Gente da Ulbra
Aluno cria tirinhas e charges que abordam questões sociais e políticas
Marcelo Monteiro é estudante do 6º semestre de Jornalismo
Um rapaz de cabelo meio bagunçado, vestindo camiseta, bermuda e tênis All Star, este é o Cadu, personagem desenvolvido pelo estudante de Jornalismo da Ulbra, Marcelo Monteiro, 22. As tirinhas e charges feitas pelo aluno estão bombando nas redes sociais e trazendo críticas importantes em relação a questões da atualidade. Essa inspiração para a criação vem desde a infância, quando Marcelo já dava seus primeiros rabiscos e se apaixonava pela prática.
"Sempre gostei muito de desenhar, desde criança, as pessoas me incentivaram e eu fiz dois anos de curso de desenho", conta o estudante do 6º semestre. Desde pequeno, já adorava ler os gibis da Turma da Mônica e admirava os traços de Mauricio de Sousa, e tinha como livro favorito Uma professora muito Maluquinha. Entretanto, com a maturidade, Marcelo foi deixando de lado o desenho e perdeu um pouco a prática. "Mas eu sempre tive muita vontade de criar um conjunto de personagens em cartoon", revela.
Foi desse desejo que o Cadu nasceu, no meio da madrugada, há pouco mais de um ano. "Me veio um lapso de um traço, eu peguei uma caneta e o primeiro papel que eu vi e fiz o Cadu, exatamente do jeito que eu sempre sonhei", conta. Entretanto, o personagem, que é um desenhista que sofre com bloqueios criativos, ficou esquecido em uma gaveta. Foi com a chegada da pandemia e a perda da vaga de estágio, que Marcelo resolveu trazer sua criação de volta à tona.
Foi aí que as charges também surgiram, satirizando o noticiário político e os acontecimentos durante a pandemia da Covid-19. Uma das artes que mais impactou foi a crítica a decisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, sobre a demarcação das praias cariocas, a fim de evitar aglomerações, proposta que hoje passa por reavaliação após muitas críticas. "Eu precisei fazer e muita gente achou pesado, mas apesar de ser pesado, traduziu um sentimento de algumas pessoas. Acho que isso se refletiu um pouco nos compartilhamentos que a charge teve", explica.
Abordar questões sociais e debater sobre os padrões que existem dentro da sociedade são vistos quando o assunto é o Cadu e seus amigos. O novo personagem apresentado, Aristo Teles, é um filósofo que está "fora da curva". "Você já presume que ele tenha uma certa orientação política, ele não é branco, então ele rompe com alguns padrões do que é "normalmente" aceito. Apesar de ser um filósofo ele está sempre de camiseta de praia, bermuda e chinelo", conta.
Aliás, abordar a questão racial e questionar as representações das pessoas negras nos meios artísticos é uma pauta importante para o estudante, que mesmo sem ser seu lugar de fala, busca contribuir para esta discussão. "Uma das amigas do Cadu é uma mulher negra, de cabelo cacheado, e justamente em uma posição bem confortável na sociedade, com um emprego respeitável, para que a gente possa mostrar que não é assim que a gente precisa retratar o negro, ele não é necessariamente empregado ou gari".
Personagem gente como a gente
Se tem algo que o Cadu é, é gente como a gente. As tirinhas são todas feitas com o contexto do cotidiano, não esquecendo, é claro, da pitada de humor. "Como aqueles "memes da vida adulta", eu acho que já ficou meio batido, mas são essas situações cotidianas, sabe? Retratar isso de um modo que a gente possa rir de todos os nossos problemas, de tudo que enfrentamos por ser uma sociedade muito informatizada e com pressa", comenta.
Usando características como disperso e um tanto procrastinador, Marcelo comenta que Cadu tem muito dele na sua construção, como retratado na tirinha da música do Chico Buarque. "Eu trabalho muito ouvindo música, então às vezes eu estou trabalhando e quando eu vi já estou lá na letra pensando no que ela representa e esqueci de fazer o que estou fazendo", conta.
O estudante costuma criar suas artes no papel, digitalizar e finalizar usando o Adobe Photoshop. Atualmente, se inspira nos chargistas da Folha de S.Paulo para suas criações. Para quem também tem em mente começar a criar tirinhas e afins, Marcelo deixa um conselho. "O principal de tudo é pegar o lápis e tirar as ideias da cabeça", além disso, ter referências e saber o que se quer como desenhista.
Do futuro do Cadu, apenas o Marcelo pode cuidar, mas ele já deixa avisado que ainda virão muitas histórias por aí. "Como o futuro agora é uma coisa que a gente precisa pensar duas vezes quando vai conjugar um verbo no futuro, acho que eu vou deixar isso se refletir na história do Cadu e dos amiges". Para ficar ligado nas atualizações do personagem, basta seguir aqui.
Giovanna Cerveira
Estudante de Jornalismo da Ulbra Canoas
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