CONSCIÊNCIA NEGRA
Profissionais negros debatem preconceitos na área da Saúde
Representatividade marca evento sobre diversidade étnico-racial
Como reflexo do compromisso da Ulbra em cumprir sua missão como uma comunidade de aprendizagem eficaz e inovadora, nasce o evento Representatividade Negra: Um Olhar Atento para a Área da Saúde. Foram convidados quatro profissionais negros para relatos sobre o tema. O médico Bernardo Garcia, o psicólogo clínico Paulo Soares Pires, o educador físico Rodrigo Nascente e o fisioterapeuta Carlos Lima relataram situações e preconceitos que ainda existem com agentes negros na Saúde. A mediação foi realizada pela professora Cristina Tonial. O encontro ocorreu na manhã desta terça-feira (21/11) no auditório 130 do prédio 6. Foi o primeiro evento sobre esse tema coordenado pelo curso de Medicina da Ulbra.
A Ulbra celebra o mês de novembro com a Ação Comunitária Integrada - Identidade Afro-brasileira e Indígena, uma iniciativa que permeia todos os campi da Universidade. Esta iniciativa busca iluminar, mas também aprofundar discussões cruciais sobre a representatividade na área da saúde, reconhecendo-a como um pilar fundamental para o bem-estar coletivo e a excelência no cuidado. Este período é mais do que uma marca no calendário acadêmico. É um compromisso firme e significativo em promover a diversidade, abrindo diálogos essenciais que ressoam não apenas nos corredores universitários, mas em toda a sociedade.
Todos os espaços
"Este evento foi importante para desacomodar todos os cursos da Ulbra, porque é um tema que não se fala muito", diz o psicólogo Paulo Soares. O racismo e o racismo estrutural devem ser debatidos em todos os espaços, principalmente na universidade, acrescenta. "Não devemos falar sobre este assunto somente no mês de novembro, mas o ano todo", defende o psicólogo.
O médico Bernardo Garcia diz que ainda há poucos alunos negros na área da Saúde. "São válidos debates como este para que também os acadêmicos brancos tenham visão sobre o aluno negro dentro da universidade ou na área da Saúde. É importante conscientizar e desmistificar alguns paradigmas criados ao longo dos anos", enfatiza Garcia.
Voz, cara e identidade
"É fundamental que eventos como este possam ser cada vez mais estimulados para que nós possamos ter voz, cara e identidade. É necessário que também nós possamos nos apropriar deste espaço, que é sim nosso, e daquelas pessoas que querem construir algo para um futuro melhor", garante o educador físico Rodrigo Nascente.
O fisioterapeuta Carlos Lima afirma que "esse momento foi lindo, porque mostra que a Ulbra, uma universidade privada, está sendo pioneira ao abrir espaço de discussão com acadêmicos e os cursos da Saúde". Segundo ele, é algo ímpar a Universidade debater a dificuldade de acesso de negros e indígenas ao Ensino Superior. "Precisamos desconstruir as ideias que foram enraizadas ao longo do tempo e utilizar ferramentas para combater o racismo na prática", ressalta Lima.
"Foi uma oportunidade ímpar, eu, como professora da Ulbra, participar e mediar falas sobre representatividade negra na área da Saúde. Nós sabemos o quanto isso é importante para a formação dos nossos alunos e também da sociedade como um todo", diz a professora Cristina Tonial.
"A população do Brasil é formada por maioria de pretos e pardos. Nossos alunos precisam ter um olhar atento para essa população. Foi um momento de relatos: único aluno do curso de Fisioterapia, único estudante na Medicina, único na Educação Física, na Psicologia. Precisamos mudar essa realidade", afirma a docente da Ulbra.
Multidisciplinar
O evento foi organizado peloNúcleo de Acolhimento ao Estudante de Medicina (Naem), com a colaboração do Núcleo de Apoio ao Discente e Docente (NAD/NADi) e o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Ulbra (Neabi). Os cursos envolvidos são Medicina, Enfermagem, Medicina Veterinária e Odontologia.
Esta colaboração multidisciplinar, conforme Cristine Silva, neuropsicopedagoga do Naem e professora da Ulbra, visa ampliar o entendimento sobre a importância da diversidade étnico-racial na saúde, mas também estabelecer alicerces para um ambiente mais inclusivo e equitativo.
O Naem iniciou em agosto deste ano e tem o objetivo de acolher e acompanhar o percurso acadêmico dos estudantes e ser suporte em suas diferentes realidades, explica a professora Cristine. "Causas sensíveis como esta estão no escopo da nossa atuação no curso, assim como o acolhimento de estudantes neurodivergentes, ou aqueles que moram longe das suas famílias ou que estão passando por alguma dificuldade de aprendizagem ou emocional", conclui a professora.
Marcelo Miranda
Jornalista - MTb. 6824
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