Semana da Consciência Negra
Palestra aborda crescimento do mercado afro-empreendedor
Ação integra a programação da Semana da Consciência Negra
A noite desta quarta-feira, 21, foi reservada ao debate sobre questões raciais e incentivo ao empreendedorismo. O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) convidou duas empreendedoras para contarem suas experiências e os desafios enfrentados pela população negra que tenta montar seu próprio negócio. Mariana Ferreira, diretora do Reafro no Rio Grande do Sul, dividiu a fala com a empresária Liliane Moraes, proprietária do projeto Maraia's Bonecas de Pano. A mediação ficou a cargo da professora do curso de Administração EAD, Marie Rocha.
Primeira a palestrar no evento, Mariana contextualizou a luta histórica da população negra que foi escravizada e, posteriormente, libertada sem garantias de condições de sobrevivência adequadas. Na visão dela, foi algo muito mal conduzido e que traz reflexos na sociedade brasileira até hoje. "Aboliram a escravatura, mas não permitiram que esse povo tivesse acesso à terra, a estudo e outros direitos básicos do ser humano", disse a palestrante. Segundo ela, foi a partir daí que o afro-empreendedorismo nasceu. "Eles precisaram buscar suas próprias alternativas de sustento, passaram a empreender pela necessidade imposta pela sociedade escravagista", concluiu.
Após a reflexão sobre o contexto histórico, Mariana exibiu alguns vídeos para exemplificar como o racismo permanece vivo no mercado de trabalho e muitas vezes não percebemos. Na sequência, ela explicou sobre o movimento intitulado Black Money, que nasceu nos Estados Unidos e tem como principal lema a frase "se não me vejo, não compro". Esse movimento começou a ganhar força no Brasil, onde quase 54% da população é negra e movimenta mais de 1,5 trilhões de reais anualmente. A ideia é mudar a política social por meio do consumo, onde as empresas se obrigarão a criar produtos com representatividade negra para que essa população continue comprando.
O aluno de Jornalismo, Alisson Pires, diz que o "evento é muito importante pelo momento vivido no país, pela intolerância e toda desigualdade racial que persiste há séculos". Para ele, é interessante a forma como a população negra vem se reinventando no mercado de trabalho. "É perceptível que há um grande esforço para passarem por essas barreiras impostas pela sociedade, principalmente quando buscam empreender e inovar", destacou o acadêmico, que concorda que ainda há o chamado privilégio branco.
Bonecas do empoderamento e da representatividade
Diante do dilema enfrentado por crianças negras que não se sentiam representadas e não viam personagens com a cor semelhante a sua nas lojas, a empresária Liliane Moraes teve a grande ideia de confeccionar bonecos e bonecas de pele negra. Com o intuito inicial de ser um presente, o trabalho agradou e a demanda fez Liliane abrir uma empresa e tornar isso o negócio da sua vida. Aliando empreendedorismo com responsabilidade social, ela produz os mais diversos bonecos e bonecas baseados em personagens historicamente brancos. Todos com a pele negra.
Estudante de Psicologia, Liliane encontrou formas de utilizar o que aprende e aliar ao seu negócio. "Todo trabalho tem uma história por trás, possui um contexto. Aquele boneco ou boneca serve para dar mais autoestima, mais representatividade para a pessoa que recebe", disse a empresária, que também realiza trabalhos voltados às crianças com câncer, doando bonecas sem cabelo.
Leonardo Magnus
Jornalista Mtb 19305/RS
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