Combate ao câncer
Egresso de Química Industrial desenvolve moléculas inéditas anticâncer
Projeto com grande potencial está em fase de análises in vitro
O câncer é um dos grandes males que afetam a população mundial. Estima-se que, só no Brasil, mais de 300 mil homens e 280 mil mulheres tenham apresentado a doença em algum órgão, de acordo com dados de 2018 do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Esses dados reforçam a necessidade de pesquisadores que desenvolvam tratamentos eficazes e com efeitos colaterais reduzidos. O egresso do curso de Química Industrial da Ulbra, Vinícius Vendrusculo, acaba de dar um grande passo nessa direção. A partir de seu projeto, iniciado em 2013, ele traz descobertas que podem amenizar o sofrimento de quem precisa vencer essa batalha.
Graduado desde 2011, pela Ulbra, o pesquisador ingressou em 2013 no Programa de Pós-Graduação em Química da UFRGS. Ele lembra do primeiro contato com o tema que viria a ser sua pesquisa. "Conversei com alguns professores do programa e eles me apresentaram as linhas de pesquisa. Foi aí que conheci o professor Dennis Russowsky, que depois viria a ser o meu orientador, e ele me apresentou a ideia de unir dois diferentes núcleos moleculares com atividade biológica anticâncer já conhecida, com a intenção de formar moléculas inéditas com potencial para o tratamento do câncer", contou Vendrusculo.
Empolgado com a ideia, o até então estudante de mestrado dedicou-se durante três anos ao projeto que seria a dissertação que defenderia em 2016. Ele teve que desenvolver, juntamente com o grupo de pesquisas coordenado pelo seu orientador, a rota sintética (que seriam as etapas a serem realizadas) para a construção das moléculas, a escolha das estruturas que seriam construídas, a síntese, a purificação e a caracterização dos compostos. O trabalho árduo resultou na síntese de 19 moléculas inéditas com potencial atividade antiproliferativa contra células de câncer, também conhecido como potencial efeito anticâncer. Segundo ele, os resultados foram animadores. "A próxima etapa será a realização de ensaios mais específicos. Queremos entender o modo de ação destas moléculas na sua atividade antiproliferativa contra diferentes linhagens de células de câncer", explicou.
Longo caminho a ser percorrido
Apesar do grande avanço com sua pesquisa, Vinícius se mostra cauteloso. A animação é contida pela consciência de que ainda há um extenso processo até que seja possível transformar o projeto em um fármaco utilizável no tratamento de pessoas com câncer. "Existe essa possibilidade e por isso já realizamos o pedido de patente", adiantou. Para o pesquisador, medicamentos como esses poderiam amenizar problemas enfrentados em virtude de efeitos colaterais dos tratamentos atuais. "As moléculas demonstraram boa atividade contra linhagens de células de alguns tipos de câncer e, ao mesmo tempo, baixa atividade contra células não tumorais", resumiu.
Desafios na trajetória e parcerias que agregaram
Durante a entrevista, Vinícius ressalta que sua formação foi fundamental para que fosse possível alcançar os resultados necessários em sua pesquisa. "Minha trajetória na Ulbra foi essencial para chegar até aqui. O curso de Química é ótimo, e saí muito bem preparado do mesmo, tanto para a área industrial, como para a área acadêmica". Com 10 anos de experiência em indústrias, ele destacou que o conhecimento adquirido possibilitou as oportunidades de crescimento que veio a ter depois. "Hoje, sou professor efetivo do Instituto Federal Sul-rio-grandense, e me inspiro nos ótimos professores que tive na Ulbra para realizar meu trabalho da melhor forma possível", elogiou, citando o seu orientador do TCC, o professor Luiz Mazzini.
Além de agradecer à Instituição pelo aprendizado, Vinícius mencionou as parcerias que são essenciais para o processo de concepção de uma pesquisa científica. "É algo que exige muita pesquisa, esforço, tempo e trabalho. Sem parcerias, fica inviável. Contamos com a FURG, na concepção e síntese das moléculas. Já para os ensaios biológicos publicados no artigo, contamos com parceria da Unicamp", concluiu.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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