07/11/2012 14:38
- ULBRA CARAZINHO
Na noite de quarta-feira, 1° de junho, os acadêmicos do curso de Design da ULBRA Carazinho participaram de uma palestra sobre a História de Carazinho com Odilo Gomes, advogado, professor aposentado, poeta e escritor. Toda a turma da disciplina de História da Arte Estética, ministrada pela professora Ilse Ana Piva Paim, acompanhou atenta a explicação do palestrante.
Enquanto um aluno filmava ininterruptamente cada detalhe da palestra, seus colegas mal piscavam para não perder cada gesto poético proferido pelo trovador. A Professora iniciou a aula declarando que temos histórias em Carazinho que não conhecemos, assim como temos histórias em nossa família que não conhecemos, e conhecer faz com que possamos valorizar. Somos aquilo que construímos. A história nos auxilia a memorizar nosso feitos.
Ricardo Schwingel, 26 anos, considerou interessante conhecer um pouco da historia do município. "Vai ficar marcada essa breve experiência, pude tirar muito proveito, ele foi feliz em situar a cidade de Carazinho no contexto da história do Rio Grande do Sul e do próprio país. A cidade foi fundamental na intervenção das revoluções e hoje se ostenta em forte desenvolvimento".
Odilo iniciou a palestra dizendo que só se ama aquilo que se conhece. "Uma verdade assim se encerra presa em cada memória. Não nasci em Carazinho, nasci às margens do Rio dos Sinos, vivo às margens do Rio da Várzea há mais de 50 anos", declamou. Para contextualizar Carazinho, o professor aposentado abordou com precisão todas as datas e detalhes envolvendo a descoberta da América, o Tratado de Tordesilhas e a Cia de Jesus.
Conforme o palestrante, em Carazinho, Santa Tereza e São Carlos do Caapi estavam entre as 18 reduções jesuíticas do Estado, reduzindo os índios que viviam soltos para ensinar-lhes agricultura e arte. As duas reduções na região foram instaladas em Pinheiro Marcado. "Em 1.642 todas as reduções foram apagadas, a partir de 1860 foram fundadas outras reduções jesuíticas, e Carazinho ficava no território de São Lourenço entre as sete novas reduções".
O ápice da palestra foi quando detalhadamente Odilo contou como a história do município aconteceu. "Um outro caminho para chegar a São Borja que passasse pelo litoral, traçado por Atanagildo Pinto Martins. Este, passando pela região, encontrou campos muito propícios para a criação de gado. Seu irmão pediu uma semana para se estabelecer na região de Pinheiro Marcado para criar gado, fundando a fazenda São Benedito. Alferes Rodrigo Pinto Martins começou a agricultura nas terras onde hoje é o território de Carazinho.
Em 1872 aconteceu um fato importante na história de Carazinho, como a atual avenida principal, na época era uma cancha de corrida de cavalos, Pedro Vargas se impressionou com a vista panorâmica e exclamou "Que lugar mais lindo para se erguer uma capela" e estendeu o poncho no chão para nele arrecadar dinheiro para a construção da primeira capela, posteriormente igreja ,do que viria depois a ser Carazinho. "O padroeiro dessa Capela tem que ser Nosso Senhor de Bom Jesus" exclamou Pedro Vargas.
Odilo movimenta a turma ao explicar que Carazinho era para se chamar Assisópolis, a cidade de Assis, comandante na Revolta de 1.923 no princípio de emancipação do município. Em 1930, na Gare foi instituído o Barracão Liberal, auxiliando os militares que ali passavam a caminho de São Paulo. "Numa dessas passagens dos soldados, Getúlio Vargas e Flores da Cunha vendo a movimentação a favor deles na região, prometeram que com a revolução vitoriosa, Carazinho seria emancipada".
Em 24 de janeiro de 1.931, Flores da Cunha emancipou Carazinho, tendo a avenida principal com o seu nome. Localizada no Planalto Médio gaúcho, sua avenida principal é um divisor de águas entre a Bacia do Alto Jacuí e o Rio Uruguai e altitude de 592 metros acima do nível do mar.
Em meio a história da cidade, Odilo declamou versos de agradecimento aos alunos. "Amando Carazinho, de quem não sou filho, já fui indicado cidadão honorário do município, vencedor da 2ª edição da Seara Gaúcha, defendendo ecologicamente o Rio da Várzea. Vivo há mais de 50 anos em Carazinho com esposa, filhos, netos e bisnetos. Carazinho, seu nome vem de peixes, sem que nunca se queixe, servindo a duas vertentes, alimentando duas bacias. Ocupando espaço, fundando seus passos fez o próprio chão. Teve sempre toda a força da terra e a vontade de seus filhos, para a criação do gado em Pinheiro Marcado a fazenda São Benedito. A nossa avenida era uma cancha de corrida. Com Pedro Vargas, de um sonho veio a luz, e assim nasceu a devoção da nossa matriz do Bom Jesus. O gado, a lavoura, vieram riquezas mais, eis Carazinho, domando seu destino em seu tempo fazendo o futuro".
Com estes versos teve fim a aula de história que através da vida de um homem, declama a história de Carazinho. Dessa forma, alunos da ULBRA de toda a região levaram para casa, em outras localidades, um pedaço de Carazinho, na memória e no caderno. A professora interrompeu lembrando a turma que ao final do semestre eles farão um tour pela cidade para complementar na prática os ensinamentos de Odilo.
Os alunos do 1° semestre do curso de Design entregaram um livro de presente ao palestrante.