Dia da Mulher
Cepped realiza encontro para debater o papel feminino na academia
8 de março e representatividade foram algumas das temáticas
Falar sobre o significado do 8 de março é, também, falar sobre o movimento feminino em busca de igualdade. Visando promover este momento de discussão, o Centro de Pesquisa em Produto e Desenvolvimento (Cepped) da Ulbra realizou a Jornada de Divulgação Científica no último dia 10, terça-feira.
A convite do centro, as pesquisadoras Aline Cristiane Pan (UFRGS) e Mônica Karawejczyk (PUC-RS) abriram o primeiro painel de palestras do evento. A inserção da mulher na ciência e tecnologia foi a temática apresentada por Aline, professora do curso de Engenharia de Gestão de Energia, e A história e o significado do Dia Internacional da Mulher, debatida por Mônica, engenheira e doutora em História.
Em seguida, as docentes da Ulbra realizaram um bate-papo dando início ao segundo painel de debate Pesquisadoras e suas caminhadas: algumas contribuições da Universidade Luterana do Brasil. Entre elas, as docentes Renata Farias, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, Dione Silva, do Programa de Pós-graduação em Genética e Toxicologia Aplicada, além de Juliana da Silva, do Programa de Pós-graduação de Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde, e Arlete Ritt, coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos.
Movimentações do Cepped
A partir de uma ideia de expansão dos assuntos abordados dentro do Cepped, segundo o coordenador do centro, professor Luiz Mazzini, vêm sendo planejados eventos e divulgações de ciência e tecnologia, além de cursos de extensão e abertura do espaço para os demais cursos de graduação. "A gente quer efervescência aqui dentro. Fazer as coisas acontecerem e assumir o papel de locomotiva como unidade da Ulbra."
Com a aproximação do Dia Internacional da Mulher, e após reuniões entre os docentes, iniciou a ideia de realizar um evento interdisciplinar, buscando palestrantes que pudessem falar sobre o protagonismo feminino nas diversas áreas da academia. Com isso, Mazzini destaca que o mais importante, era aproximar o centro das áreas de humanas promovendo um momento de informação acerca do real significado do 8 de março. "A motivação, portanto, foi fazer um resgate deste significado de luta que, cada vez mais, se torna comercial."
8 de março: data de luta e reflexão
Doutora em História, Mônica Karawejczyk iniciou suas pesquisas abordando um assunto que, segundo ela, é pouco pesquisado e divulgado: a conquista do sufrágio feminino no Brasil. Hoje pós-doutoranda, restringiu sua área às primeiras eleições que as mulheres participaram, entre 1933 e 1935. "Esta é uma região totalmente invisibilizada na ciência."
Após muitas pesquisas e espaço na mídia, parou-se de falar que a conquista do voto feminino era uma mera concessão dos homens. Hoje, é reconhecido o papel de luta das mulheres por esse direito. Além disso, a docente ressaltou que falar sobre este assunto é promover para as mais jovens um exemplo, e compreender que a mulher ainda é constantemente silenciada em suas áreas de atuação. "Acredito que eventos como este são fundamentais para que possamos começar a entender e nos apropriar de espaços que historicamente nos foram negados."
A importância da representatividade
Acadêmicas do curso de Química Industrial, Ana Moura e Francine Pires, do 4° e 2° semestre respectivamente, destacaram que a jornada proporciona para as mulheres estudantes um maior conhecimento histórico e, consequentemente, uma forma de sentir-se representadas pela história das palestrantes.
Segundo Ana, o mais importante é não deixar de lutar. "A mulher sempre foi desvalorizada, e trazer a história das muitas que superaram isso é importante para cada vez mais lutarmos contra o machismo estrutural da nossa sociedade, incentivando a profissão e mostrando que não existe área de atuação feminina ou masculina."
Trajetórias de mulheres inspiradoras
Considerada uma das 50 protagonistas na sua área de pesquisa, a docente Juliana da Silva ressaltou que a partir do momento em que reconhecemos a veracidade da discussão e que estas questões acontecem em todos os espaços, falar sobre isso nos fortalece para estarmos prontas para a luta. "A gente introjeta e não se dá conta que estamos num meio onde acabamos por não chegar aos cargos de topo de carreira. E, muitas vezes, aceitamos isso e passamos a acreditar que não queremos ou não merecemos aquele reconhecimento."
Mostrar a própria trajetória é, segundo Arlete Ritt, motivar alguém que não compreende por onde pode começar ou que, ainda, não se sente capaz de conseguir alcançar o seu objetivo. A coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, conta que teve muita sorte em sua caminhada acadêmica.
"Nasci na divisa do Brasil com a Argentina e consegui, através de muito estudo e esforço, concluir um curso de graduação." Mudando-se para a capital do estado, desenvolveu sua tese de mestrado, após de doutorado, e defendeu um pós-doutorado realizado no exterior. "Eu, conseguindo mostrar como foi a minha história, também consigo inspirar algumas meninas que têm dúvidas quanto ao futuro." Para ela, portanto, é imprescindível que possamos ter representações de mulheres que conseguiram chegar até lá, apesar das adversidades.
Emily Ebert
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas
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