Tecnologia
Estudantes criam boné para auxiliar pessoas com deficiência
Iniciativa surgiu no curso de Sistemas de Informação da Ulbra Carazinho
Deficiente visual, o que Alessandro de Oliveira Moraes mais deseja é autonomia. Sonha, por exemplo, em não precisar que um acompanhante na fila do banco lhe informe a senha de atendimento dos guichês. Gostaria, também, de andar pelas ruas sozinho, sem receio dos obstáculos. Presidente da Associação Carazinhense de e para Deficientes Visuais (Acadev), ele encontrou na Universidade a chance de ter uma vida mais autônoma. "Sabendo da preocupação da Academia com a inclusão e do seu potencial tecnológico, levamos essa demanda para dentro das salas de aula", conta Moraes, fazendo referência à parceria que a entidade que preside fez com a Ulbra Carazinho.
A ideia de desenvolver tecnologias assistivas - voltadas a melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência - foi abraçada pelo curso de Sistemas de Informação nas disciplinas de Inteligência Artificial e Arquitetura de Computadores. Durante as aulas, os alunos Anderson Viau e Daniel Xavier desenvolveram um boné para pessoas com deficiência visual através de um projeto de microcontroladores. Vestindo o dispositivo, quando a pessoa se aproxima de algum obstáculo, o mesmo dispara um sinal sonoro. Ainda há a opção do alerta tátil, através de um vibracall. "Sabemos que existem dispositivos com essa função, mas o nosso diferencial é que ele foi testado", explica o professor e coordenador do curso na Ulbra Carazinho, João Cândido de Lima.
Em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da Universidade de Passo Fundo (UPF), o boné também foi testado por integrantes da Associação Passofundense de Cegos (APACE). Com um circuito montado, os deficientes puderam se locomover e relatar a funcionalidade do dispositivo. "Eles preferiram o retorno tátil ao invés do sonoro, porque já dependem muito da audição quando estão se locomovendo", justificou o professor. Com o retorno, os alunos já trabalham para melhorar o primeiro protótipo que produziram e focar em outras criações.
Para o professor da Ulbra, as tecnologias ainda têm muito a contribuir para as pessoas com deficiência (PCDs). "A evolução do último meio século foi maior que todo o restante da história e a previsão é que nos próximos cinco anos a gente evolua mais que nos últimos 50 anos. É um caminho que não tem volta e só tem a contribuir para que os PCDs tenham mais qualidade de vida", projeta o docente. Entre os dias 21 e 28 de agosto, o projeto dos acadêmicos de Carazinho foi apresentado durante a 1ª Exposição de Tecnologia Assistiva e Inclusão (ExpoTAI), em Porto Alegre.
Marla Cardoso
Jornalista Mtb 13.219
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