Amor próprio
Estetacosmetóloga explica o poder da maquiagem na elevação da autoestima
Professora falou também sobre reconfigurações e movimentos sociais
Produto histórico que acompanhou diversos momentos sociais, a maquiagem vem se democratizando com os avanços contemporâneos. Muito utilizada por povos originários em seu simbolismo, depois para diferenciação de classes, e hoje como uma forma de expressão, a maquiagem é uma grande aliada da autoestima e criatividade.
Em tempos de pandemia e isolamento, o amor próprio tem a tendência de ficar comprometido e os processos de autocuidado são importantes para reverter o cenário, como explica a docente do curso de Estética e Cosmética, Jéssica Marques. Para ela, a maquiagem tem o poder de ajudar as pessoas a se olhar com mais carinho no seu dia a dia. "Simplesmente pelo fato de ela se olhar no espelho e se sentir bonita, já será suficiente para começar a colher os benefícios da autoestima, principalmente em um momento tão delicado como este".
A arte de se sentir bonita através da maquiagem
"A maquiagem é como uma arte. É como colorir uma tela em branco, acrescentando cor e forma a uma escultura", afirmou Jéssica, destacando o poder transformador da maquiagem tanto por fora quanto por dentro. Para ela, quando vemos uma tela branca ou um esboço, ainda assim vemos beleza e arte, mas quando está colorida, transmite emoção e significados.
O espelho, que muito já foi temido por quem não se encaixa no padrão imposto pela sociedade, com muitos esforços tem se tornado um meio para enxergarmos a nossa própria beleza. "Vemos nossos traços valorizados e podemos sentir algo diferente a respeito de nós mesmas. Essa sensação boa afeta a autoestima, que é aquela afirmação que construímos sobre nós em relação ao nosso valor", contou a esteticista.
A trajetória da maquiagem e seu significado atual
Transitante em culturas e apropriações, a maquiagem já significou muitas coisas diferentes. No início, como simbologia de povos primitivos. Depois, se reconfigurou como artigo de luxo para diferenciação de classes sociais, e até mesmo para definição e identificação de grupos. "Hoje em dia, ela é muito mais acessível. Existem produtos bons e baratos que fazem parte deste objeto de consumo".
Também segundo Jéssica, a contemporaneidade e seus movimentos socioculturais foram os pilares para o início de uma quebra gradual dos padrões de beleza e maquiagem. "A pessoa também pode optar por não usar a maquiagem, no sentido de se libertar". Aponta ainda que, por muito tempo, foram estipuladas regras e padrões de beleza para o corpo feminino. "Todas estas lutas buscam a libertação da mulher, para que não vejamos mais a beleza como uma obrigação, e que possamos escolher quando queremos utilizar a maquiagem e onde queremos".
Para ela, o importante é se sentir bem consigo mesma e entender que através da maquiagem podemos ser o que quisermos ser. "É tudo para que possamos, ou não, nos transformar, e que isso não signifique que não nos aceitamos, mas sim que temos autoestima suficiente para poder brincar com a própria imagem".
Emily Ebert
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas
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