Cultura
Ulbra recebe exposição que exalta arte indígena em cerâmica
Peças foram produzidas com exclusividade por artistas latino-americanos
Uma exposição que reforça a ligação da América Latina com os povos indígenas acaba de chegar ao saguão do prédio 6. Na tarde desta segunda-feira, 11, autoridades, colaboradores e convidados da Ulbra prestigiaram as esculturas de cerâmica da exposição Pachamama Mãe Terra, criada pelo movimento Ir-Mano Artistas Latinoamericanos e apoiado pelo Atelier Templo das Artes das Américas. O evento foi acolhido pela Direção de Extensão e Assuntos Comunitários, juntamente com o Conselho Municipal de Cultura de Canoas.
O movimento Ir-Mano reúne artistas de diversos países da América Latina, como Brasil, Argentina, Uruguai e Peru. O projeto tem o objetivo de preservar a arte latino-americana, priorizando suas raízes. De acordo com a coordenadora do movimento e uma das artistas expositoras, Nelly Debastiani, "as esculturas foram criadas com muito respeito às questões espirituais dos ancestrais que construíram muito a cultura do continente latino-americano".
Segundo Nelly, os cinco elementos (água, terra, fogo, ar e éter) foram combinados e resultaram no material exposto, que foi pensado especialmente para a Ulbra, devido ao seu "comprometimento com a preservação da consciência indígena e responsabilidade com a natureza", explicou a artista, que também integra o Conselho Municipal de Cultura de Canoas.
Mônica Kabregu, diretora-presidente do movimento Ir-mano ressaltou a importância da luta que busca preservar a cultura dos povos latino-americanos. "Desde o nosso primeiro manifesto, em 1995, nós procuramos apresentar uma unidade, algo que não seja individualista, algo que mostre que todos somos um só", contou a dirigente. Para ela, é preciso "colocar a mão na argila e ter consciência de que temos algo espiritual". "Os artistas indígenas dizem que a argila tem alma de mulher, aquela mulher mãe, primitiva, que nos dá o sustento permanentemente", completou.
Uma exposição de várias mãos e conhecimento das tribos equatorianas
A história por trás da exposição Pachamama Mãe Terra começa bem distante do Brasil. A artista peruana Lila Vasquez, formada na Universidad de Lima, após se graduar, decidiu imergir em tribos com ceramistas mulheres, no Equador. Lá, ela aprendeu as técnicas e, após um ano, trouxe o conhecimento para transmitir aos colegas do movimento Ir-mano. Ao todo, 16 artistas latino-americanos participaram da produção das peças que ficarão expostas até o dia 29 de novembro, na Ulbra.
Para a diretora de Extensão e Assuntos Comunitários, Simone Imperatore, o evento é um ato que se soma aos esforços constantes de promoção da diversidade na Universidade. "A Ulbra é precursora nesse tipo de projeto. É importante trazermos essa reflexão étnico-racial para dentro da comunidade acadêmica", ressaltou. Ela ainda adiantou que o tema exposto será tratado nas aulas dos cursos da Instituição. "Traremos esse diálogo aos cursos, onde os artistas e os expositores irão contar suas experiências nas tribos, fazendo um resgate dessas tradições ancestrais", garantiu.
Trabalho contínuo e maior visibilidade aos estudos étnico-raciais
Para a diretora Simone Imperatore, o trabalho em mostrar a origem dos povos latino-americanos é uma forma de também dar visibilidade a origem brasileira. De acordo com ela, a Instituição "trabalha a essência da cultura, e isso faz parte do nosso objetivo estratégico, que está no nosso Plano de Desevolvimento Institucional (PDI) e dentro da nossa política cultural". Além desses esforços, a Ulbra conta com um Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), desde 2014.
O reitor Ricardo Willy Rieth também esteve presente na abertura da exposição e lamentou que por muito tempo a cultura de outros povos tenha sido ocultada pelo homem branco. "Vivemos um passado de encobrimento, não de descobrimento. Essa exposição é a possibilidade das pessoas estarem em contato com uma cultura completamente diferente. Nos complementa, nos engrandece e nos enriquece", observou o reitor, que integra associações e comitês científicos no país e no exterior em áreas como História, Educação e Estudos Culturais.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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