Elas na pesquisa
Mulheres conquistam cada vez mais espaço na ciência
Docentes da Ulbra repercutem o resultado do Prêmio Nobel de Química 2020
Certamente não gostaríamos de falar sobre machismo ainda em 2020, mas, infelizmente, esse pensamento que ainda paira sobre algumas cabeças ganha força quando tratamos de um assunto como descobertas e inovações na ciência. Para exemplificar, podemos verificar a lista de ganhadores do Prêmio Nobel, tanto de Química quanto de Física, e com facilidade perceber que, em sua maioria, no caso, mais de 90%, os vencedores são homens.
Mas, neste ano, a francesa Emmanuelle Charpentier e a norte-americana Jennifer Doudna foram a primeira dupla formada mulheres da história a ser premiada no mais reconhecido troféu de química do mundo, o Prêmio Nobel, entregue no dia 7 de outubro. As pesquisadoras são responsáveis pela criação e desenvolvimento do Crispr, uma espécie de "tesoura genética" que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas. A dupla se juntou a Frances Arnold, campeã em 2018, e a Ada Yonath, campeã em 2008, como as únicas mulheres a receberem o prêmio neste século.
O reconhecimento do Nobel de Química para duas mulheres foi exaltado por professoras da Ulbra Canoas que também escolheram se dedicar à ciência. Para a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Cláudia Groenwald, conviver em um mundo machista sempre exige das mulheres que estejam provando sua competência. "Há sempre a necessidade de provar que você é capaz, que tem conhecimento, que seu estudo lhe possibilitou as competências necessárias para estar na profissão que escolheu. Para enfrentar os desafios, é preciso ser resiliente, ter certeza do seu papel na sociedade e da sua capacidade", comentou.
Reflexões sobre o protagonismo feminino
É preciso, ainda, ressaltar que não se pode aceitar a ideia de que existe profissão feminina e profissão masculina. A professora adjunta do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde, Dione Silva Corrêa, ressaltou que é preciso maior divulgação das conquistas femininas, mostrar que a mulher é capaz e que as conquistas são possíveis.
"Tenho orgulho das minhas conquistas, fui a primeira mulher negra a trabalhar durante o meu doutorado (Engenharia de Materiais) junto ao Programa de Pós-graduação em Química - UFRGS (1999). Fiz doutorado sanduíche em Madrid e, quando cheguei no laboratório de Química, centro de pesquisa espanhol (CSIC), me disseram que era a primeira negra na pesquisa lá", recorda.
A professora conta que considera sua história uma grande conquista. "Isso não me intimidou, mas me deixou muito orgulhosa. Minhas conquistas só foram possíveis porque eu acreditei que eu poderia chegar lá e não desisti do meu sonho", ressaltou a docente.
O Prêmio Nobel de Química de 2020 chega para exaltar ainda mais a presença feminina na ciência. A professora Carmen Teresa Kaiber, do curso de Matemática e do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, salientou que isso é um incentivo e um alento para as mulheres que estão nas universidades e nos institutos fazendo pesquisa e, muitas vezes, sendo discriminadas. "O papel feminino na ciência é, em primeiro lugar, o papel de todo cientista: fazer ciência de qualidade, seja ela em benefício de homens, mulheres, da sociedade ou do meio ambiente", finalizou a professora.
Rafael Rezende
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas
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