Atendimento às mulheres
Fórum do Naviv traz profissionais para debater violência doméstica
Tema foi tratado sob a ótica da Psicologia, Direito e Serviço Social
A noite desta quarta-feira, 5, foi marcada pelo debate e reflexão sobre as políticas de enfrentamento à violência doméstica. Reunindo profissionais da Psicologia, do Direito e do Serviço Social, o Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica (Naviv) promoveu seu fórum anual, que discute ações de combate, proteção e assistência às vítimas desse grave problema social.
Atualmente, o Naviv conta com 28 participantes, entre estagiários curriculares e voluntários. Atuando em escolas e na rede pública de atendimento às vítimas de violência doméstica do município, alunos e professores ajudam na redução dos danos causados às famílias afetadas. Com nova coordenadora, o projeto de extensão já se prepara para o período de seleção de novos participantes. A professora Maria da Graça Taffarel, responsável pelo Naviv e coordenadora do curso de Psicologia, frisou a dimensão das ações comunitárias que o Núcleo desenvolve na região. Segundo ela, "o projeto tem tomado proporção cada vez maior, ajudando a comunidade e preparando os alunos para o mercado de trabalho".
Diante da relevância de suas atividades, o grupo desenvolveu seu fórum em torno do debate sobre as interfaces da violência doméstica. Para falar sobre o assunto, foram convidados quatro profissionais: Queila da Silva Islam, bacharel em Psicologia e egressa do curso na Ulbra Canoas; Ana Cristina Schunemann, pós-graduada em Saúde Comunitária, com atuação em juizado da violência doméstica, serviço social judiciário; Priscila Lawrenz, doutoranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia pela PUC, componente do grupo de estudo sobre desenvolvimento humano, violência contra crianças e violência contra minorias sexuais e Gabriela Souza, pós-graduanda, com foco em atendimento dos direitos das mulheres, formação em direito e atuação em atendimento jurídico exclusivo para mulheres.
A difícil realidade das leis e suas aplicações
Apesar da amplitude do tema, as convidadas buscaram focar nos principais aspectos que dificultam a denúncia dos casos de violência doméstica. Advogada e sócia do primeiro escritório de advocacia feminista do Sul do país, Gabriela Souza disse que considera as leis brasileiras adequadas e que o problema está em sua aplicação. "A Lei Maria da Penha é considerada uma das três leis mais importantes do mundo. No entanto, ela prevê uma rede de apoio e essa rede não existe ou, se existe, é muito precária. Quando não é precária, relativiza a palavra da mulher, então se torna indispensável educarmos as mulheres, e não só elas, para que consigam identificar e saibam o que fazer quando detectar essas agressões", explicou.
A assistência à comunidade e a vivência prática dos alunos
Com experiência na assistência a casos de violência doméstica, Queila da Silva Islam fez parte do Naviv durante a sua graduação em Psicologia na Ulbra. Segundo a egressa, graças ao convívio e à prática no projeto comunitário foi possível ter uma dimensão do problema, identificar os déficits no atendimento às vítimas e se preparar melhor para o que ia enfrentar após concluir o curso. "Foi um trabalho desafiador lidar com a vulnerabilidade. Lidar com a violência doméstica mexe muito com a gente. Eu cresci muito e me abriu muitas portas. Eu saí daqui com a proposta de trabalho na área, a convite de uma das nossas professoras, inclusive", lembrou.
Coordenadora do curso, a docente Maria da Graça Taffarel deu ênfase à importância do envolvimento dos estudantes nos projetos de extensão. "Essa área de assistência às vítimas de violência doméstica ainda possui poucos profissionais, principalmente pela falta de experiência durante a graduação. E aqui, na Ulbra, os alunos podem conviver com essa realidade desde o 5º semestre, então isso dá uma bagagem muito interessante para eles seguirem nessa linha de atuação e entender essa sistemática", concluiu.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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