Acessibilidade
Dia Mundial do Braille: a Universidade como um local de inclusão
Conheça a história do colaborador Rodrigo Possamai
No dia 4 de janeiro é comemorado o Dia Mundial do Braille. O sistema de escrita tátil assim como outros elementos de acessibilidade são fundamentais para as pessoas com deficiência visual, pois permitem sua inclusão social. Na universidade, é indispensável que o aluno/colaborador cego ou com baixa visão encontre as ferramentas de que precisa para ter autonomia. Atualmente a Ulbra, na região Sul do país, tem em seu quadro cerca de 15 pessoas, entre colaboradores e alunos, com deficiência visual. Rodrigo Possamai, 39 anos, assistente no Núcleo de Acessibilidade do campus Canoas, é um deles. Devido a um parto prematuro e suas complicações, ele perdeu a visão. Rodrigo, que atua na Instituição desde 2013, ressalta que sem o Braille as dificuldades seriam grandes. "Tinha 8 anos quando comecei a aprender, mas só consegui mesmo com 9 anos, onde aprendi a escrever o meu nome", diz. Hoje, com a modernidade, os recursos para quem tem deficiência visual estão se expandindo cada vez mais. Tanto na palma da mão, com aplicativos específicos em celulares, como também em computadores. "Eu uso bastante o celular, mas ainda considero a leitura e escrita física do Braille como uma das principais ferramentas para a inclusão", ressalta o profissional.
Atuação no campus
Rodrigo iniciou seu trabalho no campus como auxiliar administrativo no Hospital Veterinário, onde desempenhava funções como informar por telefone horários de funcionamento, preços e marcação de consulta, entre outras. Hoje, já faz um ano que ele aceitou o novo desafio de estar no Núcleo de Acessibilidade da Ulbra. "É um trabalho muito importante, pois eu ajudo a divulgar o nosso trabalho na Instituição e mostro que apesar da limitação podemos trabalhar e fazer tudo o que a gente quiser fazer", destaca. Em sua caminhada no novo setor, o profissional conta orgulhoso que já leu mais de 70 títulos em Braille entre literatura brasileira, história do Brasil e romances. Obras estas disponíveis na biblioteca do campus. "Além de ajudar a divulgar a escrita que pouca gente conhece, também mostro para as pessoas que é possível ler com as mãos e não só com os olhos", finaliza.
Conheça o Braille
O sistema de escrita e leitura tátil é uma ferramenta essencial para pessoas cegas ou que possuem baixa visão. Ele foi criado na França, por Louis Braille, que perdeu a visão aos 3 anos de idade após se ferir com um objeto pontiagudo. Na busca por facilitar a sua vida e a de outras pessoas deficientes visuais, Louis criou um programa para ensinar os cegos a ler. Com mais de 190 anos, o Braille continua se adaptando à evolução da escrita. E a data que hoje é alusiva ao Dia Mundial do Braille - 4 de janeiro - é referente ao aniversário de Louis.
O método de escrita e leitura é baseado no tato, onde existe uma combinação de seis pontos que formam 63 caracteres em relevo, do qual pode ser percebido com apenas um toque da parte mais sensível do dedo indicador (a polpa). A leitura é feita da esquerda para a direita, utilizando-se uma ou ambas as mãos. É possível ler com as duas mãos; na leitura bimanual, cada mão lê metade de um parágrafo. O Braille também pode ser escrito à mão, utilizando uma ferramenta chamada reglete e outra chamada punção, que funcionam como caderno e caneta. Mas nem toda pessoa cega o lê, e isto se dá por diferentes motivos, como perda visual na idade adulta ou falta de sensibilidade no tato por diferentes patologias.
Mais curiosidades
O Sistema Braille obedece às regras internacionais de altura do relevo e de distância entre pontos e linhas. Os livros devem ser preferencialmente transcritos em papel sulfite de gramatura 120. Há combinações para a representação de letras, números, símbolos científicos, notas musicais, fonética e informática. Uma página impressa em tinta corresponde a aproximadamente três páginas em Braille.
Existem dispositivos celulares Android que possuem teclado virtual em Braille. O sistema funciona a partir de seis círculos numerados expostos na tela dos aparelhos. Cada um deles representa um dos seis pontos que, quando tocados, formam letras ou símbolos.
Naira Nunes
Jornalista MTb 20.824
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