Reconhecimento
Ulbra é a única IES privada do estado a conquistar Prêmio Capes de Tese
Trabalho de doutorado do PPGECIM foi escolhido em disputa nacional
A semana inicia com boas notícias para o Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIM) da Ulbra. Uma tese apresentada por uma doutoranda, no ano passado, foi premiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), na área de Ensino. Entre universidades privadas do Rio Grande do Sul, somente a Ulbra obteve o prêmio neste ano.
A conquista do Prêmio Capes de Tese 2019 reforça a excelência do PPGECIM da Instituição, que é avaliado com nota de excelência pelo órgão federal. Foram 1.140 candidaturas, recorde entre todas as edições do prêmio, sendo que apenas 49 teses poderiam levar o primeiro lugar. "Esse resultado vem em um momento que estamos com uma forte discussão sobre o modelo de universidade. Um dos itens principais desse processo de reestruturação pedagógica é formar profissionais que consigam transformar a vida das pessoas, seja com projetos comunitários ou de pesquisa, como foi o caso da tese feita pela nossa aluna", ressaltou o pró-reitor acadêmico Pedro Hernández.
Com o seu trabalho intitulado O Currículo de Matemática na Perspectiva Sociocultural: Um Estudo nos Anos Finais do Ensino Fundamental em Escolas Estaduais Indígenas de Roraima, a pesquisadora Luzia Voltolini imergiu em comunidades indígenas e buscou entender como poderia organizar uma proposta de aprendizagem adequada às necessidades e aos interesses dos povos indígenas daquela região. "A comunidade manifestava o seu interesse e a necessidade de adquirir os conhecimentos do currículo instituído, mas não queria abrir mão dos seus conhecimentos tradicionais. Essas questões me incentivaram a buscar meios de organizar uma nova proposta de ensino, mudando o discurso matemático", explicou a autora da tese.
Os desafios enfrentados por doutoranda e orientadora
Trazendo uma temática com uma realidade completamente diferente da vivenciada pela maioria de seus pares acadêmicos, Luzia e sua orientadora Carmen Teresa Kaiber precisaram entrar de cabeça no contexto em que aquelas pessoas estavam inseridas. "Eu fui à Roraima, visitei essas comunidades, pois eu estava em uma realidade bem distinta. Por mais que a orientação seja técnica, trazendo perspectivas teóricas, é importante captar todos os elementos", contou Carmen.
Em 2009, Luzia assumiu o cargo de professora de Matemática na educação básica, em Roraima, dando aula para alunos do ensino fundamental e médio. Segundo ela, atuar na educação escolar indígena foi uma experiência nova e desafiadora. "Até então, eu só tinha vivenciado o dia a dia em escolas do ensino básico do estado de São Paulo." No início, isso lhe causou desconforto e foi o gatilho que impulsionou sua dissertação de mestrado e, posteriormente, sua tese de doutorado. "Eu percebi que, devido às diferenças culturais, o meu trabalho não atendia às minhas expectativas, dos alunos e da comunidade", confidenciou.
O período em solo gaúcho e o resultado inesperado
Entre idas e vindas, a pesquisadora Luzia Voltolini permaneceu por dois anos em Canoas. Por aqui, ela se dedicou aos estudos das disciplinas de doutorado e na fundamentação de seu trabalho. "Após concluir as disciplinas, retornei à Roraima para realizar a pesquisa, porém ia com frequência à Ulbra para receber as orientações. Foram momentos de grande aprendizado", lembrou.
Surpresa com o prêmio, a docente disse que a construção da sua tese foi fundamental e contribuiu para a realização de um trabalho diferenciado na educação escolar do estado de Roraima. "É um estado que passa por um intenso processo de imigração, com diferentes povos, com aspectos socioculturais diferentes e bem específicos. Esse trabalho possibilita que todos interajam no mesmo ambiente escolar, diminuindo a exclusão social", comemorou.
"Estou muito feliz por ter o meu trabalho reconhecido. Agradeço aos professores do PPGECIM e, de forma muito especial, à professora Carmen, por ter acreditado que conseguiríamos fazer um trabalho precioso para o ensino no país, realizando mudanças significativas no espaço tão adverso como o estado de Roraima. Esse prêmio me motiva ainda mais, tanto para continuar estudando como para realizar o meu trabalho de modo que possa contribuir para que os jovens, principalmente os meus alunos, compreendam que a educação escolar nos possibilita grandes conquistas", finalizou.
Sobre a premiação
O edital do Prêmio Capes de Tese 2019 prevê o custeio de passagem aérea e diária ao autor e ao orientador da tese premiada, para que ambos compareçam à cerimônia que ocorrerá em Brasília. Além disso, os envolvidos no trabalho, incluindo o programa de pós-graduação, receberão uma certificação outorgada.
No caso de Luzia Voltolini, por se enquadrar nas áreas de Educação ou Ensino, a autora ainda receberá uma medalha, 15 mil reais da Fundação Carlos Chagas e uma bolsa de pós-doutorado da Comissão Fulbright, no valor de 16 mil dólares e duração de quatro meses. A orientadora receberá três mil reais para utilizar na participação de eventos acadêmico-científicos nacionais.
Confira o edital do prêmio e a lista com os vencedores em todas as áreas.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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