Uma noite voltada à discussão da violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes oportunizou a busca por soluções que ampliem o amparo às famílias que sofrem esse tipo de violência. O III Seminário de proteção da criança e do adolescente vítima de violência foi realizado na segunda-feira, 20 de junho, no salão de Atos da ULBRA Carazinho. A realização do evento foi uma parceria entre o CREAS, Prefeitura Municipal de Carazinho, Curso de Direito da ULBRA Carazinho, Núcleo de Atendimento ao Cidadão e Observatório da Violência e dos Direitos Humanos, ambos os projetos de extensão do Curso de Direito da ULBRA Carazinho. A palestrante convidada para abordar o assunto com toda a atenção que ele merece, foi a professora do programa de pós-graduação em Serviço Social da PUC-RS Patrícia Crieger Grossi, Doutora em Serviço Social pela University of Toronto. Após a palestra, o público pode participar com questionamentos para complementar o debate sobre o assunto. Para mediar o debate, estavam presentes o coordenador do curso de Direito da ULBRA Carazinho, professor Ronaldo Laux, e a coordenadora do CREAS Carazinho e coordenadora do evento, Geovana Gasparotto Prate. Na abertura do evento, o Diretor do Campus Carazinho, Valdemar Sjlender, explanou que a responsabilidade de uma universidade é muito grande, pois é através de seus acadêmicos, futuros profissionais, que quando colocados no mercado de trabalho, se tornam comprometidos com o bem estar da comunidade, com um olhar que vai além do técnico. "Abordar esse problema envolve muitos olhares, e com o apoio do ambiente acadêmico, exploramos o assunto sob o olhar da Enfermagem, Serviço Social e Direito. Estas variadas perspectivas contemplam uma solução, pois é preciso que não apenas sejam apontados os problemas, mas que se construam caminhos para vencer as dificuldades através de uma visão multidisciplinar", expressou Sjlender. Patrícia Crieger Grossi palestrou para o público presente, entre acadêmicos e profissionais da área. A professora iniciou trazendo a questão da violência contra as crianças e adolescentes, conceituando a diferença entre o abuso sexual e a exploração sexual. Ela trouxe também a importância de uma rede de prevenção, através de uma atuação interdisciplinar e intersetorial. "A violência e o abuso sexual está inserido numa teia de relações estruturais, culturais, econômicas, políticas e psicológicas. É multifatorial e essa complexidade tem que ser entendida. Ela está muito relacionada com a violência estrutural, não acesso aos bens e serviços e pobreza", destacou a assistente social. Conforme Patrícia são necessárias outras políticas para poder dar conta do enfrentamento da exploração sexual. "Devemos romper esse silencio, porque 80% dos abusos sexuais são cometidos por membros da família. E a denúncia é mais difícil, por ser um conluio, a criança se sente muito desconfortável na posição de denunciar, acha que vai destruir o lar e a família", completa ressaltando a importância de denunciar esses casos. Egressa da ULBRA, a assistente social do CREAS, Geovana Gasparotto, acrescenta que o número total de famílias atendidas pelo CREAS é de 143, entre estas, crianças e adolescentes vítimas de violência sexual correspondem a 59. "Às vezes a gente pensa que não é uma realidade muito presente, mas os dados mostram o contrário. Deve-se ter em vista a subnotificação, são casos que não são denunciados", explicou Geovana. O coordenador do curso de Direito da ULBRA Carazinho, Ronaldo Laux, complementou que o evento é importante em si mesmo pelo tema violência contra crianças e adolescentes, pois é algo que acontece na comunidade. "No curso de Direito esse assunto é estudado em diferentes disciplinas, tanto na área de penal quanto de família. Mas nem sempre o acadêmico pensa no caráter concreto desse assunto. Violência é algo que se estuda abstratamente e às vezes se esquece de ver a questão concreta", conta destacando que esse debate é fundamental para humanizar a visão que o aluno de Direito deve ter do assunto.

O seminário foi realizado no Salão de Atos da ULBRA Carazinho.