Gente da Ulbra
Após superar adversidades, haitiano se forma em Engenharia de Produção
Guerbisson Simonvil receberá o diploma no 21 de janeiro, na Fiergs
O formando de Engenharia de Produção da Ulbra, Guerbisson Simonvil, de 27 anos, e natural do Haiti, está prestes a receber o tão sonhado diploma no próximo dia 21 de janeiro, na Fiergs, em Porto Alegre. Quem o vê com o sorriso de orelha a orelha não imagina o que ele passou para chegar onde está. O acadêmico, como muitos moradores do seu país, via o Brasil como uma alternativa para uma vida melhor. Quem assiste aos noticiários entende do que se trata. O Haiti é economicamente o país mais pobre das Américas, assim como sua educação precária, sofre com desastres naturais como terremotos e é praticamente governado por milícias, inclusive teve o presidente assassinado recentemente.
Em 2011, com apenas 17 anos, Guerbisson decidiu se arriscar sozinho por seu sonho e iniciou uma trajetória nada fácil. O valor da passagem aérea naquele momento era inviável. O percurso até o Brasil teve a duração de três meses. Neste meio-tempo, passou pela República Dominicana, Equador e Peru. Nesses países, conseguiu arrecadar valores para sobreviver através da venda de frutas. Em maio, no estado do Acre, o estudante foi recebido em um abrigo para estrangeiros. Por ali ficou até conseguir documentos válidos para o território. Conheceu pessoas que o ajudaram e também que deram a ideia de ir para o Rio Grande do Sul. No mês seguinte, no ápice do inverno, chegou a Bento Gonçalves, onde, segundo ele, era difícil se adaptar ao frio. "Eu não estava acostumado com uma temperatura tão baixa", recorda ele, que logo depois se mudou para Porto Alegre.
Dificuldade na comunicação
O idioma foi uma das maiores dificuldades para o jovem, até decidir entrar em uma escola de ensino fundamental para aprender o português. Como estava há pouco tempo no país, teve dificuldade para fazer a matrícula devido aos documentos necessários. As professoras, vendo a determinação de Guerbisson, deram três meses de aula para ele sem estar matriculado, porém, a diferença de idade entre ele e os colegas falou mais alto, já que seus colegas tinham entre 14 e 15 anos. Então ele foi aconselhado a participar do Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), que é uma modalidade de ensino destinada ao público que não completou, abandonou ou não teve acesso à educação formal na idade apropriada.
Após concluir os estudos, prestou Enem e conseguiu uma bolsa de estudos em Santa Maria, porém, como já estava estabilizado em Porto Alegre, com um trabalho fixo, decidiu permanecer. Conseguiu também uma bolsa integral, porém precisava trabalhar e novamente seus ideais foram frustrados. Até que em 2017, através do Fies, finalmente iniciou sua trajetória acadêmica na Ulbra. "Sempre gostei de tecnologia, finanças e engenharia e, ao pegar a grade curricular, vi que o curso que mais se encaixou foi a Engenharia de Produção", ressalta ele.
Virada de chave
Segundo Guerbisson, sua vida após entrar na universidade mudou em pouco tempo. "Eu trabalhava em um ferro velho. Passei a trabalhar em um escritório como assistente comercial". Sempre dedicado, continuou os estudos e, em 2020, teve a oportunidade de trabalhar na maior empresa brasileira produtora de aço, a Gerdau. Iniciou como analista de projeto, e hoje desempenha o cargo de analista financeiro. "O Brasil me abraçou e eu aproveitei as oportunidades. No meu país ou trabalhamos ou estudamos e aqui eu pude fazer os dois", frisa o agora engenheiro.
Com o curso concluído, Guerbisson está se especializando em Dados e iniciou sua segunda graduação em Análise de Desenvolvimento de Sistema, buscando aprimoramento na área de Tecnologia da Informação. E não para por aí, sua pretensão é fazer mestrado no exterior. Ele aguarda do Canadá uma resposta de bolsa para estudos na área de Estatística Aplicada e Computação. "Quero agradecer a todos que me ajudaram. A Ulbra, ao professor Daniel Fonseca da Luz, ao professor Wagner Lourenzi Simões, que me apoiaram muito, sempre me dando dicas, e aos colegas que fizeram parte dessa história", finaliza.
Naira Nunes
Estagiária de Jornalismo Ulbra Canoas
Notícias relacionadas
-
01
MAICOMUNICADO DA REITORIA Dias 2 e 3.5 terão aulas na plataforma virtual -
11
OUTDia do Fisioterapeuta Fisioterapia da Ulbra oferece atendimentos à comunidade -
07
OUTAULA INTERNACIONAL Docente italiano apresenta estudos europeus sobre Direito Digital em live -
04
OUTPROTAGONISMO NO ENADE Enadistas recebem orientação sobre a estrutura do exame
Últimas notícias
-
20
DEZReconhecimento Pesquisas de alunos da Ulbra recebem selo de promoção da saúde -
20
DEZSímbolo de resistência Gesto de bravura e resiliência transforma Caramelo em astro de cinema -
19
DEZTradição e fé Concerto de Natal reúne colaboradores e docentes na Capela da Ulbra Canoas -
17
DEZÁREA DA SAÚDE Acervo inédito na Ulbra Canoas mostra história de doenças raras