Paleontologia
Pesquisadores encontram dinossauro no sul do Brasil
ULBRA integra equipe que acha fóssil de 230 milhões de anos
Uma equipe de paleontólogos brasileiros descobriu um dinossauro carnívoro em um afloramento de rochas sedimentares de datação Triássica, localizado no município de São João do Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. O grupo de pesquisadores realizou a coleta do achado fóssil, na manhã desta quinta-feira, 06.02.
A expedição de busca de fósseis é formada por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM), da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e também da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).
O dinossauro foi localizado em rochas de um pequeno afloramento às margens da RST-149, a 1 quilômetro de distância da comunidade na qual se encontra o CAPPA/UFSM, onde será estudado.
O Centro, criado há um ano, está concentrando os trabalhos científicos que envolvem os fósseis encontrados constantemente na região central. O laboratório pretende potencializar o desenvolvimento da paleontologia, o turismo científico, o desenvolvimento regional e a formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação na UFSM.
A descoberta do dinossauro
A descoberta do dinossauro foi feita pelo paleontólogo Dr. Sergio Furtado Cabreira, pesquisador da Universidade Luterana do Brasil, que encontrou os primeiros vestígios de ossos fossilizados, que sobressaiam na superfície da rocha de 230 milhões de anos, na manhã do dia 30 de janeiro passado. “Quando vi o pequeno fêmur de um dinossauro terópode quase intacto sobre o sedimento, tive certeza que se tratava de uma descoberta importante e prontamente chamei o restante da equipe que se encontrava nas proximidades. Rapidamente, a alegria tomou conta do grupo e todos concentraram esforços em remover os sedimentos e expor mais partes do pequeno esqueleto fossilizado”, relatou Cabreira.
O paleontólogo da ULBRA acredita que as descobertas de diversos fósseis de dinossauros que têm acontecido durante os últimos anos, em rochas Triássicas da região central do Rio Grande do Sul, trazem a suspeita de que os dinossauros eram muito mais comuns do que acreditava a comunidade científica internacional. “Durante Período Triássico, os dinossauros eram animais de pequeno tamanho e sua conservação e fossilização seria muito difícil. Mas, ao que parece, já existiria uma grande diversificação e dispersão deles por sobre o super continente Gondwana. Este dinossauro teria em torno de 1 metro de altura, uns 2 metros de comprimento e pesaria cerca de 20 quilos”, avalia Cabreira
O paleontólogo responsável pela coordenação do CAPPA, Dr. Sérgio Dias da Silva, professor da Universidade Federal de Santa Maria, acredita que esta é uma descoberta muito importante para a ciência. Ele afirma que “poucos terópodes foram achados nos últimos 100 anos de pesquisas em tochas Triássicas do Brasil”. Desde a descoberta de Staurikosaurus pricei na cidade de Santa Maria na década de 1930, até hoje, apenas um punhado de ossos, geralmente isolados e fragmentários de dinossauros carnívoros foram encontrados. Assim, além do fêmur com características diagnósticas de dinossauro terópode, esta descoberta inclui também um crânio quase completo (ainda incluso na rocha). “O material seguramente poderá trazer importantes informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a terra”, acrescenta.
O coordenador do projeto acredita que este é um início promissor para o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica e atesta, mais uma vez, que os fósseis são abundantes nas rochas da região: “em pouco tempo de atividades oficiais, o acervo fossilífero do CAPPA já tem dois tipos diferentes de dinossauros e diversos outros materiais coletados”.
A coleta do dinossauro
A equipe de paleontólogos e alunos das universidades envolvidas encontrou dificuldades, devido ao calor intenso deste verão e também pela dureza das rochas sedimentares triássicas, para a realização da coleta do dinossauro. Sob temperaturas no substrato rochas, podem chegar facilmente aos 45º graus centígrados, e as ferramentas se quebram continuamente na tentativa de penetrar e cortar os sedimentos.
O dinossauro foi coletado junto com um bloco quadrangular de rocha de aproximadamente 1.2 metros quadrados e uma tonelada. O seu preparo e estudos, no laboratório do CAPPA/UFSM, levará alguns anos até a sua conclusão.
O grupo liderado pelo paleontólogo Sérgio Dias da Silva, além da colaboração do paleontólogo da ULBRA, Dr. Sergio Furtado Cabreira, autor da descoberta, conta com o mestre e doutorando Lúcio Roberto da Silva, também vinculado à ULBRA. Compõe, ainda, a equipe, um grupo de jovens biólogos e alunos: Cristian Pacheco, mestrando em Ciências Biológicas da Unipampa; Anderson de Oliveira Rangel e Gianfrancis Ugalde, alunos de Ciências Biológicas da Unipampa; e Eduardo Silva Neves, biólogo da UFSM.
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