Seminário de Estudos Culturais
Liv Sovik fala sobre branquidade e racialização na abertura do 8º SBECE
Docente da UFRJ é referência na área de estudos culturais
A primeira noite do 8º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação (SBECE), nesta terça-feira, 25, foi marcada pela palestra da professora Liv Sovik, docente titular da Escola de Comunicação da UFRJ e referência em estudos culturais e relações étnico-raciais. Liv fez a conferência de abertura do evento realizado em parceria pelos programas de pós-graduação da Ulbra e da UFRGS, hoje coordenados pela professora Iara Tatiana Bonin e pelo professor Luís Henrique Sacchi dos Santos, respectivamente.
Assistindo na primeira fileira do auditório, o reitor da Ulbra, Ricardo Willy Rieth, exaltou o que chamou de "consolidação de um evento tradicional e renomado, que é sempre marcado por um número elevado de inscritos". Para o gestor, é fundamental que se promova o conhecimento e se fomente a pesquisa, principalmente diante do contexto atual da educação no país. Rieth também elogiou o convite da organização à professora Liv Sovik, que, segundo ele, já era figura muito conhecida pelas suas obras na área dos estudos culturais.
Realizado desde 2006, o SBECE surgiu com o objetivo de articular com pesquisadores da região, construindo redes de pensamentos e estabelecendo parcerias no campo dos estudos culturais. Representando o PPGEDU da UFRGS e a Reitoria da instituição pública, o coordenador do programa de pós-graduação, Luís Henrique Sacchi, não deixou de ressaltar que a realização do evento reforça a essencialidade das pesquisas científicas na área de ciências humanas e sociais. "Diante desse caráter de provisoriedade e incertezas, eventos consolidados como o SBECE, e que trazem pessoas do país inteiro, acabam fortalecendo a área", disse o docente.
Convidada faz apresentação com discurso forte
Com mais de 20 anos de experiência em estudos de identidades raciais, a convidada refletiu sobre as relações étnico-raciais e o racismo estrutural que afeta, entre outras áreas, a educação brasileira. Sovik fez duras críticas ao que chamou de "ataque às universidades e à pesquisa" no Brasil. "Me parece que as rodas ainda estão girando, mas a tentativa de pará-las é muito clara e violenta. O fato deste seminário existir há tanto tempo e continuar existindo é muito importante, pois os estudos culturais possuem um viés crítico que dói aos poderosos", disse, antes de subir ao palco.
A conferência de Liv Sovik girou em torno da definição do que é ser branco no Brasil, passando por uma discussão sobre a racialização e a construção do conhecimento nas universidades, que, na visão da professora, ainda é muito baseada em pensamentos europeus. "Há algum tempo comecei a pensar sobre formas, métodos e disciplinas de saber que não são ligadas à tradição européia, pois me parece importante abrir para outras formas de pensar com outras filosofias e ideias de realidade", explicou a pesquisadora.
Confira aqui a programação do evento, que se estende até esta quinta-feira (27).
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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