Cultura
Histórias de vida no cárcere são retratadas em livro
Ex-aluno publica livro baseado em pesquisa acadêmica
Juliano Gomes de Carvalho formado em Direito no campus ULBRA Guaíba estará lançando nesta sexta-feira, 22.11, sua primeira obra O Escândalo do Testemunho – Histórias de Vidas no Presídio Estadual de Camaquã. A sessão de autógrafos acontece às 19h30. na Livraria Cultura do Bourbon Country em Porto Alegre.
O livro foi construído a partir de relatos de apenados voluntários que compartilharam momentos de conversas em mais de 50 horas gravadas em encontros no Presídio Estadual de Camaquã. A ausência de um questionário formal possibilitou que cada detento pudesse falar de seus sentimentos espontaneamente.
“Este contato me surpreendeu pelo pulsar de vida que é sufocado no cárcere e a forma como ele aparece com toda sua potência quando há disposição de uma escuta frente ao outro. Numa relação de alteridade, aberta a uma apropriada postura de relação humana, na tentativa de questionar a abordagem sobre os direitos humanos, considera-se o respeito que nos retira do conforto dos preconceitos sociais”, salienta o autor.
A importância da Universidade na construção do projeto
A pesquisa acadêmica teve início no campus Guaíba em 2009, através de um grupo de estudos sobre a obra Vigiar e Punir de Michel Foucault, apresentada pelo professor Augusto Jobim.
Esta provocação motivou Juliano a procurar no interior da prisão a voz que pudesse ensinar sobre as mazelas de um sistema tão brutal. Com o apoio da ULBRA Guaíba e do Observatório da Violência e Direitos Humanos, o estudante obteve bolsa de pesquisa PROICT para 2010 e 2011, tendo, assim, respaldo para a realização do trabalho.
“Mais do que ter a ULBRA como primeira apoiadora desta pesquisa, tive como apoiadores fundamentais os professores Augusto Jobim que foi meu grande orientador até 2011, e a professora Daniela Pires que me orientou no encerramento da pesquisa e monografia. Sou grato também ao professor Alberto Wunderlich que coordenava o Observatório e curso de Direito em Guaíba, brilhantemente na época. A importância social do trabalho sempre foi evidenciada por estes grandes mestres, e a ideia de que a pesquisa fosse transformada em livro foi incentivada desde seu início. Colocando desde o primeiro momento este grande e prazeroso desafio ao novato pesquisador,” destaca Carvalho.
Satisfeito com o retorno de sua publicação, o advogado enfatiza a importância da participação da Universidade no processo: “A Instituição foi a primeira que apostou em uma pesquisa que não é convencional. Por isso sempre lembro seu papel fundamental nesta construção em diversos aspectos, nas inúmeras chances que estou tendo hoje de falar sobre o assunto. Foi o ambiente acadêmico que me proporcionou a linha de estudos que, hoje, toma todo meu tempo e dedicação pelo fascínio das questões humanas. A isto agradeço a ULBRA Guaíba e aos professores citados anteriormente que me ajudam até agora”.
Juliano está concluindo seu primeiro ano de mestrado em Ciências Criminais como bolsista CAPES, dando continuidade à pesquisa que iniciou na Universidade. “Uma vez que os dados coletados foram de tamanha grandeza, possivelmente me levarão até o doutorado para dar conta das questões levantadas”, prevê o mestrando. Lembrando sua intenção de estar sempre em contato com a academia, lecionando ou debatendo, dentro de um tema que demanda estudos constantes.
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