Gente da Ulbra
Docente de Medicina produz pesquisa sobre violência doméstica na pandemia
Angelita Machado Rios produziu artigo em parceria com os estudantes
A professora do curso de Medicina da Ulbra Canoas, Angelita Maria Ferreira Machado Rios, em parceria com alunos do curso de Medicina na disciplina de Medicina Legal e o Departamento Médico-Legal de Porto Alegre/Instituto Geral de Perícias-RS, realizaram uma pesquisa intitulada A avaliação forense de casos de violência doméstica durante o início do isolamento pela pandemia da Covid-19.
A ideia do artigo é apresentar ao estudante de Medicina, dos anos iniciais, a importância em desenvolver o olhar para a detecção precoce de casos de violência contra os grupos vulneráveis e que acabam contribuindo para a cronicidade de muitas doenças físicas e mentais passíveis de tratamento.
Desde meados de março de 2020, com a intensificação da pandemia de Covid-19 em todo o mundo e no Brasil, diversos estados do país adotaram medidas de isolamento social com o objetivo de minimizar a contaminação da população pelo novo vírus. Embora essas medidas sejam extremamente importantes e necessárias, a situação de isolamento domiciliar tem como possível "efeito colateral" consequências perversas para as milhares de mulheres brasileiras em situação de violência doméstica.
Segundo a pesquisa assinada por Angelita, um levantamento retrospectivo de dados, que analisou entrevistas de 47 pessoas vítimas de violência doméstica, entre abril e maio de 2020, apontou que a violência doméstica atingiu predominantemente as vítimas do sexo feminino (96,6% da violência por parceiro íntimo e 58,8% da violência familiar). É importante ressaltar que a pesquisa também mostrou que a violência doméstica afeta uma camada vulnerável na sociedade, como por exemplo idosos e crianças.
Agressões que ultrapassam o tempo
A discriminação com mulheres é uma questão pertinente na história e é fácil observar que ela sempre foi ignorada ou teve seu papel minimizado. A violência doméstica, portanto, é de certa forma estrutural e tão enraizada que se reproduz quase que de forma automática em nosso país. Crimes de feminicídio podem ser considerados o resultado final e extremo de uma série de violências sofridas.
Nesse sentido, as evidências apontam para um cenário onde, com acesso limitado aos canais de denúncia devido ao isolamento, pode haver uma queda de registros de crimes relacionados à violência contra as mulheres, sucedidos pela redução nas medidas protetivas distribuídas e concedidas e pelo aumento da violência letal. De acordo com o artigo, essa mesma situação não ocorre quando se trata da violência contra crianças, onde a intervenção de vizinhos, amigos ou professores é relevante para a denúncia dos eventos abusivos.
A docente explica que o trabalho trouxe grandes experiências tanto para ela quanto para seus alunos. "Realizar essa pesquisa foi muito gratificante por participar do entusiasmo dos alunos em desenvolver um trabalho envolvendo uma temática difícil e atual. A produção do artigo envolveu o esforço de todos os integrantes do grupo nas diversas fases: levantamento bibliográfico, análise dos dados, correção e tradução para outro idioma", fala.
Além de artigos desenvolvidos em conjunto com professores, os alunos do curso de Medicina podem participar como pesquisadores em diversas atividades dentro do Projeto Acolher, do Instituto Geral de Perícias/RS Departamento Médico Legal. Entre as atividades, os estudantes realizam serviços psicossociais, no atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade social, com ênfase às vítimas de violência de todas as formas. Para participar, o acadêmico deve entrar em contato pelo telefone (51) 3288-2676 e obter mais informações.
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
João Pedro Borques
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas
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