penam porque não sabem pôr no papel aquilo que aprenderam na teoria. E, se não sabem para a prova da Ordem, saberão no exercício profissional, definitivamente não!

Assessoria de Imprensa: Para o estudante do curso de Direito, quais as habilidades mais importantes?

Prof. Ironi Andrade: O aluno do curso de Direito precisa, urgente, pronta e imediatamente, desenvolver as habilidades de leitura e de busca de conhecimentos por conta própria. A experiência demonstra que, uma vez optando pelo curso de Direito, opta-se, automaticamente, pela leitura e pela busca incessante e permanente de complementação de conteúdos e de atualização legislativo-doutrinária. É claro que essa necessidade não é exclusiva da carreira jurídica, mas é claro, também, que ela se acentua mais nesse campo profissional. Então é necessário treinar logo, cedo, bem cedo. Além disso, é fundamental, durante o curso, e na vida afora, desenvolver a habilidade da humildade: saber ouvir, saber falar, saber escrever, saber ouvir os conselhos dos anos e trabalhar, trabalhar muito e incessantemente. É fundamental, então, que o estudante de Direito habitue-se logo com o que lhe é indispensável, quer na formação, quer na carreira profissional.

Assessoria de Imprensa: O que você diria para um vestibulando que gostaria de cursar Direito, mas está em dúvida?

Prof. Ironi Andrade: Bem, primeiramente, eu procuraria, com a experiência que tenho, sondá-lo a fim de descobrir realmente o porquê de seu "gostaria de cursar Direito". Questioná-lo-ia acerca da visão realística de que ele disporia acerca da carreira futura, pois muita gente, infelizmente, ainda escolhe o Direito pela pomposidade da palavra "Direito". Daí, formada uma convicção, eu daria a maior força ou, então, desaconselhá-lo-ia a prosseguir em sua intenção. No caso de ver sinceridade e vocação no intento, mostrar-lhe-ia um leque enorme de possibilidades que se descortinam ao final de um curso feito com entusiasmo, dedicação, busca e coragem. Abrir-lhe-ia o leque dos concursos públicos -- para onde estão-se encaminhando mais de 70, a cada 100 alunos do Direito -- e o leque, riquíssimo, da advocacia propriamente dita. Fá-lo-ia ver que, dentre todas as possibilidades acadêmicas, sem dúvida o Direito é uma das mais ricas, mais belas, mais promissoras e de possibilidades mais amplas. Com certeza, convicto da vocação do consulente, fá-lo-ia sair correndo a fim de não perder o prazo de inscrição ao vestibular. Afinal, é convicção minha o fato de que é de inestimavelmente enorme o futuro nessa área do saber.