Lançamento nacional
Referência em minerologia, professor da Ulbra lança livros em São Paulo
Tese de pós-doutorado renderá o lançamento de coleção de 10 livros
Esta terça-feira, 23, será mais um marco na carreira acadêmica e literária de Paulo César Pereira das Neves, professor da Ulbra. O docente lançará mais um exemplar da sequência de livros denominada Enciclopédia dos Minerais do Brasil. Serão dois lançamentos que compõem a coleção: Tectossilicatos (6ª edição) e Elementos Nativos e Halogenetos (1ª edição), principal "astro" da tarde. Os exemplares foram publicados pela Editora da Ulbra e o evento será realizado na Universidade de São Paulo (USP), às 16h, no Museu de Geociências da instituição paulista. As obras envolvem uma abordagem ampla da catalogação e descrição minuciosa de todas as ocorrências mineralógicas até hoje conhecidas em nosso país.
O desenvolvimento e difusão dos exemplares ocorreram como produtos finais de uma tese de doutorado, defendida por Paulo, que perdurou por aproximadamente 10 anos. O professor destaca que, como o estudo era muito extenso, demandou um tempo de pesquisa considerável. "Esse livro é produto do meu pós-doutorado, que na realidade são 10 livros que foram e serão produzidos. Alguns já foram lançados e há uma ideia de lançar os demais nos próximos anos", adiantou.
Como descrito no prefácio da obra, a Enciclopédia dos Minerais do Brasil representa a maior compilação de minerais realizada em todos os tempos. "Somente agora os pesquisadores e estudantes do país poderão ter uma ideia mais precisa do nosso universo mineral. Os livros cobrem um amplo espectro de informações sobre nossos minerais, incluindo suas ocorrências, associações de minerais e rochas, além da caracterização das propriedades químicas, físicas e cristalográficas", ressaltou o autor. Dessa forma, Paulo e os geólogos coautores desenvolveram um estudo ímpar, que possibilitará o preenchimento de diversas lacunas existentes na Geologia.
Seu trabalho, defendido em 2013, sob supervisão do professor-doutor Daniel Atencio, tem como tema Minerais do Brasil: Quais são? Quantos são? Onde estão?, que, segundo Paulo, foi um dos mais importantes projetos que desenvolveu, tanto pelo tempo de produção quanto pela relevância ao segmento de pesquisa mineralógica brasileira. "O tempo passou e a paixão pela mineralogia não diminui. Já faz 60 anos que eu me dedico a esses estudos. O desenvolvimento da série de livros, pós-defesa da minha tese, representou muito pra mim", contou o professor. Ele ainda destacou a complexidade do trabalho e a relevância a nível nacional. "É importante e é necessário. Fizemos um estudo aprofundado sobre o assunto, entrando até mesmo a parte etnográfica, voltado para as tribos indígenas, para saber o que eles utilizavam, por exemplo", concluiu.
A carreira e a paixão pela Geologia
Apaixonado desde a infância pelo universo dos minerais, Paulo conta que passava horas de seu dia analisando os componentes da areia, despertando sua curiosidade para as formas que envolveriam aquele fenômeno, até então desconhecido para ele. "As primeiras imagens que eu tenho são do rio que passava na minha cidade, o rio Vacacaí, que na época era uma coisa linda de se ver, e eu me interessava muito pelas areias. Ficava olhando elas brilharem no sol, o dia todo observando, coletando e vendo as diferenças entre os grãos", relembra. O professor ainda recordou a relação que tinha com a profissão que escolheu. Segundo ele, desde os 5 anos de idade, eu já dizia em casa que seria geólogo. Me perguntavam o que era e eu dizia não saber, mas que seria a minha profissão".
Perseguindo seu sonho, Paulo graduou-se em Geologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em 1986, e prestou doutorado em Geociência pela UFRGS. O projeto de pós-doutorado, concluído no Instituto de Geociência da USP, foi uma das maiores conquistas do docente, que destacou que "para desenvolver esse estudo, eu li quase toda a bibliografia existente no Brasil, uma base de mais de 10 mil artigos científicos voltados para a área de mineralogia, além de livros. Foi um trabalho insano, mas que promoveu uma satisfação imensa", disse.
Ao ser questionado sobre a escolha da temática para a defesa de sua tese e o futuro desenvolvimento da série literária, Paulo aponta a falta de mapeamento dos minerais brasileiros e a necessidade desse estudo para área da mineralogia. "Desenvolvi porque não existia um cadastramento de todos os minerais que existem no Brasil. Começamos a fazer a pesquisa, analisando desde 1500 até os dias de hoje", explicou.
Para ele, após tantos anos dedicados ao estudo e à pesquisa, bem como à vida acadêmica, além da já publicação de seis exemplares da série de livros mencionada, a aposentadoria de aproxima e a vontade é de descanso. "Depois de tanto me esforçar à pesquisa acadêmica, eu quero descansar. Claro, terminar o lançamento dos livros que ainda faltam e depois viajar, tentar me desligar um pouco da mineralogia. O que não será fácil, pois eu vivi para isso a minha vida inteira praticamente", concluiu o geólogo.
Veja mais detalhes da entrevista
Será feito algum lançamento fora de São Paulo?
Desde 2013, quando foi publicado o primeiro livro, lançamos na Feira do Livro de Porto Alegre e, posteriormente, lá na Universidade de São Paulo (USP). Sempre são realizados dois eventos, um aqui e outro lá. Em São Paulo, porque foi onde fiz o pós-doutorado, e é onde está o pessoal que me orientou e ajudou na construção do projeto. Acabamos, dessa forma, fazendo uma parceria. E lá é mais nacional, enquanto aqui é mais voltado para o público regional.
Qual o senhor julga ser o público-alvo de consumo dos livros?
Esse livro é uma das contribuições mais importantes feitos no Brasil, voltado para essa área. Mas o público é bem restrito, pois foi criado para pessoas com um conhecimento prévio sobre o assunto e, dentro dessa categoria, para pessoas que estudam e gostam de minerais. Portanto, é um público-alvo bem específico, justamente por se tratar de um estudo técnico e complexo.
Quanto tempo o senhor dedicou a este projeto?
Há 12 anos eu desenvolvo esse projeto de estudo. É uma coisa que a gente sabe quando inicia, mas não sabe quando vai terminar. Ainda faltam quatro anos para a conclusão final do projeto. Em agosto, estou me aposentando, vou terminar os estudos que faltam para finalizar os lançamentos da sequência dos livros e depois quero viver um pouco. Esse estudo absorve a gente de uma maneira inexplicável, eu deito na cama pensando nisso. E como eu já dei a minha cota de contribuição para a área mineralógica brasileira, está na hora de descansar um pouco.
Emily Bilhan
Estagiária de Jornalismo da Ulbra Canoas
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