O ensino presencial na Universidade está posicionado de forma estratégica. A ideia é promover o conhecimento de forma integrada ao uso de tecnologias e técnicas pedagógicas diversas, a fim de desenvolver um processo educacional de qualidade. Isso inclui compreender, inclusive, ferramentas educacionais utilizadas pela comunidade docente da Educação a Distância - EAD.

Quem fala mais sobre esse contexto é o pró-reitor adjunto de Ensino Presencial. Pedro Antonio González Hernández também é professor na Universidade e, durante a entrevista, explica também quais são os desafios para a comunidade docente, e para a ULBRA.

Perfil – O professor Pedro é natural de Matanzas, Cuba. Ele ingressou na Universidade Luterana do Brasil como professor do curso de Odontologia, em 1998. Exerceu a função de coordenador do curso de graduação em Odontologia de 2005 a 2009. Além do cargo de pró-reitor adjunto de Graduação na ULBRA de 2009 a 2013. Hoje, ele se mantém em sala de aula, além de atuar como pró-reitor Adjunto de Ensino Presencial.

Atualmente, como o ensino presencial está posicionado com a tendência crescente de cursos e usos de tecnologias pedagógicas oriundas da modalidade EAD?

Há um crescimento no número de alunos e cursos que são oferecidos pela modalidade EAD no Brasil e no mundo. No país, a educação a distância ainda tem uma conotação social que caracteriza a inclusão no ensino superior de uma parcela da população que até então estaria impossibilitada de chegar às estruturas físicas do ensino presencial. Na ULBRA, as modalidades EAD e presencial se complementam, com definições claras do perfil e o alcance que têm como ensino superior. Temos a clareza de que precisamos nos complementar pedagogicamente para garantir qualidade no ensino superior. Os alunos que buscam o ensino presencial e EAD têm um perfil distinto, embora ambos procuram a superação social através do aperfeiçoamento profissional. A Universidade precisa estar preparada para receber esses grupos heterogêneos. O ensino presencial tem o desafio de incorporar técnicas pedagógicas oriundas da modalidade EAD como forma de fornecer respostas ágeis e positivas.

Nesse contexto, quais são os maiores desafios dos docentes no ensino presencial?

Os docentes no ensino presencial dividem-se em dois grupos na sua relação com a modalidade EAD. Têm docentes que conhecem e dominam as técnicas pedagógicas da educação a distância e as utilizam na sua prática presencial. As aulas semipresenciais são momentos ricos para o professor aplicar essas técnicas, que inclusive são estimuladas pela legislação educacional vigente no Brasil. Normas que objetivam a  construção do conhecimento, e como tal devem ser incorporadas dentro do processo avaliativo, sendo o professor o orientador na construção do conhecimento que o aluno está desenvolvendo. Outro grupo de professores, de certo modo, rejeita as técnicas pedagógicas da EAD, acredito que em grande parte, por desconhecimento da metodologia a ser utilizada. No entanto, vivemos numa sociedade extremamente dinâmica. Recebemos alunos familiarizados com a comunicação através da informática e o professor precisa utilizar esses recursos para a construção do conhecimento, e por essa familiaridade técnica que o aluno traz. 

Poderia enumerar algumas características do perfil docente que a ULBRA deseja?

Não queremos ser deterministas, mas precisamos de um docente que tenha o perfil de orientador. Hoje não existe mais o conceito do professor sendo o único a ter a essência principal do conhecimento. O professor precisa ter a clareza do perfil profissional do aluno que está sendo formado: qual é o perfil do egresso? O aluno que está em sala de aula, seja virtual, seja presencial, quando concluir os requisitos legais e ter um diploma na mão, estará capacitado para o quê? O professor é um condutor na construção do conhecimento. O docente tem o desafio de sinalizar ao aluno que, se ele quiser realizar determinada função, ele precisa de determinadas competências e habilidades, que serão construídas coletivamente. É aproveitar a capacidade do aluno em favor desse processo e, para isso, o professor, como educador, deve ser um líder extremamente dinâmico sem ser impositivo, pois hoje a ciência é contestável. Temos que conhecer profundamente as diretrizes curriculares do curso onde atuamos. A nossa experiência profissional contribui, mas não é absolutista. Desejamos que as diretrizes curriculares nacionais sejam enriquecidas pela experiência profissional do docente, transmitida através de habilidades pedagógicas que permitam aproveitar, também, o conhecimento prévio do aluno. É um desafio maravilhoso, e quase que exclusivo que nós, professores, vivemos no dia-a-dia.

Como a pró-reitoria vislumbra o(s) desafio(s) para a Instituição?

A ULBRA tem pela frente um grande desafio histórico: o PROIES. Importante é para todos termos a clareza que, para garantirmos a conotação financeira que este programa representa, é necessária que a qualidade acadêmica dos cursos seja aperfeiçoada. A inclusão e a permanência dos cursos de graduação no contexto do PROIES dependem do resultado acadêmico positivo oriundo dos ciclos do SINAES (ENADE). É dizer que cada curso de graduação, para poder contribuir com o PROIES, tem que ter aprovação nas provas do ENADE, nos próximos 15 anos. Tendo a convicção desse desafio, volto à primeira pergunta da entrevista: a Universidade é um lugar onde se constrói o saber. A modalidade EAD é a ruptura das paredes. É o conhecimento que transcende a sala de aula tradicional e estabelece relação com o interessado, esteja ele onde estiver. Este conceito tem que ser aplicado no ensino presencial. Não podemos esquecer que quando o aluno recebe o diploma, este documento representa, também, a contribuição de cada professor nesse processo, que em algum momento da caminhada confirmou ao estudante que ele estava habilitado para seguir em frente. Em resumo, o perfil do egresso é construído pela integração de todos. 

Qual a sua mensagem final?

Lembro de um comentário que o Reitor tem repetido e que nos orgulha muito: "em diversos momentos, os representantes do Ministério da Educação têm afirmado que academicamente a ULBRA mostra resultados de excelência".  E isso é verdade. Por exemplo, nestas duas últimas semanas ocorreram 11 visitas de avaliação (cursos de graduação assim como polos EAD como parte do recredenciamento da modalidade). Já foram divulgados nove resultados: oito notas 4 e uma nota 3. Desde 2009 até o presente, a Universidade já foi avaliada por 134 comissões diferentes. Foram divulgados 132 resultados. 70% dos cursos com notas 5 e 4. Nenhum curso reprovado. Isso nos deixa felizes, pois mostra que a nossa base pedagógico-educacional é maravilhosa. Nós temos um corpo docente extremamente qualificado que sustenta, também, a credibilidade da Universidade.