Cristiano Miranda é estudante de Ciência da Computação Foto: Arquivo pessoal

A pandemia do novo Coronavírus tomou proporções inimagináveis há alguns meses. Até o início de março, poucos acreditavam que o surto poderia sobrecarregar os hospitais do país em tão pouco tempo. Por se tratar de uma doença que afetou o mundo todo, a oferta de equipamentos de proteção individual (EPI) se tornou escassa e os profissionais de saúde se viram em apuros. Pensando nisso, um jovem estudante de Ciência da Computação da Ulbra Canoas resolveu ajudar com seu conhecimento técnico na produção das chamadas "face shields", que evita que o rosto entre em contato com gotículas, saliva e fluidos nasais.

Inicialmente, a ideia do acadêmico Cristiano Miranda era criar respiradores artificiais caseiros, algo de difícil acesso no mercado. No entanto, isso demandaria um trabalho conjunto com contribuintes da área médica. "Então, optamos por fazer coisas mais simples, como acessórios para abrir portas, para acionar garrafa de álcool em gel sem usar as mãos e, claro, as máscaras faciais", contou o estudante, que, no início de maio, já entregou 50 unidades para a Fundação Municipal de Saúde de Canoas. A remessa foi possível graças aos esforços reunidos em uma vaquinha online, onde conseguiu arrecadar o dinheiro necessário para a compra do material.

Antes da pandemia, Cristiano já desenvolvia alguns projetos que utilizavam tecnologia 3D (manufatura aditiva) em parceria com o professor de Engenharia de Produção da Ulbra, Marcelo Cabeda. "Fizemos diversos experimentos, como a impressão de peças e escaneamento 3D, porém não tínhamos nenhum uso prático real. Quando começou a quarentena, conversamos e achamos que seria interessante contribuir de alguma forma", explicou Miranda, indicando que a produção levou cerca de 15 dias para ser concluída. 

Com o passar das semanas, a oferta do material acabou normalizando e o preço acabou retornando aos patamares iniciais. No entanto, o jovem segue atendendo a pedidos da comunidade e dos hospitais da região. "Estou ajudando pontualmente, quando alguém vem com o material e me pede para fabricar", garantiu o estudante, que mora em São Leopoldo.

Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS