O interesse na área de Fisiologia fez Éder Marcolin seguir seus estudos após a graduação. Formado em 2003 no curso de Fisioterapia na ULBRA Canoas, ele nunca deixou de aprender e pesquisar e hoje se prepara para o doutorado sanduíche em León, na Espanha, com bolsa da CAPES.

Conheça um pouco mais sobre os estudos de Éder Marcolin, que aposta na graduação como base de seu gosto pela busca do conhecimento.

Após a formatura, você ingressou no mestrado e até no doutorado. Qual a sua área de pesquisa?
Após um ano de preparação, prestei prova de seleção para o mestrado em Fisiologia da UFRGS, o qual concluí em março de 2008. Neste mesmo ano, prestei seleção para o programa de doutorado em Fisiologia UFRGS para o qual fui selecionado como bolsista CAPES/REUNI. Hoje também sou especialista em Quiropraxia pela UNAERP.

Quando surgiu o interesse na área de Fisiologia? Qual o foco de sua pesquisa dentro desta área?
Meu interesse iniciou ainda na graduação. A professora doutora Norma Marroni, ministrou a disciplina de Fisiologia na graduação e foi minha orientadora no mestrado e no doutorado, ela sempre incentivou a pesquisa. Desde então, fui aluno de iniciação científica voluntário na ULBRA, desenvolvendo um trabalho com pacientes com linfedema pós-mastectomia. O trabalho foi premiado em vários salões de iniciação científica. O foco das nossas pesquisas é o estudo do estresse oxidativo no desenvolvimento de doenças, como as hepáticas.

O que você investiga no seu doutorado?
Estudo o desenvolvimento e complicação de uma doença do fígado de extrema relevância e incidência, porém de pouco conhecimento. A esteato-hepatite não alcoólica é o acúmulo de gordura no fígado, que gera um processo inflamatório, evoluindo para a cirrose ou para o câncer hepático. Desenvolvemos um modelo animal com camundongos através de uma ração deficiente de dois aminoácidos, manufaturada por uma empresa brasileira a partir de nossas orientações. Somos o primeiro grupo de pesquisa brasileiro a desenvolver este produto, facilitando o desenvolvimento de pesquisas sobre esteatose hepática no Brasil. Até então, a ração era importada, com valores 60% maiores e com dificuldade na sua importação. Também estudamos um antioxidante chamado quercetina, que é encontrado na alimentação e o mais consumido pela dieta humana, e está se mostrando promissor na proteção de fígado contra a esteato-hepatite e outras doenças.

O seu mestrado foi realizado através de uma bolsa CAPES/REUNI. Como ela funciona?
O governo federal brasileiro desenvolveu um programa de Reestruturação das Universidades (REUNI). Este programa visa melhorar as estruturas e principalmente qualificar seu corpo docente; para isso, seleciona alguns alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado) com um perfil específico. São ofertadas disciplinas e formações específicas visando um aprimoramento na docência. Junto a isso, os bolsistas REUNI cumprem estágios prático-docentes, vivenciando e aperfeiçoando sua prática em sala de aula. Eu sou primeiro aluno de Fisiologia a receber essa bolsa e, infelizmente, na minha área existem somente dois pós-graduandos do REUNI.

Recentemente você recebeu do Ministério da Educação uma bolsa de estudos. Onde e como ele será realizado? Qual foi sua trajetória até este ponto? Como foi o processo de seleção?
Sim, recebi uma bolsa de estudos para o doutorado sanduíche Capes DGU Brasil/Espanha. O grupo de pesquisa que faço parte, no Laboratório de Estresse Oxidativo e Antioxidantes da ULBRA e no Laboratório de Hepatologia Experimental e Fisiologia do HCPA/UFRGS, através da doutora Norma Marroni, possui um convênio com a Universidad de León, na Espanha. Sendo assim, através de um projeto submetido a CAPES e aprovado devido sua relevância, recebi a oportunidade de realizar 12 meses de estágio no exterior. Novamente serei orientado pela professora Norma.

Quais são suas expectativas para o futuro?
Hoje, o Brasil sofre com a evasão dos alunos das universidades. Isso é resultado de uma gama de fatores, mas o que considero prioritário é o despreparo do docente para auxiliar um aluno a se tornar um profissional independente, perspicaz e apto a desenvolver seus talentos profissionais. O professor universitário não pode ser apenas um repetidor de conhecimento, pois educação não se trata disso. Precisa ser um exemplo profissional e um estimulador do futuro graduado. Acredito que minha formação me fez questionar todos os meios e métodos empregados durante meu processo de aprendizagem e hoje pretendo por em prática esses novos recursos e formas de encarar a educação na formação de profissionais muito melhores.

Você acredita que a Fisiologia é uma área em expansão no Brasil?
Acredito que para ser um bom fisioterapeuta você necessita ter uma base absolutamente segura em Fisiologia. Todas as profissões da área de saúde necessitam desta base e há um déficit de docentes especialistas em Fisiologia. Ao darmos para o aluno recursos de aprendizado fisiológico consistentes no início de sua formação, facilita de maneira imensurável seu domínio nas habilidades práticas específicas profissionais.

A graduação foi uma base importante para a continuidade de seus estudos? Por que?
Com certeza, na graduação aprendi muitas coisas, inclusive a aprender. Um bom profissional é curioso, está sempre em busca de novidades e de melhorias para beneficiar seus pacientes ou clientes.

Na sua opinião, qual a importância de continuar a estudar após a graduação?
Educação continuada é o fundamento de um profissional bem sucedido. Após completar uma especialização, um mestrado, quase final de um doutorado, estou matriculado em uma nova especialização, osteopatia, que fechará um ciclo de aperfeiçoamentos que eu almejava.

Agradeço aos meus professores, tanto do ensino fundamental e médio (todo realizado em escolas públicas) como aos da graduação e pós-graduação, pelos desafios que sempre me apresentaram.